Originalidade?

Minha história se fez e se refaz com resquícios de tudo que encontra minhas circunstâncias. O que se apresenta para minha representação pode (ou não), em maior ou menor relevância e intensidade, ser incorporado à forma com que entendo o mundo.
As tintas com as quais pinto as telas da minha existência são variadas. Algumas cores já foram utilizadas por muitos outros artistas e integram minhas obras por serem ainda vivas, intensas; outras matizes, por sua vez, são inéditas, mesclas de algumas cores que ninguém antes havia ousado em compor.
Se alguém sentir-se lesado por algum escrito, favor me comunicar por e-mail que tentaremos resolver isso.
Divirta-se ou se entristeça.
Boa viagem!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Não é do Baú, mas é do Raul

Uma puta música do saudoso e eterno Raul Seixas.
Canto para minha morte
"Eu sei que determinada rua que eu já passei não tornará a ouvir o som dos meus passos.
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos e que nunca mais eu vou abrir.
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez.
A morte, surda, caminha ao meu lado e eu não sei em que esquina ela vai me beijar.
Com que gosto ela virá? Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer? Ou será que ela vai me pegar no meio de um copo de uísque? Na música que eu deixei pra compor amanhã? Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro? Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada e que está em algum lugar me esperando, embora eu ainda não a conheça?
Vou te encontrar vestida de cetim, pois em qualquer lugar esperas só por mim. E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo, mas tenho que encontrar.
Vem, mas demore a chegar. Eu te detesto e amo morte. Morte, morte que talvez seja o segredo dessa vida.
Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida, existem tantas: um acidente de carro, o coração que se recusa a bater no próximo minuto, a anestesia mal aplicada, a vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida, o câncer já espalhado e ainda escondido ou até, quem sabe!?, um escorregão idiota numa tarde de sol e a cabeça no meio fio.
Ó morte, tu que és tão forte, que matas o gato, o rato e o homem. Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar.
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva. E que essa erva alimente outro homem como eu, porque eu continuarei nesse homem e nos meus filhos, na palavra rude que eu disse pra alguém que eu não gostava e até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite."

Vai vendo... Ela se aproxima a cada milésimo de segundo.
E como diz um ditado "ninguém fica para semente".
Abraço.

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