Originalidade?

Minha história se fez e se refaz com resquícios de tudo que encontra minhas circunstâncias. O que se apresenta para minha representação pode (ou não), em maior ou menor relevância e intensidade, ser incorporado à forma com que entendo o mundo.
As tintas com as quais pinto as telas da minha existência são variadas. Algumas cores já foram utilizadas por muitos outros artistas e integram minhas obras por serem ainda vivas, intensas; outras matizes, por sua vez, são inéditas, mesclas de algumas cores que ninguém antes havia ousado em compor.
Se alguém sentir-se lesado por algum escrito, favor me comunicar por e-mail que tentaremos resolver isso.
Divirta-se ou se entristeça.
Boa viagem!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Renato, Cazuza, Everton, morte...

Às vezes me pego pensando em algo que não nos ensinam: a morte. Isso mesmo! Eu costumo pensar nesse decréscimo de vida. Ora, queira ou não, a cada segundo que passa temos menos tempo de vida. É como uma torneira aberta. No início, logo que aberta, ela jorra água com força, mas, mais cedo ou mais tarde, os pingos ficam fraquejantes, escassos até que não caia mais nem uma gota sequer.

Não aprendemos a lidar com isso na escola, nas rodas de amigos, nos grupos de estudos e me parece que em nenhum outro lugar. Só que, de repente, ela chega sem pedir licença e "boom"! Lá se foi um amigo, uma pessoa querida, um familiar, uma pessoa próxima, etc. e tal.

O duro nisso tudo é que ninguém jamais retornou do quer que seja a morte para dizer o que ela é ou o que ela não é (exceto o caso da literatura cristã e algumas outras historinhas que se encontram espalhadas por aí).

Nesses meus momentos de reflexão, uma música fica vagando pela minha cabeça. Olha só os trechos que deixo aqui:

"É tão estranho, os bons morrem jovens; assim parece ser quando me lembro de você, que acabou indo embora cedo demais".

Mais adiante:

"É tão estranho, os bons morrem antes; me lembro de você e de tanta gente que se foi cedo demais...".

Renato Russo compôs essa canção que ficou eternizada com a Legião Urbana.

Por sinal não sou o primeiro e nem serei o último a pensar na morte, a refletir sobre ela e a sofrer com o vazio que ela deixa nas pessoas que continuam sua trajetória terrena.

E farei isso até que meus dias findem, até que eu saiba o que é essa minha companheira desconhecida. Como, quando, onde e porque será eu jamais saberei, mas eu vou morrer um dia. Até esse dia não chegar eu continuo com minha saga cantando como Cazuza:

"Vida, louca vida, vida breve; já que eu não posso te levar quero que você me leve".

Abraço a todos.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Uffa! Acordei.

Algo havia me arremessado.
A queda era de um lugar alto demais.
A velocidade que eu caia era muito grande e, mesmo assim, eu não tocava o chão.
Eu não sentia nada.
Eu não enxergava.
Eu não ouvia.
E continuava caindo, caindo, caindo...
Até que meu despertador tocou.
Sim, o despertador!
Eu estava sonhando. O sonho foi interrompido com o barulho do despertador.
Assustado, olhei pela janela e percebi que o dia estava ensolarado.
Eu me toquei para ver se de fato havia sido um sonho.
Me toquei novamente para ter certeza de que acabara de acordar.
Sim, eu havia sonhado e acabara de acordar.
Levantei tropeçando em meus calçados espalhados pelo quarto antes de olhar-me no espelho e ver minha cara amassada.
Dei uns tapas em meu rosto.
Uffa! Acordei.
Sonhei que era uma meleca de nariz, um 'tatu' amassado e jogado cama abaixo.
Nunca imaginei que o caminho entre a cama e o chão fosse tão enorme. Tampouco pensei que tal trajeto pudesse trazer uma sensação tão maluca quanto a que tive enquanto eu é que caia, enquanto eu não sentia nada, enquanto eu não enxergava, enquanto eu não ouvia, enquanto eu era o 'tatu'.
Uffa! Acordei.
Vou ter sempre comigo lenços ao lado da cama.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Ensaio Sobre a Cegueira I

Costumamos, na maioria das vezes, dar primazia aos sentidos e aos prazeres que deles decorrem. Mas quantos de nós já fizeram algum exercício hipotético no qual nos falta um deles? E como seria a nossa vida se, subitamente, fôssemos tomados, por exemplo, por uma cegueira?

No livro de José Saramago intitulado Ensaio Sobre a Cegueira, o escritor português descreve uma situação que envolve o leitor do início ao fim, na qual um surto de cegueira assola uma cidade inteira. Não vou aqui contar tudo o que se passa na história, senão perde a graça. O bom mesmo é visitar as páginas do livro. Mas para quem não gosta muito de ler, tem o filme da obra, que leva o mesmo nome. Mesmo não contemplando todos os elementos que há no livro, o filme é uma boa dica.

Nos próximos dias postarei mais uma reflexão sobre esse tema. A partir da leitura da obra ou do filme, farei observações acerca da única mulher que podia ver (droga!, contei mais um detalhe)...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Memória ou digital?

Grandes feitos merecem ser registrados. E cada pessoa registra da forma que lhe é relevante.

Há quem prefira curtir o momento e nem dá importância em registrar. Inversamente também ocorre, ou seja, muitos não contemplam o momento e só se preocupam em clicar fotos e mais fotos do que quer que seja (ou vídeos, claro). A era digital nos mostra cada vez mais adeptos desta última hipótese. A impressão que tenho é que para tais pessoas mais vale os outros saberem que se fez algo ou que se foi a algum lugar. Daí vão fotos e vídeos para blogs, sites de relacionamento, etc. e tal.

Na minha concepção, o registro mais significante é aquele que fica na memória, não da câmera digital, mas da pessoa.

Sei que é bacana compartilhar com os demais os bons momentos vividos, mas minha maior alegria é rememorar o que vivi e poder regozijar-me com isso.

Não estou querendo sobrepor uma maneira de ser à outra. Apenas estou elucidando que, para mim, na maioria das vezes, o que é determinante é o registro na memória. Se para você o que importa são as fotos e demais registros que podem ficar para a posteridade, aproveite os recusros digitais e compartilhe com quem você bem entender.



Abraço.

sábado, 5 de setembro de 2009

Canibalismo? Neste caso, a favor!

Sábado...
Depois de uma manhã de atividades a tarde estava convidativa para ver um filme.

O escolhido da vez foi "Vivos", produzido em 1993. Trata-se de um drama que relata a história verídica da queda do avião que trasportava um grupo de jogadores uruguaios de rugby, no ano de 1972, em pleno inverno andino.

Na queda, alguns tripulantes tiveram suas vidas interrompidas. Entre os sobreviventes, vários estavam feridos gravemente. Sem perspectiva de serem resgatadas, enfrentando o frio e a escasses de água e de comida, as pessoas viam-se a cada hora mais desesperadas. Com o passar dos dias, muitas delas padeceram. Restaram 16 sobreviventes ao final da história, que somou 10 semanas de sofrimento.

A reflexão que mais me instigou foi o fato de só haver sobreviventes graças aos atos de canibalismo. Aham, isso mesmo! Logo após a queda, alguns mantimentos deram sustância às pessoas. Porém, a comida logo acabou. Por volta do nono dia, a solução encontrada pelo grupo foi comer carne dos semelhantes mortos na queda. A princípio alguns se recusaram alegando questões religiosas, culturais, étnicas... Mas a fome era tanta que todos acabaram se rendendo a esta hipótese.
Neste caso, a necessidade foi maior do que qualquer outro aspecto considerado pelas pessoas envoltas àquela situação. Cito um trecho de uma música do Gabriel, O Pensador, que ilustra bem isso, na qual o músico nos fala que "a necessidade é maior que a moral".

Pois bem, submetido às mesmas circunstâncias em que encontravam-se aquelas pessoas, qual a atitude que você tomaria? O que você estabeleceria como critério para decidir se comeria ou não a carne das pessoas mortas no acidente? E mais, independente de ter comido ou não, como você ficaria após a sucessão de tais eventos?

Cada qual com suas considerações, afirmações, incertezas, dúvidas...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Offer - Alanis Morissette

Viva! Ao seu estilo, da sua forma.
Aprenda a dar valor às pequenas coisas. Elas podem fazer uma enorme diferença em sua vida.
Contemple as belezas da natureza. Ela não cobra nada em troco de se deixar apreciar.
Quando cair, se refaça e levante-se.
Muita paz e muita luz para todos.
Abraço.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Ouça, por favor*

"Quando peço para você me ouvir e você começa a me dar conselhos, não está fazendo o que eu pedi.
Quando peço para você me ouvir e você começa a me dizer por que eu não deveria me sentir assim, está ferindo os meus sentimentos.
Quando peço para você me ouvir e você acha que precisa fazer alguma coisa para resolver o meu problema, você não me ajudou, por mais estranho que pareça.
Não fale nem faça – apenas ouça.
Conselhos são baratos. Com pouco dinheiro, você compra uma revista, um jornal ou um livro cheios de conselhos. E isso eu posso fazer por conta própria. Não sou incapaz.
Talvez me desanime e hesite com freqüência, mas não sou incapaz.
Quando você faz por mim alguma coisa que eu posso e preciso fazer por conta própria, você contribui para o meu medo e para a minha insegurança.
Mas, quando você aceita como um fato natural que eu sinta o que sinto, por mais irracional que seja, aí eu não preciso me preocupar em convencer você e posso tentar entender o que está por trás desse sentimento irracional.
E, quando isso estiver claro, as respostas serão óbvias e não precisarei de conselhos.
Sentimentos irracionais fazem sentido quando entendemos o que está por trás deles.
Talvez seja por isso que rezar funciona às vezes para algumas pessoas – porque Deus é mudo e não dá conselhos, nem tenta consertar as coisas.
Deus apenas ouve e deixa você descobrir as coisas por conta própria.
Então, por favor, ouça, apenas ouça.
E, se quiser falar, espere um pouco a sua vez – e eu ouvirei você".

*Texto literal, extraído do livro ‘Histórias para Aquecer o Coração dos Adolescentes’, lançado em 2005 pela Editora Sextante. Os organizadores do livro são Jack Canfield, Mark Victor Hansen e Kimberly Kirberger. O texto não possui autoria conhecida e consta no livro como ‘Autor Desconhecido’.

Bacana, né!?
Ouvir, estar aberto ao que a outra pessoa diz com sua linguagem falada. Porém, escutar é algo mais profundo, que vai além do nosso aparelho auditivo. Para escutar precisamos nos despir de tudo o que temos como verdade (o máximo que podemos, pois totalmente é impossível). A escuta é uma arte e por meio dela captamos os gestos, as expressões, a respiração, os suspiros, as falas, os silêncios, as lágrimas, os sorrisos...
Exercitemos nosso ouvir para podermos aprimorar nossa escuta: eis um desafio para demonstrarmos afetividade pelo outro, eis uma lição de amor.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Buscas

Frequentemente as pessoas traçam metas para si próprias. Algumas querem seguir determinada profissão; outras preferem o caminho dos estudos; há quem almeje constituir família; e, também (mesmo que isso seja pouco frequente e notado), existe quem vive sem fazer plano algum para sua vida. A estes projetos, planos, metas, sonhos, denominamos Buscas, que, grosso modo, são os caminhos existenciais que a pessoa pretende concretizar ao longo de sua vida.
Algumas buscas podem sofrer força coercitiva de vários fatores, tais como as emoções, o raciocínio, os valores, as paixões dominantes, as abstrações, entre tantos outros que poderíamos aqui enumerar. Ademais, a acomodação de uma busca na malha intelectiva da pessoa pode não ser tranquila, tornando sua efetivação impossível em alguns casos, justamente devido a estas relações com outros aspectos.
Uma reflexão breve pode nos indicar se as buscas, os projetos de vida que temos, são mesmo nossas ou foram influenciadas pela família, pela fé, ou por outro fator. Isso pode ser útil para analisarmos os chavões, os ditos populares que trazem regras prontas de convívio. Como exemplo, trago um muito aplicado em livros de auto-ajuda, que diz “nunca desista de seus sonhos”. Em alguns casos, este impulso, esta excitação de não desistir pode ser o que permite que a pessoa siga seu caminho em paz e sinta-se bem com isso. Porém, para outras ocasiões isso pode ser justamente o que deixa a pessoa mal, pois a máxima pode entrar em conflito com algo que não condiz com o contexto todo a que a busca está submetida.
Além das possibilidades citadas acima, pode ocorrer que a pessoa sinta-se realizada somente enquanto busca algo, passando a desprezar ou atribuir valor diferente àquilo que conseguiu, com muito empenho, conquistar. Como exemplo, você pode pegar aquele seu amigo que estava super bem enquanto buscava conquistar a pessoa amada, mas que, tão logo conseguiu conquistar o que almejava, entristeceu, ou mudou, ou percebeu que a relação não era como ele havia planejado. Creio que há alguém assim entre seu círculo de amizades.
Como estamos abordando o assunto da perspectiva da Filosofia Clínica, ficou explícito que as maneiras de cada pessoa de existir no mundo em relação às buscas, como em todo o resto, alongam-se ao infinito. Os modelos pré-estabelecidos e os padrões de comportamento têm pouca ou nenhuma relevância no processo da clínica filosófica, pois o que se toma como ponto de partida é a representação da pessoa que está buscando a terapia. Assim, o filósofo clínico saberá, através da historicidade de quem procura seus serviços e dos mecanismos inerentes à prática terapêutica, quais são as buscas que a pessoa tem, de onde elas se originaram, as possibilidades de efetivá-las, como fazer isso e tudo mais.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Por detrás de nossas ações (Ajudar ou não? Como fazer isso?)

A seguir, texto que escrevi há algum tempo - o título é o mesmo da postagem. Pode parecer falta de criatividade postar minhas antigas produções, mas, pelo contrário, quero compartilhar com quem não teve acesso.

Alguma vez você tentou ajudar alguma pessoa e tal lhe pareceu faltar com educação para retribuir teu esforço, ou se negou a receber sua ajuda? Se a resposta é positiva esta leitura lhe será mais familiar, se negativa aproveite essas linhas como conselhos para não se decepcionar caso isso venha a lhe acontecer futuramente.
Bem, há pessoas que querem abraçar o mundo e apresentar decisões para os problemas de quem quer que seja. Aí surge um detalhe que deve ser levado em conta: as decisões apresentadas por uma pessoa para os problemas de um semelhante são vistas, em muitos casos, à partir da representação de mundo da primeira, sendo que tal não sabe, de fato, o que está se passando com quem tanto anseia ajudar. Por isso, há algo que em Filosofia Clínica se chama Recíproca de Inversão, ou seja, um movimento intelectivo de ir ao mundo da outra pessoa, que auxilia na percepção de tudo o que está envolto na situação, além de contextualizar os dados atuais de acordo com a história da pessoa que se quer ajudar. Assim, pode-se chegar à conclusão de que nem sempre o que parece ser a solução seja, de fato, a solução para aquilo que aflige a outra pessoa.
Não há nada de errado em admitir algumas incapacidades do ser humano frente a algumas situações. Queira ou não, cada pessoa tem limitações que não a possibilitam realizar algo no decorrer desta jornada terrena. Às vezes essa tentativa aleatória de ajudar, calcada em pré-juízos e desconsiderando a história da pessoa, pode levar a problemas ainda maiores. Em algumas situações a ajuda consistirá em não tentar ajudar, pois nesta ânsia de fazer algo por alguém pode-se estar fazendo justamente o que irá ferir ainda mais a alma da pessoa. Isso porque o que sai de nós enquanto expressividade (aquilo que expressamos) nem sempre recebe o mesmo significado por parte da pessoa que está em interseção conosco. Além disso, sem a historicidade da pessoa sabe-se pouquíssimo acerca daquela criatura a quem se está disposto a auxiliar e, assim, corremos o risco de afrontar seu modo de ser se algo sair equivocadamente.
Então, dito isto, surge que cada pessoa possui suas formas de resolver seus problemas e algumas pessoas não toleram que alguém outro apresente possibilidades para uma resolução. Além do mais, é muita pretensão querer que as formas de resolução dos problemas dos outros sejam iguais ou semelhantes às nossas. Claro que há um grande sinal de humanidade em tentar auxiliar alguém, porém quem o faz deve ter ciência e pureza de espírito para saber o que fazer, quando fazer, a forma de fazer e isso se torna mais coerente com a historicidade da pessoa a quem se está prestando tal auxílio. Cada situação exigirá algo que pode ser um abraço, um sorriso, algumas palavras, uma caminhada no bosque, uma música, entre tantas outras coisas. Para tanto, vale lembrar que se deve considerar a maneira de ser do outro, sua representação de mundo e sua história, para que não haja afrontamentos e feridas ainda maiores.
Lidar com gente pressupõe, no mínimo, isso, essa cautela, esse cuidado. Ora, máquinas podem ser quebradas, consertadas; pedras podem ser chutadas, batidas; mas trabalhar com o ser humano é algo muito mais complexo que julgamos ser. Ajudar, sim, mas com paz de espírito para que a situação não perpetue a dor de nosso semelhante. Os resultados às vezes demoram, outras vezes nem vem, outras vezes ocorre algo que não imaginávamos... Saber disso é indispensável. Aprender com isso é sinal de sabedoria.