Originalidade?

Minha história se fez e se refaz com resquícios de tudo que encontra minhas circunstâncias. O que se apresenta para minha representação pode (ou não), em maior ou menor relevância e intensidade, ser incorporado à forma com que entendo o mundo.
As tintas com as quais pinto as telas da minha existência são variadas. Algumas cores já foram utilizadas por muitos outros artistas e integram minhas obras por serem ainda vivas, intensas; outras matizes, por sua vez, são inéditas, mesclas de algumas cores que ninguém antes havia ousado em compor.
Se alguém sentir-se lesado por algum escrito, favor me comunicar por e-mail que tentaremos resolver isso.
Divirta-se ou se entristeça.
Boa viagem!

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

As decisões às vezes passam por um clic

Estou me cansando de ouvir lamúrias e choramingos a respeito da grade de programação da televisão brasileira. Isso vale tanto para os canais abertos quanto para os exclusivos para assinantes.

Volta e meia alguém reclama:
- Na parabólica não nada de interessante para olhar.
Ou então: 
- A tv por assinatura só tem mesmo quantidade de canais. Qualidade que é bom, nada.
A pergunta que eu faço para essas pessoas é se o único meio de entretenimento que existe no mundo é a tv.
Parece que não existe atividade física, leitura, conversa com outras pessoas, estudos ou seja lá o que for.

Tem algumas que falam mal do Big Brother, por exemplo, mas não perdem um capítulo do programa. Eu gostaria de entender o que se passa. Talvez a logística dos programas consigam de fato alienar grande parte dos telespectadores.

Ora, se não gosta de consumir determinada coisa, não consome, se controla, muda de hábitos, abondona o comodismo e a mesmice.

Neste sentido, o controle remoto ou os botões dos aparelhos (talvez alguns até já tenham comando de voz) é uma ferramenta e tanto. Algo não te agradou? Muda de canal. Ou assiste e tenta incorporar algo de bom daquilo para tua vida. Ou aproveita as asneiras para não repetir em suas vivências. Ou desliga o aparelho.

O que não pode mais acontecer, poooor favor, é alugar meus ouvidos para reclamações que não vão levar a lugar algum.

Quem me dera eu tivesse um controle remoto para acionar o "mute" de algumas pessoas...

Abraçosss.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Singularidades

Da mesma forma que algumas pessoas necessitam
de uma luz no fim do túnel,
outras precisam de um túnel no final da luz.
Esse é mais um dos motivos que demonstra a diversidade, a diferença, a pluralidade que existe entre os viventes deste mundo.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Às vezes é assim

O dito popular "quem cala, consente" é verificável em muitas ocasiões.
Nos cenários político e social atuais me parece que tem gente que se cala mesmo não consentindo. Muitas pessoas que teriam grande influência e poder de esclarecimento e de decisão se omitem, ficam totalmente passivas. Talvez pela grana que tem, que certamente trás alguma comodidade que os impede de sair d´uma zona de conforto, talvez por medo sabe-se lá de que, talvez por se sentirem ameaçados, talvez por terem o rabo preso com algo ou com alguém, ou por tantos outros motivos que a gente não consegue conjecturar.
Algumas coisas são tão certas como 2 + 2 = 4. Basta querer abrir os olhos.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Sobre o carnaval

Bem... Cada qual com sua estrutura, seu modo de ser, seu jeito, seus gostos, etc. e tal.
Não tenho a mínima pretensão de ofender alguém ou algum estilo de vida. Quero apenas que minha meia-dúzia de leitores reflitam e cheguem às conclusões que lhes forem pertinentes. 
E segue a vida.



"Ontem foi quarta-feira feira de fogo e eu não vejo a hora de chegar a quarta-feira de cinzas. Não, não é que eu seja inimiga do carnaval – até já brinquei muito em clubes, nos blocos, nas prévias, fui até Olinda em plena terça-feira de carnaval. Portanto, vou falar com conhecimento de causa e revelar algumas verdades que eu encontrei por trás da fantasia do carnaval.
A primeira delas: “O carnaval é uma festa genuinamente brasileira”. Não, não é. O carnaval tal como nós o conhecemos surgiu na Europa, durante a era vitoriana, e se espalhou pelo mundo afora, adaptando-se a outras culturas.
Segunda falsa verdade: “É uma festa popular”. Balela. O carnaval virou negócio, e dos ricos. Que o digam os camarotes vip, as festas privadas e os abadas caríssimos chamadas passaportes da alegria. E quem não tem dinheiro para comprar aquela roupinha colorida não tem também o direito de ser feliz? Não tem não!
E aqui na Paraíba, onde se comemoram as prévias, não é muito diferente, não. A maioria dos blocos vive às custas do poder público e nenhuma atração sobe no trio elétrico para divertir o povo só por ser o carnaval uma festa democrática. Milhões de reais são pagos a artistas da terra (e fora dela) para garantir o circo a uma população miserável, que não tem sequer o pão na mesa.
Muitas coisas hoje me revoltam no carnaval. Uma delas é ouvir a boa música ser calada à força por hits do momento como o “melô da mulher maravilha” e similares que eu não ouso nem citar. Eu fico indignada quando vejo a quantidade de ambulâncias disponibilizadas num desfile de carnaval para atender aos bêbados de plantão e valentões que se metem em brigas e quebra-quebra. Onde estão essas mesmas ambulâncias quando uma mãe precisa socorrer um filho doente, quando um trabalhador está enfartando, quando um idoso do interior precisa se deslocar de cidade para se submeter a um exame? Eu me revolto em ver que os policiais estão em peso nas festas para garantir a ordem durante o carnaval e no dia-a-dia falta segurança para o cidadão de bem exercitar o simples direito de ir e vir.
Mas o carnaval é uma festa maravilhosa. Dizem até que faz girar a economia, que os pequenos comerciantes conseguem vender suas latinhas, seu churrasquinho. Olha, se esses pais de família dependessem do carnaval para vender e para viver passariam o resto do ano à míngua. Carnaval só dá lucro para dono de cervejaria, para proprietário de trio elétrico e para uns poucos artistas baianos. No mais, é só prejuízo.
Alguém já parou para calcular o quanto o Estado gasta para socorrer vítimas de acidentes causados por foliões embriagados? Quantos milhões são pagos em indenizações por morte ou invalidez decorrente desses acidentes? Quanto o poder público desembolsa com procedimentos de curetagem, que muitas jovens se submetem, depois de uma carnaval sem proteção que gerou uma gravidez indesejada? E isso sem falar na quantidade de DST´s que são transmitidas na festa em que tudo é permitido.
Eu até acho que o carnaval já foi bom, mas isso foi nos tempos de outrora".
Rachel Sheherazade. 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Filosofia Clínica, como assim?

            Minha intenção com as breves considerações a seguir é dar luz do que seja esta abordagem terapêutica que vem ganhando campo tanto em território nacional quanto internacional. Longe de minha alçada está o objetivo de encerrar o assunto. Pelo contrário, quero provocar e convidar o leitor a buscar mais informações a respeito da Filosofia Clínica.
            A Filosofia Clínica foi sintetizada pelo filósofo Lúcio Packter na década de 1990. Packter fundamentou esta abordagem terapêutica, entre outras teorias, com base no logicismo formal, no empirismo, na analítica da linguagem e essencialmente na fenomenologia. Filósofos como Protágoras, Platão, Aristóteles, Bertrand Russell, Schopenhauer, Locke, Berkeley, Kant, Karl Popper, Georg Cantor, Wittgenstein, Levi-Strauss, Deleuze, Foucalt, Paul Ricoeur, Searle, Gadamer, Merleau-Ponty, Jaspers, Heidegger, entre tantos outros tiveram suas teses adaptadas à clínica filosófica.
            Aqui já cabe um pedido de atenção. Tais filósofos e correntes filosóficas apenas fundamentam os métodos da Filosofia Clínica. Isso não quer dizer que nos atendimentos o filósofo clínico irá utilizar obras e teorias com seu partilhante, como ocorre no aconselhamento filosófico ou na filosofia prática.
            Adiante. Falamos em métodos, certo? Correto, pois em Filosofia Clínica não há um método rígido. O que existe são possibilidades de aplicação que se adaptam à singularidade do partilhante e à demanda clínica. Claro que algumas particularidades precisam ser respeitadas, como, por exemplo, estabelecer interseção com o partilhante (condição indispensável para o andamento do trabalho), respeitar suas singularidades, buscar compreender o que está se passando com ele e ter cuidado com os agendamentos (acompanhar o partilhante e não direcioná-lo inadvertida ou aleatoriamente).
             Packter nos diz, no Caderno A, que “o objetivo da clínica filosófica é, tanto quanto possível, reconhecer e entender as interseções (choques) entre tópicos da Estrutura de Pensamento e em seguida utilizar os submodos (procedimentos clínicos) para tentar trabalhar essas interseções tópicas”. Como fazer isso? Veremos adiante, mas antes vamos falar da Estrutura de Pensamento, ou EP.
            A EP é tudo o que habita a pessoa, a forma como ela vê o mundo e a si mesma, suas representações, emoções, buscas, valores, crenças, enfim, é o modo como a pessoa está existencialmente. O filósofo clínico cataloga a historicidade do partilhante em 30 tópicos estruturais, cada qual com seu peso e determinância no todo da EP. Não é o caso de encerrar o ser humano em apenas 30 tópicos, ocorre que os tópicos se inter-relacionam e formam infindáveis formas de ser no mundo, tal como uma mistura de matizes de cores ou as letras do alfabeto formando palavras, frases, textos, etc.
            Os atendimentos terapêuticos contribuem para o acúmulo de experiência do filósofo clínico, porém, visto que cada pessoa é um universo distinto, nunca os atendimentos serão iguais para diferentes partilhantes; o filósofo clínico não sabe de antemão o que encontrará em cada singularidade que o procurará.
            Pois bem. Algo levou uma pessoa a procurar pelos trabalhos do filósofo clínico. Esta pessoa é denominada partilhante. A pessoa não é chamada de paciente ou de cliente, como em algumas outras abordagens psicoterápicas e outras áreas do conhecimento a concebem. Os motivos? Paciente remete a alguém doente que está (paciente) entregue aos cuidados de outrem, o que não ocorre em Filosofia Clínica, visto que aqui não utilizamos a nomenclatura de normalidade e patologia, saúde e doença. E cliente não se aplica por conter certa frieza e um ar meramente comercial. Trabalhamos com pessoas, com existências, então nada mais justo que denominar partilhante a pessoa que irá compartilhar os caminhos existenciais com o terapeuta, com o filósofo clínico.
            Então o partilhante chega ao consultório. Não necessariamente as sessões são entre quatro paredes. Alguns preferem fazer a terapia num café, ou num parque, ou numa praça, ou caminhando em alguma direção. São várias as possibilidades. Há o encontro entre partilhante e filósofo clínico, o que este fará? A princípio conversará informalmente com o partilhante, ouvirá o que o trouxe à clínica, explicará em termos gerais como se dá a terapêutica filosófica e falará como serão os encontros. É um exemplo didático, que nem sempre se dá nesta ordem.
            O assunto que a pessoa inicialmente trouxe à clínica pode não ter nada a ver com o que realmente será trabalhado na terapêutica. Pode ser apenas algo sintomático, uma queixa que resulta de alguma outra demanda. O assunto último, aquele que norteará o planejamento clínico é elucidado no decorrer da clínica. Às vezes é fácil identificá-lo, às vezes é muito trabalhoso para o clínico, dependendo do caso. 
             Então o filósofo clínico pedirá que o partilhante fale sobre sua história de vida, o que ele lembra desde os tempos mais remotos. Como história é o que de fato ocorreu e o relato disso não é mais história, sim uma interpretação do que foi vivenciado, a isso chamamos historicidade. Alguns elencam aspectos desde o início da vida, 2, 3 anos. Outros só passam a lembrar de episódios a partir de 5, 6 anos, da época da escola e assim conforme a singularidade de cada um. Alguns não conseguem retomar do início e o caminho é ir retrocedendo cada vez mais até chegar ao passado. É impressionante como cada pessoa possui uma estruturação única, singular, inigualável.
            O filósofo não direcionará a narrativa do partilhante, tampouco interromperá com questionamentos por hora inúteis. Agora o que se busca é ordenar a historicidade e o filósofo utilizará suas ferramentas para tanto. Não é à toa que a formação em Filosofia Clínica exige, em média, 3 a 4 anos para ser concluída, pois envolve clínicas didáticas e estágios supervisionados, tudo devidamente registrado e acompanhado pelo Instituto Packter, pelos Centros de Formação e pelo Conselho de Ética da ANFIC – Associação Nacional de Filósofos Clínicos.
            E se a pessoa não utiliza a fala como meio de expressar? Se ela fala dela mesma, de sua historicidade através da escrita, ou por desenhos, ou por esculturas? Cabe ao filósofo clínico trabalhar com a pessoa através do que é mais producente a ela. Ele tem habilidades para não deixar que isso seja um empecilho à clínica.
            O conteúdo da historicidade é o que preencherá os tópicos da EP, que o filósofo monta quando esgotada esta primeira etapa da clínica. Quanto tempo isso leva? Talvez semanas, ou meses, dependendo de como é a historicidade que se apresenta diante dele. Ao mesmo tempo que o filósofo está atento à forma como a pessoa está estruturada, como está a EP desse partilhante, ele verá como a pessoa costumeiramente resolveu seus problemas no decorrer da vida. Isso é de grande valia para o desenvolvimento da clínica.
            Agora que a o filósofo clínico já sabe o assunto último, aquele que precisa ser trabalhado e que a EP do partilhante já está montada, resta organizar o planejamento clínico e aplicar os procedimentos clínicos, também chamados de submodos, com o partilhante. São 32 procedimentos clínicos que podem ser utilizados individualmente ou mesclados, dependendo do objetivo clínico. Os submodos podem compor uma variedade enorme de possibilidades de aplicação, semelhante ao que ocorre com os 30 tópicos da EP.
            O filósofo saberá o que pode fazer e como fazer para ajudar a pessoa, pois a trajetória da clínica o permite a chegar a tais conclusões. Os choques estruturais que fizeram a pessoa procurar a terapia foram identificados e o filósofo trabalha com o partilhante novos caminhos para o exercício existencial.
            Vale ressaltar que a terapêutica em Filosofia Clínica parte da pessoa, ou seja, não é algo estabelecido aprioristicamente. Os rumos do trabalho se dão de acordo com o que está sendo visto no diálogo das singularidades. Como cada pessoa possui uma estruturação, é digno que a terapêutica dela seja aplicável a ela e de forma que não afronte seu modo de ser no mundo.
            Espero ter dado uma explanada de modo que tenha possibilitado o entendimento, ao menos em termos gerais, de como a Filosofia se tornou Clínica e de como se dá o processo terapêutico nessa abordagem. Como dito no início, não é em alguns parágrafos que se encerra uma explicação ou caracterização da Filosofia Clínica. Fica, então, o convite para buscar mais informações e conhecer mais sobre os temas aqui relacionados.
            Em www.filosofiaclinica.com.br é possível ler e baixar o livro Propedêutica, de Lúcio Packter e ter acesso a outros conteúdos. Lúcio possui outros títulos publicados, assim como Monica Aiub, Helio Strassburger, José Maurício de Carvalho, Marta Claus, Nichele Paulo e mais alguns filósofos clínicos e especialistas da área que apresentam a Filosofia Clínica em seus mais variados aspectos.
*Everton Augusto Corso, especialista em Filosofia Clínica,  Centro de Filosofia Clínica de Chapecó/SC.