Originalidade?

Minha história se fez e se refaz com resquícios de tudo que encontra minhas circunstâncias. O que se apresenta para minha representação pode (ou não), em maior ou menor relevância e intensidade, ser incorporado à forma com que entendo o mundo.
As tintas com as quais pinto as telas da minha existência são variadas. Algumas cores já foram utilizadas por muitos outros artistas e integram minhas obras por serem ainda vivas, intensas; outras matizes, por sua vez, são inéditas, mesclas de algumas cores que ninguém antes havia ousado em compor.
Se alguém sentir-se lesado por algum escrito, favor me comunicar por e-mail que tentaremos resolver isso.
Divirta-se ou se entristeça.
Boa viagem!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Por um 2015 mais do caralho do que foi 2014

Já tomei banho de chuva no último dia do ano. 
E já tomei banho de champanhe na madrugada da virada.
Já vesti cuecas e camisetas de várias cores. 
Inclusive já passei sem essas peças de roupa.
Já usei tênis novinho, tênis batido, havaianas e até experimentei os pés descalços.
Já fiz simpatia de pegar em grana, comer variedades de frutas, mostrar a bunda para a lua, etc e tal.
Já enchi a cara de bebidas e chorei. 
Quando não bebi nada, chorei assim mesmo.
Já fiz mil e um planos e resoluções. 
E também não planejei sequer o que comeria no dia seguinte.
Já mandei sms em massa para amigos e conhecidos. 
E liguei para os do coração, claro.
Enfim, quem nunca, né!? Isso é meio que de praxe para muita gente em se tratando de virada de ano.
Para o réveillon que se aproxima, não planejei nada. 
Vai ser tudo ao natural, de forma espontânea, sem muita frescura.
E, diferente das outras vezes, não vou desejar um feliz 2015 com adjetivos mil. 
Apenas vou desejar que seja um bom ano, cheio de saúde e que se possa ser o que se é. 
Direto e reto.
E vou emanar energias positivas para que você possa gozar das coisas boas da vida e enfrentar de cabeça erguida e de peito aberto o que está por vir. 
É isso que está implícito no meu "feliz 2015!"
Para mim, está de bom tamanho se os dias do meu ano tiverem café, alguns minutos de música e outros de leitura e algumas construções compartilhadas com pessoas que tenho o privilégio de encontrar pelo caminho.
O resto eu dou um jeito.
Assim vou me despedindo de 2014 e firmando para entrar em 2015.
Seguimos...  

sábado, 27 de dezembro de 2014

O que habita minha alma

Na madrugada passada, lendo um texto do Rubem Alves chamado A alma é música, destaquei o seguinte: "a alma, no seu lugar mais fundo, está cheia de música." No mesmo momento me veio à cabeça uma música que ouvia com meu pai. Essa lembrança foi instantânea. A fita k7 branca, o rádio toca fitas preto com o botão de apertar para dar play e o de girar para dar volume, a estante onde o rádio ficava, a sala na antiga casa de madeira, entre tantos outros detalhes que saltaram à memória. Momento nostálgico.
***
Isso me remeteu também à teoria platônica da reminiscência, que afirma que aquilo que aprendemos já está em nós, ou seja, estamos apenas rememorando algo que nossa alma já havia apreendido. A alma, por ter habitado o mundo inteligível, onde se contemplam as verdades absolutas, mesmo agora fazendo morada no mundo sensível, onde tudo é cópia imperfeita daquele outro, tem a capacidade de resgatar aquilo que antes foi contemplado, que, portanto, já está em nós.
***
 A canção que lembrei é Shiny Happy People, do R.E.M. Ela fala de amor, de cuidado, de pessoas felizes dando as mãos e rindo.
Tenho a impressão que minh´alma deslumbrou muitas maravilhas no mundo inteligível. E é um prazer inominável quando eu resgato essas lembranças que já estão em mim, como nesse caso.
***
Seguimos...


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Celebrando o presente, preparando o futuro

   O filósofo Mário Sérgio Cortella é reconhecido internacionalmente em virtude de sua consistente trajetória acadêmica, suas publicações, palestras e participações em programas de rádio e televisão. Os noventa minutos de apresentação dessa personalidade, proporcionados pelo Sicredi Região da Produção na confraternização do último sábado, dia 06, deram uma mostra do potencial desse mestre na arte de ensinar. 
     Logo no início de sua fala, Cortella deu uma bela definição de cooperação. Como não sabemos tudo, juntamos o pouco que sabemos com o pouco que outras pessoas sabem e o resultado disso é o crescimento de todos que estão nesse processo. Se cada um ficasse somente com o já sabido, ficaríamos estagnados. Como já disse o poeta inglês John Donne “nenhum homem é uma ilha”. Portanto, esse movimento de compartilhar o que se sabe é essencial e se encaixa perfeitamente como definição de cooperação.
     Passeando por diversos contextos e situações, o filósofo refletiu com a plateia sobre a importância de comemorar o presente e planejar o futuro, título do trabalho daquela manhã. Para tanto, elencou quatro conceitos indispensáveis para o sucesso nessa empreitada, que cito a seguir.
    A humildade, da origem etimológica “humus”, terra fértil, onde tocam os pés, nada tem a ver com subserviência. É a postura de nos reconhecermos como pequenos para, então, vislumbrarmos a possibilidade de engrandecimento; é sabermos que não sabemos tudo e buscarmos saber cada vez mais.
    A coragem, que não é sinônimo da ausência de medo, também é importante. Termos coragem significa enfrentarmos o sentimento do medo, planejarmos seguir adiante na caminhada mesmo com as dificuldades e situações que nos colocam diante do inesperado. Nesse sentido, muitas de nossas conquistas são frutos de nossa coragem, não meramente destino. Basta olharmos para nossa história para identificarmos contextos em que, como diz o dito romano, “a sorte segue a coragem”. Se não tivéssemos tido coragem, talvez não estivéssemos na situação em que nos encontramos atualmente.
    A ambição é outro conceito que devemos ter em mente. Ambição é querer mais e melhor, bem diferente da ganância, que é querer tudo para si. Ao sermos ambiciosos estamos considerando não apenas nosso ego. Ambicionando, disponibilizamos nossas conquistas para toda a sociedade e não agimos meramente guiados pelos nossos desejos individuais.
    A paciência é outro elemento que devemos exercitar. Paciência é nossa capacidade de admitirmos a maturação de alguns processos em nossa vida, ou seja, darmos tempo para que as coisas fluam, para que possam vir a ser aquilo que planejamos ou o mais próximo disso. É importante que não se confunda paciência com lerdeza.
  Amarrando esses quarto conceitos, Cortella elucidou a importância de comemorarmos, sim, o presente. Não menos importante é refletirmos e observarmos que este só é possível devido ao trabalho de muitas pessoas em épocas que ficaram para trás. E, completando essa tríade, planejarmos o futuro com bases sólidas é indispensável para que tenhamos, no futuro, condições de vermos desabrochar as flores das sementes que agora plantamos.
    Tantos outros exemplos de enorme relevância e profundidade foram trazidos por Cortella, tanto na área da educação, quanto na área da economia. Mas acredito que as maiores lições que ele nos deixou são de demanda existencial. São lições que nos puseram em contato com o nosso íntimo, nos fazendo pensar sobre como estamos agindo no cotidiano, como estamos nos comportando em relação a nós mesmos, aos que nos cercam, ao universo como um todo. À partir disso, podemos prever, por aproximação, que herança estamos deixando para as futuras gerações.
    Desfrutemos com alegria do presente que agora temos acesso e edifiquemos um futuro cheio de grandes realizações e conquistas. E que façamos isso de forma coletiva, cooperativa, crescendo juntos. Afinal, parafraseando o encerrou da fala do Cortella, incompletos que somos, precisamos da asa de outras pessoas para podermos alçar voo.
Alegria pela oportunidade ímpar.

sábado, 8 de novembro de 2014

Que o urgente não ofusque o que é essencial

Posso garantir que, mesmo Cidadão Quem sendo uma banda gaúcha, muitas pessoas de todo o Brasil já ouviram a parte da canção Dia Especial que diz assim: "Se alguém já lhe deu a mão e não pediu mais nada em troca, pense bem, pois é um dia especial." Uma bela música, diga-se de passagem.
***
Hoje me comuniquei por facebook com uma pessoa que está hospitalizada há dias. Não foi uma conveeeersa cheia de detalhes. Apenas alguns breves minutinhos. Perguntei como ela estava, já que eu havia ficado sabendo que ela não tinha passado por dias muito bons. Ela disse que estava na sacada do hospital tomando chimarrão e olhando o pôr do sol e que estava se recuperando bem.
Me sensibilizei com a situação e tentei animá-la dizendo que logo ela estaria de volta para casa e que tinha muita coisa ainda para fazer com os amigos, para desfrutar a vida. Ela disse que a família dela estava lá dando uma força e que é bom receber o apoio das pessoas de seu círculo de amizade e convivência. 
*** 
Fiquei pensando aqui com meu botões... É tão simples e tão fácil tornar a vida boa de se viver. Um exemplo disso são esses pequenos detalhes que podem fazer uma grande diferença. Acontece que às vezes a correria diária acaba cegando, transferindo o foco para algo que talvez não seja o essencial em nossas vidas.
É tão clichê e tão verdadeiro o fato de que muitas vezes nos voltamos para o urgente e negligenciamos o que é importante.
São aqueles gestos que não custam nada além da vontade para serem praticados que geralmente apontam para elementos que costumamos não levar em conta no decorrer dos dias. Esses mesmos pequenos gestos fazem o coração pulsar mais forte e a alma ficar mais leve, e trazem uma sensação reconfortante de pureza, de paz tanto para quem pratica o ato quanto para quem o recebe.
***
Que não nos deixemos embrutecer e que possamos perceber que cada dia tem alguma coisa de especial.



quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Das histórias de Nikholas e Natasha

- Sabe, Natasha, sinto saudade de quando a gente ainda estava se conhecendo.
- Nossa! Nem faz tanto tempo assim.
- Não faz mesmo. Mas não é pelo tempo. É pela forma como a gente se relacionava. Me parece que estávamos mais próximos, mais interessados, mais cúmplices.
- Viagem tua, Nikholas. Talvez seja porque a gente anda envolvido com muitas coisas, trabalhos, estudos, tarefas, dilemas existenciais e tal.
- E antes não estávamos envolvidos com mil coisas? Não tínhamos mil coisas para pensar e/ou para fazer?
- Lá vem você de novo com esse lance de querer estreitar laços e bla-blá-blá. Isso enche o saco, cara!
- Ah, Nath, para você é assim, meu. Eu me esforço para entender. Mas chega um ponto que fica foda para mim. Acho que agora você já me descobriu, já sabe muitas coisas sobre mim. Talvez tenha percebido que havia criado expectativas a meu respeito que eu próprio desfiz uma a uma. Tipo, enquanto o chiclé era novo tinha um gosto bom, mas agora que deu umas mascadas quer mais é descartar e partir para outro.
- Nikh, olha aqui: eu gosto de ti. Tu que faz essas tuas pirações de maionese. Eu posso não ficar me declarando, mas ao menos eu te respeito.
- Foi mal, Nath. Nunca fui bom nessa parada de relacionamento. Não quero te magoar. Me deixa ser como eu sou. Ou me deixa...

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O que segura o homem é o sexo da mulher?

"Não adianta. O que segura o homem é o sexo da mulher."
Essa frase foi dita por um rapaz que conversava com outro, numa mesa ao lado da minha, numa padaria, enquanto eu tomava um café dia desses. Pois bem, para essa pessoa, para esse rapaz o que o mantém com uma mulher é o sexo. Ou seja, para ele se rolar a química na cama (ou sabe-se lá quais suas fantasias e posições sexuais preferidas) dane-se o resto e o relacionamento estará firme e forte.
Essa não é uma verdade universal. É certo que alguns homens só permencem ao lado de algumas mulheres devido ao sexo. Não menos verdade é que para algumas mulheres o que une ou mantém a relação com um homem é também o mesmo elemento: o sexo.  Mas sabemos que são infindáveis os motivos pelos quais um homem e uma mulher firmam e dão continuidade a um relacionamento. O sexo é apenas um deles. E para cada pessoa isso se dá de forma singular.
Algumas pessoas compartilham dos mesmos ideiais, dos mesmos projetos, das mesmas buscas e por isso se aproximam e permanecem lado a lado. Outras possuem valores semelhantes e então isso acaba sendo um elo de ligação entre ambas. Há quem se relacione com outra pessoa apenas como forma de obter alguma coisa, servindo o relacionamento, nesses casos, como mediação para obtenção de algum outro fim. Há quem encontre o significado na vida somente numa relação com outra pessoa. Existem também as que querem assumir futuramente o papel existencial de pai ou de mãe e sentem a necessidade de uma outra pessoa para efetivar isso. Enfim, temos inúmeros exemplos de motivos que levam pessoas a aproximarem-se e manterem um relacionamento. E para o vizinho da mesa, ao que tudo indica, o que mais tem peso subjetivo em sua malha intelectiva, o que de fato influencia nas suas tomadas de decisões quando se trata de manter um relacionamento com uma mulher é o sexo. É assim para a representação de mundo dele. E para você? Já pensou o que o ou a aproxima e o ou a mantém numa relação com outra pessoa?

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Espero que compreenda

Numa noite qualquer... 
"Seu saldo está abaixo de $ 10,00. Estamos completando a sua ligação."

Oi! Como estão as coisas?
Então, pensei em te ligar só pra ouvir tua voz. Eu sei, nos vimos ontem, ficamos juntos e tal. Ainda não estou com problemas graves de memória. Acontece que pra mim nunca é demais estar contigo, sabe? Gosto de te ter em meus braços e também gosto de estar no teu colo. Se isso encher o saco é fácil tu me falar "olha, tu não tá nem me deixando respirar". É certo que eu vou fazer uma carinha de cão que perdeu-se na mudança. Mas logo vou estar sorrindo novamente. E vou me esforçar pra te respeitar, claro. Mas confesso que não o efeito disso não é muito duradouro e logo já vou estar pensando em ti, em nós dois juntos, algo que fizemos ou algumas coisas que ainda queremos fazer. Juntos.

Eu ainda acredito no amor. Acredito no sentimento, na sintonia fina de corações, na aliança de almas, nisso que muitos dizem ser viagem de maionese. Mas só parece ser assim para eles porque a maioria sequer vivenciou algo parecido com amor alguma vez na vida. Talvez tenham tido um sexo bem pegado, mas desconhecem a sensibilidade desses sentimentos sublimes despertados pelo love. Ou talvez tenham quebrado a cara com algum relacionamento e universalizaram a vivência ao ponto de pensarem não existir possibilidade de relacionamentos saudáveis, maduros. Vai saber dos motivos de cada um, né?

Não liga pro fato de eu ser repetitivo, tá? Eu te amo. Não falo muito isso porque não quero transformar esse amor em "bom dia". Às vezes sinto essa necessidade de comunicar verbalmente o que demonstro através das leais atitudes. Fique à vontade pra me mandar à merda, se quiser. Nem todo mundo sabe lidar com pessoas com eu. Não nasci pronto e posso aprender a conviver melhor comigo mesmo para, então, melhorar essa nossa relação. 
Não quero te acorrentar. Quero ser tuas asas para que possas alçar voos à altura da tua bondade e dos teus anseios. Quero passar muito tempo ao lado desse teu coração bom, desse jeitinho que é só teu.
Agora preciso desligar porque meus créditos já estão indo pro espaço.
Já tô com saudade.
Fica bem.
Beijos meus.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Mais 15 doses de Bukowski*


Bukowski publicou seu primeiro conto quando tinha 24 anos, em 1944. Aí deu uma pausa em suas produções por dez anos. Nesse intervalo de tempo viajou pela América, envolveu-se com várias mulheres e com a bebida. Esse ritmo culminou em uma hemorragia estomacal provocada pelo excesso de álcool. Essas experiências de autoconhecimento são a base da produção do escritor, que dedicou-se exclusivamente à tarefa da escrita a partir de seus 49 anos, após largar seu emprego nos correios.
Alguns críticos apontam para os gritantes aspectos do cotidiano abordados na poesia de Bukowski
Já havia postado aqui 15 doses de Bukowski e agora posto mais algumas das verdades desse homem, que, imagino, são também as verdades de tantas outras pessoas.




Garotas quietas e limpinhas de vestidos xadrez de algodão
"jamais apareça com uma puta, falo para meus
poucos amigos, eu ia me apaixonar por ela."

Borboletas
"acredito em fazer por merecer nosso caminho
mas também acredito em um presente
inesperado."

A gente precisa conversar
"É preciso ser homem para mostrar
seus sentimentos.
[...] vou arranjar para mim alguém que seja
real, alguém que converse comigo,
alguém que diga, 'olha, Paula, eu percebi
que estamos tendo alguns problemas e talvez
se nós falássemos sobre eles, poderíamos entender um ao outro melhor
e fazer as coisas funcionarem.'
[...] e o que você sabe sobre o amor?
é uma palavra suja para você! amor. você nem mesmo sabe o que é ´gostar'!
você não gosta do seu país, você não gosta de cinema, você
não gosta de dançar, você não gosta de dirigir na estrada, 
você não gosta de crianças, você não olha para as pessoas."

Corcunda
"eu fui amado por muitas mulheres,
e para uma vida corcunda,
isso é uma sorte.
[...]fui tratado melhor que deveria
ser -
não pela vida em geral
nem pelo mecanismo das coisas
mas pelas mulheres."

Eles, todos eles, sabem
"uma esposa rosnando no portão é mais
do que qualquer homem pode suportar."

Os substitutos
"agora nossos escritores 
discursam em universidades
de terno e gravata,
os aluninhos atentos e sóbrios,
as aluninhas de olhos vidrados
olhando
admiradas,
a grama tão verde, os livros tão chatos,
a vida tão morrendo de 
sede."

Assim que os poemas vão
"os melhores escritores disseram bem
pouco
e os piores,
demais."

Como ser um grande escritor
"você tem mais é que comer muitas mulheres
mulheres bonitas
e escrever uns poemas de amor decentes.
[...] não faça muito exercício.
durma até o meio-dia.
evite cartões de crédito
ou pagar qualquer coisa no 
dia.
[...] e se você tiver a capacidade de amar
primeiro ame a si mesmo
mas sempre tenha em mente a possibilidade de
derrota total
ainda que a razão dessa derrota
pareça certa ou errada - 
um gostinho de morte cedo não é necessariamente
uma coisa ruim.

Agora, se você estivesse lecionando escrita
criativa, ele perguntou, o que diria a eles?
"eu diria a eles para terem um caso de amor
infeliz, hemorroidas, dentes cariados
e para beberem vinho barato.
[...] jamais se considerem superiores e/
ou imparciais
e jamais tentem ser.
tenham outro caso de amo infeliz.
[...] jamais tentem fazer sucesso.
[...] aí depois de tudo isso
invertam o procedimento.
tenham um bom caso de amor.
e o que
vocês podem aprender 
é que ninguém sabe nada -
[...] e se vocês algum dia me pegarem 
lecionando escrita criativa
e lerem isso de volta para mim
eu darei um 10 direto
para você enfiarem naquele lugar."

Splash
"isto não é a porra 
de um poema.
isto é um cavalo adormecido.
uma borboleta em
seu cérebro.
isto é um circo
do diabo.
você não está lendo isto
numa página.
a página é que está lendo
você.
[...] estas palavras te arrastam 
para uma nova
loucura.
você foi abençoado,
você foi atirado 
num
lugar que cega
de tanta luz."

Os mais fortes dos estranhos
"você não vai vê-los direito
pois onde a multidão estiver
eles não estarão.
estes esquisitos, não
são muitos
mas deles 
vêm
os poucos
bons quadros
as poucas
boas sinfonias
os poucos
bons livros
e outras
obras.
e dos
melhores destes
estranhos
talvez 
nada"

Ressacas
"já tive provavelmente mais delas
do que qualquer outro ser vivo
e elas não me mataram
ainda
embora algumas manhãs parecessem
bem próximas
da morte.
[...] é preciso uma resistência inacreditável para
ser alguém que beba por várias
décadas.
[...] escrevo isto agora
sob os efeitos de uma das minhas
piores ressacas."

Assalto
"já fui um cara contente por estar só.
agora fui violado,
tudo tem seus limites.

A crise
"há uma solidão tão grande nesse mundo
que você pode vê-la no lento movimento dos
ponteiros do relógio.
pessoas tão cansadas
mutiladas
tanto por amar como por não amar.
[...] nosso sistema educacional diz
que todos podemos ser 
grandes vencedores.
ele não fala nada 
sobre os miseráveis
ou os suicidas.
ou do pavor de uma pessoa
sentindo dor num lugar
sozinha
intocada
incomunicável.
[...] as pessoas não são boas umas com as outras.
talvez se elas fossem 
nossas mortes não seriam tão tristes.
[...] com certeza deve haver um jeito que ainda não
pensamos."

Ao acender um charuto
"[...] e quando o amor veio a nós pela segunda vez
e mentiu para nós pela segunda vez
decidimos nunca mais amar novamente
isso era justo
justo com a gente
e justo com o amor mesmo."

* trechos extraídos do livro Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém, 2ª edição, 7 letras, 2012 


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Amor e sexo

Dias atrás, conversando com uma colega, disse a ela que fazer sexo já é bom, imagina então fazer amor. Ela disse "sim, eu sei porque para mim as duas coisas estão no mesmo ato". Então eu perguntei se ela, de fato, amou todos os caras com quem fez sexo, ou se ela só faz sexo na vida com quem ama. Espantada, ela respondeu negativamente e então seguimos nossa conversa.
***
Para algumas pessoas, sexo não tem nada a ver com amor. Pode ser uma enorme e variável gama de coisas outras que não impliquem em amor. Pode ser uma atração física, uma necessidade instintiva da espécie, algo que tenha importância para a pessoa, entre tantas outras possibilidades. 
O amor, por sua vez, é um estado afetivo da alma e é representado de forma única em cada pessoa. Ele também pode estar ligado a fatores diversos, de acordo com a estruturação da pessoa. Pode ser uma questão sensorial, ou ser algo ligado às abstrações, ou ser uma busca existencial da pessoa, pode, ainda, ser um comportamento que se encarregue de alguma função, enfim, o leque aqui é imensamente aberto.
***
Como identificar esses elementos em nossas próprias vidas? Basta prestarmos atenção à nossa historicidade. Ao visitarmos nossas vivências, perceberemos indicativos não somente dessas, mas de muitas questões que podem ser relevantes para o exercício de nossa existência. 
Essa identificação é feita por aproximação e nem sempre são tarefa fácil. Por isso, às vezes o auxílio de um profissional é imprescindível.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Tristeza na medida certa

Dias atrás fiz uma postagem chamada "Você sente o que sente?" na qual apontei para processos mecânicos que algumas pessoas executam, muitas vezes sem mesmo dar-se conta disso, ao ponto de não saberem o que se passa com elas próprias ou ao seu redor.
Hoje não fujo muito dessa temática. Poderia até mesmo repetir a pergunta. Traço considerações acerca de termos consciência daquilo que está em interseção conosco, ou seja, de termos certa propriedade de como nos percebemos e de como somos afetados por aquilo que encontra-se em nossas circunstâncias.
Claro que não se trata de darmos nomenclaturas com exatidão matemática àquilo que vivenciamos, mas por proximidade podemos vislumbrar nossos horizontes.
***
Várias vezes esbarramos com o dito que rir é o melhor remédio. Não desprezemos a importância do riso no cotidiano, mas também adotemos uma postura crítica quanto a isso. Se rir curasse tudo, bastaria que, frente aos problemas e infortúnios que surgem na vida, assistissemos um filme de comédia. Perdeu um ente querido, vai na farmácia e compra ataques de riso em pílulas ou em gotas. Rompeu uma relação, vai a um espetáculo de stand up comedy. Quer ficar imune aos conflitos existenciais, seja um bobo alegre. No entanto, sabemos que as coisas não acontecem assim magicamente.
Algumas vezes é necessário uma pausa, uma atenção da pessoa à aquilo que a está perturbando, causando incômodo, desconforto, dor. Isso pressupõe um processo e cada qual pode fazer isso respeitando seu jeito de ser no mundo, suas singularidades. Costumo me referir a isso com a expressão "lamber as feridas", ou seja, vivenciar isso para que a situação tenha um desfecho que possibilite seguir em frente, o mais em paz possível.
Por incrível que pareça, as pequenas doses de infelicidade podem ter muita experiência a nos legar. Que tenhamos serenidade para absorve-las.
***
"Saudáveis são os que sentem tristeza. Apenas muito recentemente começamos a descobrir que negar a tristeza é negar uma função da natureza humana e que tal negação às vezes produz consequências diretas. A tristeza, como qualquer emoção verdadeira, é acompanhada por certas mudanças físicas e pela liberação de certa energia psíquica. Se essa energia não for liberada no processo normal de tristeza, torna-se destrutiva dentro da pessoa. Até uma doença física pode se desenvolver por causa de uma tristeza não resolvida. Qualquer fato, qualquer conscientização que contenha uma sensação de perda podem, e devem, ser sentidos. Isso não significa uma vida de incessante tristeza. Significa estarmos dispostos a admitir uma emoção honesta, m vez de sempre ter de rir da dor. Admitir a tristeza que acompanha qualquer perda não é apenas permissível - é uma opção saudável".
Donald L. Anderson

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Dos meus causos com Carpinejar


Quem tiver paciência de ler descobrirá do que se referem as imagens*

Abril de 2013. Final de semana. Chapecó/SC. Na sexta, show da Bidê ou Balde. No sábado era para ter Paul Di´Anno, ex vocalista do Iron Maiden, mas o cara cheirou até o limão da tequila no hotel e não teve condições de se apresentar. Percebi que a esmola era demais quando os garçons da casa começaram a distribuir chopp de cortesia para o público que estava em fila e eufórico do lado de fora. Estava explicado o porque do mimo.
No domingo acordei mais cedo que o habitual nos outros domingos e passei em Nonoai/RS, onde teria uma palestra do Fabrício Carpinejar. E teve. Evento fechado. Entrada apenas para quem estampava um crachá no peito. Perguntei para uma meia dúzia de organizadores se teria como assistir, nem que tivesse que ficar em pé, escorado na parede ou sentado no chão. Sem chance. Aliás, deselegância geral daqueles rostos marrentos. Porra! Carpinejar atravessando uma praça, tomando seu chimarrãozinho, sorridente, espontâneo e os tiozinhos da organização com cara de quem comeu e não gostou. Ah, dá licença!
Dei uns passos na direção daquele ser nada discreto em sua maneira de se vestir, estendi a mão para ele, que prontamente apertou minha mão, antes passando para o braço esquerdo o casaco que segurava com a mão direita. Pedi para tirar uma foto com ele. Fui atendido na hora. 
Depois do flash, olhei para o lado e vi que algumas pessoas prestavam atenção ao nosso encontro. Posei de entrevistador e perguntei se dava para registrar em áudio nossa conversa. Tendo sua autorização, fiz de conta de usava o celular como captador de áudio. Comecei a perguntar de onde vem inspiração e disposição para tantos trabalhos, livros, artigos em jornais, revistas e blogs, mais o Consultório Sentimental, mais o programa A Máquina na TV Gazeta e tantas outras coisas que fazem parte do seu cotidiano agitado. Gentilmente ele conversou comigo como eu jamais havia imaginado.
Ele percebeu que eu o conhecia ou que, no mínimo, acompanhava seus trabalhos de alguma forma. E eu, que até poucos minutos estava esbarrando na entrada do evento pela falta de credencial, agora estava adentrando a passos lentos para assistir a palestra do Fabrício bem acomodado numa cadeira estofada...
***
Novembro de 2013. A Escola José Antônio Ferronato, em parceira com a Secretaria da Educação de Três Palmeiras/RS, estava promovendo uma palestra do Carpinejar. Alguém precisava buscá-lo no aeroporto em Chapecó/SC e depois levá-lo até lá para que pegasse voo de volta para Porto Alegre. O pessoal da escola e da prefeitura me fizeram um favor de confiar a mim essa tarefa. O voo chegou em Chapecó às 8h, a palestra em Três Palmeiras estava marcada para às 9h e às 11h20min era o horário do voo de volta para a capital gaúcha. A "missão quase suicida" conforme descreveu Carpinejar logo ao me cumprimentar, era de tirar o fôlego. E realmente foi. 
Tive a oportunidade de conversar com Fabrício sobre vários assuntos. Incrível como pareceu que nos conhecíamos há tempos. Rimos juntos, fizemos desabafos terapêuticos um com o outro, ouvimos um bom rock´n´roll, apreciamos a natureza. Cheguei apresentando-o aos organizadores da palestra, providenciei um cafezinho para ele. Assessoria completa. 
Na volta ele autografou meu livro, com dedicatória, e ainda usou-o como tela para uma frase que, logo após fotografar, postou no Facebook e no Instagran. 
Que experiência ímpar para mim! Ele talvez tenha esquecido nos dias seguintes, mas eu vou levar na bagagem por um bom tempo.
***
*As fotos do início do post são da dedicatória, "Para Everton, meu chofer de luxo do Rio Uruguai. Beijo. Carpinejar" e da frase que ele postou em suas redes sociais.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

indiferença é a morte?

Dá o play aí e vai curtindo o som enquanto lê. 

Garanto que são poucas pessoas que conhecem essa pérola.

Algumas pessoas tem uma capacidade de desapego que eu chego invejá-las. Há pouco tuitei que estamos numa geração miojo, ou seja, quase tudo é instantâneo, rápido. Num dia o rapaz conhece uma moça, no outro dia eles se amam incondicional e eternamente e, de repente, no terceiro dia aquilo tudo some como se nada tivesse acontecido. É algo semelhante ao que Zigmunt Bauman diz em suas obras, introduzindo o conceito de modernidade líquida, na qual quase tudo se dilui rapidamente, se dissolve, desaparece, não se solidifica. 
De certa forma é um embrutecimento. Um "oba-oba" do velho jargão de "a fila anda". Nada contra quem experiencia a vida dessa forma, mas, para um animal sentimental como eu, isso acaba causando alguns desconfortos.
Vejo nisso certa influência de jargões prontos incitam um certo individualismo, até mesmo um egoísmo demasiado que faz com que pessoas ao redor, próximas se tornem descartáveis, quando não invisíveis. 
Na minha representação de mundo, a indiferença não combina com relacionamentos interpessoais, sejam eles da natureza que forem. São duas coisas que se anulam. Os dois não podem sentar para um café nem por decreto de lei. Eu funciono dessa forma e prefiro esses desconfortos a me embrutecer, a perder a sensibilidade. Sei dos preços - nem sempre tranquilos - que pago por ser dessa forma. Aliás, se alguém passar a me sentir indiferente, é um sinal de que estou me afastando, me tornando morno. E mornidão não combina comigo. Até nas Escrituras tem uma passagem sobre isso. Em Apocalipse 3, 16 está que Deus vomitará os mornos, literalmente "porque és morno, nem frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca".
I
sso é assim para mim, não quer dizer que outras pessoas tenham que concordar, pensar e se comportar assim. Nada disso. Estou apenas traçando algumas considerações a partir da minha percepção, daquilo que vejo como característica de uma época. Provavelmente isso será passageiro, como muitas coisas da história da humanidade que ficaram para trás, deixando ou não saudades.


Quem viver, será que verá?

terça-feira, 8 de julho de 2014

Fomos atropelados. Alguém anotou a placa?

O assunto é futebol. Deixemos as ponderações sobre política e outros assuntos para outra hora. A Copa do Mundo que abordo aqui é a de futebol.
Como todos sabem, o país que sedia a Copa tem cadeira cativa, participação garantida na edição do evento em seu próprio país. Um ponto a menos para o Brasil. Já saímos perdendo. As outras seleções competiam nas Eliminatórias para ter a oportunidade de jogar a Copa do Mundo no Brasil e as comissões técnicas arquitetavam um time ideal, faziam ajustes em algumas peças e viam na prática o resultado disso no campo de jogo. Afinal, quem não quer disputar uma Copa? Enquanto isso a CBF agendava para nossa seleção amistosos com seleções de nível muito inferior. Mesmo com adversários teoricamente mais fracos, penamos para vencer alguns desses amistosos. 

Mas o maior evento de futebol do mundo é na nossa casa. Estádios lotados, torcida jogando junto, sintonia fina entre campo de jogo e arquibancadas. Certamente os adversários sentiriam a pressão. E isso, de certa forma, foi o nosso ponto positivo. Marcamos a favor. Mas já estávamos perdendo pelo que está no parágrafo acima. Então, não nos empolguemos. Tudo igual.
Antes do apito inicial, clima de festa. Estrangeiros de todos os lados fazendo uma linda confraternização com o povo brasileiro. A Copa é na nossa casa. Euforia.
Bola rolando nos estádios e arenas de todo o país. Placares se dilatando, média de gols aumentando, cartões amarelos, cartões vermelhos, vitórias, empates, derrotas, gols, gols, gols, à flor da pele. Primeira fase, Brasil, sem apresentar um futebol convincente, avança para o mata-mata. A maré parece estar a nosso favor.
Já no quem perde fica pelo caminho, sofremos contra os vizinhos sul americanos Chile e Colômbia. E se anunciou um dos grandes duelos das semi-finais: Alemanha x Brasil. Nossa! Passou o filme de 2002, Ronaldo marcando dois gols nos alemães em plana final. Título. Faixa no peito. Grito de é campeão. O penta é nosso. Mas agora nada de Rivaldo, de Ronaldo, de Ronaldinho Gaúcho, de Kaká, de Cafu, de Roberto Carlos, só para citar os que me vieram à cabeça. Agora é nossa defesa quem tem que marcar gols. Porque é dose depender de Fred, de Hulk, de Jô. Maaas, tínhamos Neymar Jr. Só que perdemos o menino prodígio para um golpe de luta do colombiano que o tirou da Copa. E agora? Quanto está o placar mesmo? Será que temos chance contra os alemães?
(Parênteses - falar depois do jogo findado é fácil. Agora que o placar final está encerrado em 7 a 1 para a Seleção da Alemanha muito torcedor passional vem bancar de Mãe Dinah, esquecendo-se que há algumas horas atrás estava falando que a saída do Neymar ia fortalecer o grupo e não sei o que e bla bla bla. Ás vezes o coração distorce aquilo que pensamos ser a realidade)
A Alemanha deu uma aula de futebol. Futebol envolve estratégia, técnica, força, velocidade, doação e, às vezes, simplicidade. Pois foi o que os alemães demonstraram em campo. E nos mostraram que objetividade também é uma característica deles. Enquanto isso, nossa seleção mostrou total vulnerabilidade. Bolas lançadas da defesa direto ao ataque, um meio campo sem produção ofensiva, uma defesa titubeante e muitas vezes mal posicionada. Deu no que deu. 
Claro que nem o mais otimista dos alemães e nem o mais pessimista dos brasileiros pensaram em uma lavada assim. 2 ou 3 de diferença alguns fanáticos de ambos os lados até que ponderavam. Mas foi demais. A Alemanha veio em voltagem de 220, ouvindo Heavy Metal, dando murro em ponto de facas. O Brasil estava quase desligado, ouvindo jazz, acreditando que o jeitinho seria capaz de resolver mais essa. Mas dessa vez não deu. E está registrado na história o vexame que passamos dentro das quatro linhas. Muitos até fazem questão de não querer lembrar mais desse 08 de julho de 2014, mas já está nos anais do mundo da bola. 
Fomos atropelados. Alguém anotou a placa?    

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Você sente o que sente?

Fiz essa pergunta, dias atrás, para uma pessoa com a qual eu conversava. Ela ficou pensativa, fez umas caretas, resmungou e admitiu que nunca havia pensado nisso.
De fato, devido à correria da vida contemporânea e aos muitos compromissos que preenchem os dias das pessoas e consomem muito tempo e muita energia, muitas delas acabam fazendo suas tarefas quase que mecanicamente, acionam o piloto automático sem sequer perceber elementos outros que saiam da rotina preestabelecida.
Ocorre aí um processo semelhante ao que Aldous Huxley descreve no Admirável Mundo Novo, ou seja, as pessoas tronam-se, de certa forma, homens e mulheres máquinas, robôs. Acabam por realizar apenas aquilo a que foram condicionadas a fazer e não sentem, não querem, não aspiram nada além daquilo que está posto, como se não houvesse possibilidade de outra realidade para além da que se vivencia.
Agora estendo a pergunta a você que está me lendo. Você sente o que sente? Quando alguma coisa lhe deixa triste, cabisbaixo, você vivencia essa tristeza ou, apesar de estar se contorcendo de dor por dentro, fica com um sorriso estampado no rosto? Ou ainda: você consegue identificar quando está bem subjetivamente? Mais: você sabe de onde vem ou o que está causando isso que está sentindo? Será que você não está com o piloto automático acionado e nem está percebendo?
Entendo que algumas pessoas podem, por suas características singulares, não demonstrar fisicamente aquilo que lhe vai nas emoções, ou seus dilemas, os problemas, as atribulações da existência e, também, as alegrias, as glórias, os gozos que têm pelo caminho. Se comportar assim por características existenciais é uma coisa bem diferente do que adotar essa atitude, essa postura baseando-se em fórmulas prontas de pensamentos mágicos que são vendidos diariamente nas bancas de revistas, nos livros de autoajuda, nos programas de TV. E o que tenho percebido é que esta última está se tornando uma tônica.
Então me dirijo, novamente, a você: você sente o que sente?
      Talvez isso não tenha importância para muitas pessoas. Talvez estar no piloto automático seja a coisa mais producente para elas devido à constituição das circunstâncias e contextos que estão inseridas. Mas, para algumas outras, a robitização, o piloto automático, o embrutecimento não tem nada a ver com elas e então isso merece receber a atenção necessária para que não traga sintomas contraproducentes à sua forma de ser no mundo.

domingo, 22 de junho de 2014

"de nada adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma"

Muitas pessoas tem sonhos, almejam conquistas que lhe soam como realizações de várias montas.  
Esses anseios tem origem em diversos fatores e variam de acordo com cada indivíduo. Alguns querem realizar algo que seus pais não conseguiram e que agora o incentivam com todo afinco; outros se guiam pelo que está em voga na sociedade em que estão inseridos; outros dão ênfase ao que o coração lhes dita; há ainda quem anseia por desenvolvimento epistemológico; enfim, são infindáveis as possibilidades. 
Não se trata de ser bom ou ruim, bonito ou feio, certo ou errado, tampouco que uma forma de ser é melhor que a outra. São apenas indicativos de características, referências que mostram como a pessoa está estruturada. 
Às vezes essas buscas encontram acolhida na forma de ser da pessoa e são passíveis de realização. Noutras vezes, porém, tais caminhos a serem trilhados pela pessoa não tem nada a ver com a sua estruturação e continuar a insistir nisso pode ser um desperdício de tempo, de energia, podendo até mesmo trazer incômodos tremendos para a existência.
Em Mateus, 16-26, encontramos o seguinte: "de nada adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma". Claro que alguns não estão nem aí para o fato de perderem a alma, já que o que querem é ganhar o mundo, ou fama, ou riqueza, etc.
O que estamos buscando tem a ver conosco? Temos sustentação para nos manter aonde queremos chegar? São algumas reflexões que podem ter alguma relevância quando se ponderam esses elementos.

sábado, 21 de junho de 2014

Pensou em escrever para a garota.
Mas escrever o que? Declarações de um amor romântico, que existe só existe no cinema e em alguns corações espalhados aos ventos, as quais ela acharia antiquadas, bregas? Ou algo sobre sexo, transa, meteção, fodeção, prazer ou ouras coisas que ela talvez achasse grosseria?
Estava ciente daquela velha história: se tenta aproximar, acaba afastando; se tanta dar um espaço, está sendo indiferente. Tinha ciência, também, de que uma interseção traria algumas respostas, mas havia alguns impeditivos que a estavam tornando confusa. Sabia estar num labirinto, num beco sem saídas, numa sinuca de bico, entre a cruz e a espada. Mas, ainda assim, estava disposto a tentar levar adiante aquilo que fazia o coração pulsar mais forte. 
Que porra de educação recebera que não lhe ensinaram nada sobre essas merdas de relacionamentos? E os murros que levou na cara e na boca do estômago com relações que só ele não via que dariam em nada? E tantas outras inquietações. E tantos outros pontos de interrogação. E tantas divagações. E tantas ideias complexas. E tantos sofrimentos, até que se prove o contrário, desnecessários. Tudo isso e mais um amontoado de lixo que só traziam sintomas ruins. 
Percebeu que estava indo longe demais com suas paranoias delirantes e que isso não estava fazendo bem nem a ele mesmo, nem à garota e nem à breve, mas intensa e linda caminhada, que estavam compartilhando juntos. 
Arrumou seu ninho, colocou um jazz para tocar e tentou desacelerar seu pensamentos e acalmar seu coração. Afinal, não poderia estar colocando novamente sua paz em algo fora dele mesmo. Mas estava. E precisava urgente achar uma solução para esse dilema, um equilíbrio para essa situação. Antes que fosse tarde demais...

quarta-feira, 4 de junho de 2014

das minhas elucubrações

Meus pés estão gelados. Meus dedos, dormentes.
O silêncio externo é extremo. Tanto que chego ouvir o barulho das gotículas de água do condicionador de ar.
Outro tipo de silêncio grita e faz eco no meu interior. É a inquietação que por ora me acalma. 
Meus pensamentos estão limitados. Ordenei-os a serem meus amigos. Até que estão se comportando, mas sei que preciso segurá-los a rédeas curtas para que não enveredem por becos sem saída.  
A insônia já foi mais frequente e sinônimo de lamúrias. Ultimamente tem me visitado pouco. E tem sido momentos de gozo, de regozijo.
Sinto meu coração aquecido e em paz...

Não sei por quanto tempo compartilharemos caminhos juntos. Mas já sou grato pelo encontro e pelos passos que demos. 

Esse teu sorriso secreto está me fazendo bem. 
E, por esse e outros motivos, tenho confirmado: eu sou um homem de sorte.




segunda-feira, 19 de maio de 2014

re-Nascer

Estímulos de todos os lados, de todos os ângulos, de todas as vozes, de todas as letras, de todas as cores.
Muitos deles incentivam a ser grande, a ser super, a ser mega, a ser master, a ser ultra. 
É um culto ao sucesso, à felicidade. Logo, logo surgirão cartilhas que tornarão as pessoas imortais.
Porém, no meio de toda essa correria, dos slogans de que tens que ser o melhor, o mais bonito, o mais isso, o mais aquilo esquecem de te dar um toque que, ao meu ver, é indispensável: és um ser humano. Por seres humano, és passível de erros, de equívocos, de frustrações.
Nem sempre darás conta de realizar tuas buscas. Às vezes os resultados que obterás não serão nem de longe parecidos com o que havias planejado. Te desencontrarás. E talvez esses movimentos façam surgir outros caminhos que não havias cogitado existir. Deixarás para trás algumas coisas. Perderás. E talvez algum dia percebas que por muito tempo destes créditos ao que queriam que fosse tua vida, que te afastastes da forma como querias vivê-la.
Espero que ainda dê tempo de rever tua forma de pensar, de sentir, de agir, de ser para que possas exercitar tua existência de forma producente. 
Que eu e tu possamos re-Nascer.
Seguimos!

terça-feira, 6 de maio de 2014

Amor é uma questão de humor?

Engana-se quem pensa que relacionamento é só oba-oba.
Até uma certa idade é compreensível que algumas pessoas pensem que o amor por si só basta para que um relacionamento seja bacana para os envolvidos. Mas tão logo haja o envolvimento com o outro e o próprio amor trata de apontar que sem pitadas de outros elementos ele sucumbe. 
Viver com alguém é algo que pode ser prazeroso ou desastroso, dependendo de como se dá o investimento de energia nessa empreitada. Nesse contexto, se amor e humor não andarem quase que de mãos dadas dificilmente o relacionamento se sustenta. 
Sei que essa minha tese é um tanto simplista, mas é assim que ando olhando para as relações ultimamente.
Claro que no início do relacionamento o encantamento da paixão deixa tudo tão mágico, dando a impressão de perfeição. Mas passadas algumas estações os pombinhos já não estão como no início. E isso se dá não necessariamente por intenção de magoar a outra pessoa. É um movimento que, digamos, faz parte do processo. Por isso que mencionei a importância do amor e do humor andarem perto, lado a lado, ou ao menos a uma distância curta. 
Porque deve ser um tédio ver momentos que seriam para ser especiais ao lado da pessoa que você escolheu para compartilhar contigo se transformarem em um pé no saco por falta de humor. 
A falta de sorrisos, de afeto, de carinho, de atenção, de diálogo, de compreensão, de entendimento, de negociações parecem denunciar um distanciamento, beiram a indiferença. E em casos assim o amor grita, reclama, pede socorro. E se os sintomas que se manifestam a partir daí forem negligenciados, não tem pai de santo que resolva.
Porque amor também é uma questão de humor. Ambos são para serem sentidos, mas também precisam ser promovidos, movimentados, instigados, estimulados. E para que isso aconteça, esqueçamos os modelos que os filmes nos mostram e todas as fórmulas prontas vendidas por experts em relacionamentos, com roteiros perfeitos e viveram felizes para sempre. 
Amor e humor são exercícios para os quais é válida a máxima de que a persistência é que promove a excelência. Ou seja, conviver com outra pessoa até pode parecer fácil, mas às vezes as aparências enganam. O ideal seria que as pessoas em interseção conhecessem a si próprias e os elementos que as aproximam, que as afastam e o que pode ser ajustado a partir daí. 
Se achar que relacionamento é tão simples quanto uma atualização de status em rede social ou um bom dia, talvez logo ali na frente você pode se deparar com algo não muito agradável.
Seguimos...

terça-feira, 29 de abril de 2014

Somos todos o que? O envolvimento de famosos em causas sociais

Primeiro: envolvimento aqui quer dizer manifestar-se, expressar opinião, dar a cara a tapas.
Segundo: famosos aqui são pessoas que tem certa visibilidade na mídia, seja na tv, rádio, internet, revistas, jornais ou qualquer meio de comunicação.
Terceiro: questões sociais aqui se referem a assuntos que versam sobre a organização da vida em comunidade, passando por inumeráveis temas e conflitos que deles possam surgir.
***
O episódio do torcedor que arremessou uma banana na direção do jogador Daniel Alves, que sem titubear comeu a fruta, fez vir à tona a luta contra o racismo que se estendeu nas redes sociais através da viral #SomosTodosMacacos, esta que teve o jogador Neymar como um dos precursores. Neymar divulgou uma foto com uma banana e seu filho com uma banana de pelúcia. À partir dela, muitos artistas, músicos, atores, escritores aderiram à ideia e posaram com bananas fazendo alusão ao ocorrido.
Inegável a proporção que isso tomou. Se as pessoas irão, em maior ou menor número, praticar isso nas suas relações já não depende só de tal exposição, mas de reflexões mais profundas e, consequentemente, da mudança de atitude sobre essa imbecilidade que é o racismo.
No dia seguinte do ocorrido surgiram explicações de que era para Neymar comer a banana, caso fosse arremessada em sua direção. Isso já havia sido pensado em forma de uma campanha publicitária. Falando em publicidade, a marca de roupas do apresentador Luciano Huck se apressou e já vende camisetas com estampas de bananas e mencionando a #SomosTodosMacacos. Há quem julgue isso como oportunismo, ou charlatanismo, ou tantos outros adjetivos pejorativos e há quem aplauda a iniciativa, acreditando ser ela uma aliada à luta contra o racismo. Que cada um tire suas próprias conclusões.
Em decorrência desse incidente, mais uma vez me deparei com uma questão que seguidamente me faço: já que esses considerados famosos tem grande visibilidade, cada qual dentro do seu meio, por que a maioria fica omissa quanto à assuntos que poderiam expressar sua opinião? Entendo que a própria omissão já é parte de uma ação estratégica, já que muitas vezes incompreensões e equivocidades podem resultar daí, afetando negativamente a imagem de tais profissionais. Porém, percebo uma certa passividade, um comodismo que brota, provavelmente, de um pensamento de cada um no seu quadrado.
O que você pensa a respeito disso? A indiferença te afeta? Você prefere que as opiniões sejam expressas, mesmo que em desacordo com sua visão de mundo? Se puderes me ajudar a pensar sobre, pode usar o espaço para os comentários ou email.
E sobre o racismo, não cabe mais, né gente? Dá licença!

terça-feira, 22 de abril de 2014

Imprudência no trânsito

No Brasil, o trânsito mata. Por dia, várias vidas são ceifadas e famílias ficam órfãs nessa guerra de metal. E o que espanta é que a imprudência continua sendo a causa mortis.
***
Final de segunda-feira, último dia do feriadão de Páscoa e Tiradentes, aproveitei o fim de tarde para fazer atividade física. Percorri o trajeto que normalmente faço pela RS 324 e percebi um movimento bem acima do normal. Fileiras enormes de automóveis que pareciam querer abreviar não somente o tempo de viagem, mas o caminho, imaginando alcançar uma velocidade e, sei lá, adentrar em um portal e desembarcar em minutos na própria residência. 
Depois de ter acabado minha atividade, sentei num lugar alto, perto do trevo de acesso à minha cidade, para ver o pôr do sol - ofuscado pela formação de nuvens cinzas que tomaram conta do céu. Acabei prestando atenção ao movimento intenso na RS e, em decorrência disso, dezenas de cenas de pura imprudência. O local a que me refiro é no perímetro urbano, velocidade máxima permitida de 60-80km/h, com faixa dupla nos dois sentidos, mas esses fatores foram desprezados por vários motoristas. Vi várias cenas de filme, ultrapassagens de alto risco, desastrosas, freadas bruscas, buzinaços, mão pra fora com o dedo do meio esticado, três carros passando lado a lado na pista, enfim... Claro que a grande maioria dos motoristas estava trafegando com tranquilidade, mas até mesmo estes os imprudentes puseram em risco. Na ânsia de chegar mais cedo, muitas vidas foram interrompidas e muitos leitos de hospitais estão acomodando motoristas e passageiros.
***
É muito cômodo culpabilizar apenas o Estado pelas más condições de grande parte de nossas estradas. Mas não tem como negligenciar o fato de que a maioria dos acidentes, fatais ou não, têm a imprudência do motorista como fator determinante. Aliás, procurar culpar algo ou alguém é uma forma de encontrar desculpas, de se eximir de responsabilidades, quando, na verdade, temos que voltar nossa educação justamente para isso: responsabilidade. E educação, aqui, não tem a ver com titulação acadêmica, tampouco com status de classe social.
Se não mudarmos nossa forma de pensar e não alterarmos nosso comportamento no trânsito continuaremos a ver as notícias dessas carnificinas a cada final de semana e feriado estampadas nos meios de comunicação, infelizmente.
***
A vida não tem preço e nem hora marcada para terminar. É bom tomarmos ciência de que nossas atitudes podem alterar o rumo de nossa existência.

Seguimos.
 

terça-feira, 8 de abril de 2014

Passa(n)do a limpo em poucas linhas

Vai assim mesmo, sem script, na impulsividade, sem estar sob efeito de qualquer coisa que perturbe minha consciência.
Não é minha intenção agradar a todos nessa minha passagem pela terra. Por muito tempo pensei que minha missão aqui era servir a tudo e a todos. Mas mudei essa forma de pensar e, consequentemente, de agir. Não faço nada pensando em ser modelo ou ser exemplo a ser seguido. Eu faço o que soa coerente com minha forma de ser e sei que uma das consequências disso é ser incompreendido, rotulado, taxado de forma leviana por quem não vivencia as mesmas circunstâncias que eu.
Tenho ciência que até para fazer merda há de se ter responsabilidade e arcar com as conseqüências dos atos. E fugir das minhas responsabilidades é algo que não costumo fazer. Para mim, uma questão de honra, herança de berço, educação paterna e materna.
Eu faço meus caminhos de acordo com os ventos que sopram à minha alma. São esses ventos que me ditam verdades que nem todos têm acesso. São nesses percursos que exercito a minha existência. E meus exercícios não tem nada a ver com ser bonzinho, com ser apenas uma marionete no teatro da vida. Sou da ala da contestação, da resistência, da subversão. Às vezes é pesado ser assim, mas é o que escolhi para mim. Sou do time da poesia, da filosofia, da literatura, da música e das manifestações artísticas em suas diversas formas de apresentação. De certa forma isso serve como um antídoto às dores do mundo.
Estou aqui para aprender, para me desenvolver, para crescer. E isso não necessariamente tem a ver com fazer o que pregam os padrões da sociedade ou quaisquer outras regras pré-estabelecidas. Aliás, às vezes o melhor que algumas regras merecem é um foda-se em alto e bom som.
Quero ser melhor a cada suspiro. Não melhor que alguém, mas melhor que eu mesmo, o melhor que eu possa ser. E, para tanto, não preciso usar ninguém como trampolim. Minha religião é a do amor. Mas não esse amor vendido em capas de revistas ou em novelas, não esse amor ostentação que precisa andar de mãos dadas com formas físicas fabricadas nas mesas de cirurgia e com situações financeiras pra lá de estáveis. Até nem sei como se convencionou a chamar isso de amor, mas tudo bem. O amor que me refiro é um amor transcendente, aquele que toca a alma. Aquela poção de magia que toca os corações de quem tem sensibilidade para acolhê-lo e que é a força que move o universo. Esse é o tal do amor, na minha representação.
Enfim... saúde, força e sensibilidade é o que eu quero e preciso para curtir o trajeto. Com esses ingredientes eu me encarrego de gozar das maravilhas da vida e de contornar os obstáculos que possam surgir. Meus chegados não são comprados e sei que a energia que deles emana é algo que me fortalece.
Então, desce o start.  Que continue o jogo! Ainda tenho muitas fases para passar até o momento do game over.
Seguimos sem medo.

segunda-feira, 24 de março de 2014

brincadeirinhas de gente grande

Costumo dizer que quem deixa morrer a criança que há dentro de si não está se tornando um adulto, mas um idiota. Por esse lado, até são bacanas algumas brincadeiras que tem surgido no Facebook. Ah, tá bom, umas são meio idiotas. Mas é brincadeira e brincadeira não pode ser levada a sério. Correto? Sim e não: sim porque o caráter lúdico tem que ser considerado; não porque desse comportamento podem surgir padrões que levem o descomprometimento para outras esferas da vida que não permitem esse tom descontraído, essa muvuca, podendo causar algum prejuízo à pessoa (cabe lembrar que até mesmo as brincadeiras tem regras estabelecidas).
Algumas pessoas já beberam uma quantidade "x" de cerveja para se livrarem da penalidade de terem que pagar uma caixa de cervejas pela negativa, tem as que beberam claras de ovo para se verem livres de pagar suplementos alimentares para os amigos, outras tiveram que publicar poesias/poemas para não terem que dar livros para quem as indicou, está surgindo uma onda de postar vídeo de rock´n´roll, enfim, sabe-se lá quantas tantas outras brincadeiras que existem e que ainda não chegaram até nossas redes sociais.
***
Pois bem, as brincadeiras que quero convidar todos a participar (embora saiba que nem todos irão entrar nelas) parecem simples. As iniciativas que pretendo desencadear estão, de certa forma, escassas na internet. Mas, sem delongas, vamos a elas?
Brincadeirinha 1Vamos buscar informações sobre a mesma coisa/notícia em diferentes fontes. Isso evita visões unilaterais e fragmentadas daquilo que estamos tento contato. Afinal, a coisa/notícia está a serviço de que?, de quem?, com quais finalidades? 
Brincadeirinha 2Antes de abrirmos fogo com comentários preconceituosos e ofensivos (o ideal é que eles não existissem, mas não são todas as pessoas que respiram e não se atiram de cabeça à impulsividade) vamos tentar compreender o que está sendo exposto do outro lado. Se ao menos tentarmos mudar o julgamento pela compreensão, já será um passo enorme.
Brincadeirinha 3: Tudo bem que a educação do nosso país não está no topo da lista das prioridades, mas abrir e fechar aspas antes de algo que vem de "ctrl c + ctrl v", o famoso copiar e colar, nunca fez mal a ninguém. Ah! E, além disso, citar a referência de quem escreveu ou de onde foi retirado também não dá processo. Pelo contrário, se apossar de conteúdos de outrem como se fosse uma criação própria sem menção é que é passível de processo (aquilo que tanto falam por aí, que assombra desde a educação básica até o ensino superior, plágio).
Brincadeirinha 4: Vamos tomar cuidado para não creditar a Platão uma frase ou trecho de texto de algo que foi seu vizinho que falou numa roda de amigos, ou publicar algo que destoe da teoria, do que pensava a pessoa que estamos citando.
Brincadeirinha 5: Quem achou esse post uma merda, ou que foi perda de tempo ter vindo aqui e lido até o final, poupe ao menos a minha mãe da sua ira. Ela não é uma puta. Mas se você pensa que o que foi exposto pode ser útil, incorpore tais brincadeirinhas nos teus afazeres.

Abraços, beijos e queijos.

terça-feira, 11 de março de 2014

15 MENTEs intantaneaMENTE

Sentidos 
dorMENTEs.
Tudo em paz, 
aparenteMENTE.
ProvavelMENTE
acorde mais tarde
abruptaMENTE
depois de um sonho 
inconsciente
que afetou minha 
MENTE
de forma 
potente
por ter agido 
impulsivaMENTE
ao invés de
cautelosaMENTE.
InfelizMENTE
há quem só se 
aliMENTE
daquilo que é inconsequente.
AliMENTE
positivaMENTE
sua MENTE.
E lembre-se que
MENTE
aquele que diz que não
MENTE
talvez querendo viver
eternaMENTE.

quarta-feira, 5 de março de 2014

I feel so good today

Em 06/03/2013 eu entrei no expediente do meu trabalho e dei de cara com uma notícia nada agradável na internet: Chorão havia sido encontrado morto em seu apartamento.
- Caraaalho! Que porra é essa?

Por onde naveguei, encontrei a notícia se espalhando de forma viral. As primeiras reações foram o choque e a negação. Impossível conter as lágrimas. Não lembro de uma vírgula do que fiz naquela manhã. Minha cabeça ficou confusa, viajando em ideias complexas. Menos mau que não fiz cagada que comprometesse meu trampo. O fato é que não tinha clima para nada.
De meio dia, em casa, minha mãe me perguntou o que tinha acontecido. Ela percebeu de cara que eu tinha ficado puto com alguma coisa. Uma lágrima caiu do meu rosto e eu disse que tinha perdido um irmão na madrugada que passou. Ela sacou o que estava se passando.  
Meu dia foi pesadíssimo. E algumas semanas que se seguiram após a morte do Chorão foram foda de enfrentar. A forma como a mídia sensacionalista acompanhou o caso me provocou ânsia de vômito. Me deu nojo também de muitos pela saco que sequer conheciam o cara, a música dele, a trajetória dele e saíram idolatrando ou fazendo críticas idiotas a respeito de tudo o que estava acontecendo.
Acompanhei o Charlie Brown Jr desde o primeiro álbum, lá em 1997. Aliás, primeiro CD de rock´n´roll que eu comprei foi Transpiração Contínua Prolongada. A cada lançamento da banda era uma corrida para ter na minha coleção mais um disco. E foi assim até poucos dias, com o La Família 013, o décimo primeiro lançamento da banda com o Chóris de front man. Tive a oportunidade de ver 4 shows da banda, com diferentes formações, num dos quais ganhei do Chorão uma lata de Red Bull. Aprendi com as músicas do Charlie Brown Jr mais do que aprendi com muitos professores que cruzei pela vida. Dessa estreita relação, resultou uma tatuagem em homenagem ao marginal alado.
Um ano amanhã que Alexandre Magno Abrão partiu. O Chorão deixou saudade. Ele ainda tinha muita coisa para viver, muita canção para compor e para cantar, muito palavrão para proferir nos shows, muitas pessoas para ajudar com os projetos que ele bancava. Mas nessa passagem pelos palcos da vida ele deixou muitos exemplos bons, muitas músicas boas, muitas lições de amor que muitos zé roelas deveriam aprender.
É uma honra ter tido a oportunidade de ver esse monstro em atividade. Que possamos levar adiante a energia contagiante desse gênio da nossa música.
Amem e amém!



quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Cabe uma vida entre a perda e o agora.

O foda de perder uma pessoa não é a saudade que dela fica, mas a saudade daquilo que não foi vivido. De certa forma isso é uma expectativa, uma ansiedade, uma frustração. Comigo é assim.
Do tempo da ausência até agora, quantas coisas bacanas poderiam ter acontecido? Quantas coisas para experimentar juntos? Quantos sorrisos, quantas lágrimas? Quantos pôr do sol, quantas luas cheias? E os banhos de chuva, as conversas fiadas, as experiências de vida para compartilhar? Bah, que merda hein!? 
Cabe uma vida entre a perda e o agora.  
Essa saudade daquilo que não foi vivido às vezes me acerta em cheio. Menos mau que ficaram boas lembranças, momentos inesquecíveis, registros que nada nem ninguém é capaz de apagar da alma e do coração. E isso é o que me dá forças para seguir.

"Será que a brisa vai me levar até você?
Será que vai conseguir me ouvir?
Mas se pudesse estar aqui sentindo o oceano e do meu lado visse o sol cair, iria me deixar feliz. 
Queria que estivesse aqui."



Você faz falta, campeão.
Saudade enorme.