Originalidade?

Minha história se fez e se refaz com resquícios de tudo que encontra minhas circunstâncias. O que se apresenta para minha representação pode (ou não), em maior ou menor relevância e intensidade, ser incorporado à forma com que entendo o mundo.
As tintas com as quais pinto as telas da minha existência são variadas. Algumas cores já foram utilizadas por muitos outros artistas e integram minhas obras por serem ainda vivas, intensas; outras matizes, por sua vez, são inéditas, mesclas de algumas cores que ninguém antes havia ousado em compor.
Se alguém sentir-se lesado por algum escrito, favor me comunicar por e-mail que tentaremos resolver isso.
Divirta-se ou se entristeça.
Boa viagem!

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Às vezes vale mais imaginar do que ver

Semana passada comentei com algumas garotas que ando com uma tendência a me apaixonar por mulheres que usam calça jeans. Siim, falei mesmo isso. E depois, pensando um pouco mais, percebi que não é tanta babaquice assim. Oras, em alguns lugares que vou estou acostumado a ver coxas torneadas e pedacinhos de nádegas à mostra em shorts e vestidos minúsculos...
      
Sei que me e se perguntarão se a roupa que uma pessoa usa diz alguma coisa sobre ela. Pois eu respondo: às vezes a roupa é, sim, uma maneira que a pessoa usa para se expressar; noutras vezes, nem de longe. E isso quem indica não sou eu, nem você, mas a pessoa em questão.

Continuando. Eu admiro o corpo feminino. Ah, o corpo feminino! Quantos encantos e enigmas podem haver nesse ser que foi feito carinhosamente a partir das costelas de Adão (ah, vamos fingir que todos acreditamos nessa parte da historinha da criação).
Pois bem, que padrão de beleza encontramos na nossa época? O corpo torneado, durinho, produzido ou na academia ou desenhado nas mesas cirúrgicas das clínicas de estética. Para muitas pessoas o que importa é isso mesmo. Mas também tem a contraposição: para muitas outras o corpo é apenas uma das tantas dezenas, centenas ou milhares de coisas que se tem na vida. 

Unindo a questão da roupa curta e a do corpo sarado, trago aqui algumas palavras do Ferreira Gullart, que foi de onde veio essa minha inquietação para escrever. Ele diz o seguinte: "antigamente a mulher não mostrava nem o pé ao namorado. Hoje muitas delas mostram a bunda em público, protegida apenas por um fio dental. A principal virtude dessa nova mulher é a bunda".
E logo adiante, continua: "que importância se dará aos joelhos de quem já se viu a bunda? Às vezes vale mais imaginar do que ver".
Gullart expressa isso no sentido erótico da coisa. Ora, o que está toda hora à exposição destrói o caráter imaginativo. Nessa perspectiva o corpo como cartão de visitas pode tanto causar o interesse quanto o desinteresse. E isso não depende só de quem se exibe, mas também de quem observa.


Mulheres que usam calça jeans, cuidado que eu me apaixono, hein?!
=)

domingo, 11 de agosto de 2013

Existe alguma fórmula mágica que te faça entender alguma coisa sem ao menos eu falar contigo? Telepatia ou alguma outra conexão através de pensamentos? 
Talvez nem seja o caso de te fazer entender, mas de te confundir. Ou, quem sabe, de te fazer sentir. Afinal, isso quebra a lógica racional, ultrapassa os limites das nomenclaturas, está para além daquilo que pode ser dito. 
Eu estava me sentindo bem, mas tua companhia me deixou melhor ainda. Peguei carona nas tuas asas. Fui às alturas contigo. Quando caí de volta para o chão nem pensei em me entristecer por ter te deixado partir. Pelo contrário, passei um bom tempo divagando e curtindo a sensação extasiante de poder ter estado em outro plano contigo. Afinal, não é todo dia que se embarca numa viagem assim.
O portal não se fechou. Quando me destes as costas, tua ida em direção contrária não significou um adeus, mas um até breve. E mesmo que isso demore uma eternidade, não esquecerei da suavidade na qual fui envolto.
Eu disse que não agradeceria, mas o fiz e estou novamente emanando minha gratidão a você, que de alguma forma ou de outra vai saber e vai sentir isso.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Saú(da)de!

Dia dos Pais se aproximando. 
Mais uma data para movimentar o comércio. Mas não dá para negar que também é uma data para desengessar o coração, para dar aquele abraço forte no "velho", no "coroa". Privilégio para quem tem o pai ao alcance. 
Sou da opinião que a figura de pai e de mãe ninguém substitui. Os papeis de ambos até podem ser se configurar com pai fazendo papel de mãe ou essa fazendo papel de pai. Mas a pessoa, a figura, essa nada nem ninguém substitui. Falo isso segundo as minhas prerrogativas. Sei que existem diferentes formas de ser no mundo e não é minha pretensão que todo mundo pense, sinta, se comporte da mesma forma. 

Já vi o mundo desabar nos meus ombros algumas vezes. A perda do meu pai foi uma delas. Mas aprendi a lição de ser forte, independente do que surja. Como cantou Chorão "quando a casa cai não dá pra fraquejar. Quem é guerreiro tá ligado que guerreiro é assim." É mais ou menos isso que me norteia. Desistir sem lutar não é comigo. Não para ser melhor que alguém, mas para ser melhor que fui ontem. E na maioria das vezes o aprendizado está sendo relevante. Como o marginal alado versou "vivendo nesse mundo louco hoje só na brisa, viver pra ser melhor também é um jeito de levar a vida."

Hoje faz 5 meses da morte do Chorão, o marginal alado. Final de semana é o 9º Dia dos Pais que o meu não está mais nessa jornada. Duas pessoas, cada qual com suas singularidades e dons, que deram a muitas a alegria de terem pisado na terra. 
A saudade é grande. Mas os ensinamentos repassados os fizeram imortais em minha mente e em meu coração e servem como antídoto.

Um brinde à saúde e à saudade.
Saú(da)de! 

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

loucura no amor e razão na loucura

"É verdade: amamos a vida não por estarmos habituados à vida, mas ao amor.
Há sempre alguma loucura no amor. Mas também há sempre alguma razão na loucura.
E também a mim, que sou bem-disposto com a vida, parece-me que borboletas e bolhas de sabão, e o que há de sua espécie entre os homens, são quem mais entende de felicidade.
Ver esvoejar essas alminhas ligeiras, tolas, encantadoras e volúveis leva Zaratustra às lágrimas e ao canto.
Eu acreditaria somente num deus que soubesse dançar."

Nietzsche, Assim falou Zaratustra

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O homem como invenção de si mesmo

Saudações, terráqueos!
Minha leitura da madrugada foi bem interessante. Depois daquele café forte que eu sabia no que ia dar, fiquei zumbiziando até umas horas. O suficiente para ler O homem como invenção de si mesmo - monólogo em um ato, do Ferreria Gullar. Um livro de 70 páginas que na verdade foi pensado para ser uma peça teatral. Segue, então, um esqueleto do que se trata e, claro, alguns recortes literais da obra.

A temática central gira em torno do título da obra, ou seja, o homem como invenção de si mesmo. O autor afirma que a obra consiste em explicitar a teoria segundo a qual "a vida é inventada e que nós mesmos nos inventamos". 
Nos primeiros passos, ou nas primeiras páginas, surge a questão da inserção do bicho homem a uma cultura, o que nos torna seres humanos. Somos, então, seres naturais, constituídos por traços biológicos, naturais; por outro lado, somos seres culturais, o que nos permite a criação, a inventividade. "O homem quando nasce é ninguém. Ele se torna gente pela educação, pela cultura, pelo que lhe ensinam. Ele já encontra um mundo humano inventado e nele se integra; outros decidem reinventá-lo."
Tão logo inicia essa reflexão, aflora a questão de uma divindade. Para Gullar, "Deus é de fato a resposta que o homem encontrou para a mais angustiante de todas as perguntas: a vida tem sentido?" Segundo ele a resposta é negativa. "A vida não tem sentido. Nós é que lhe atribuímos sentido." A tese do autor é que o próprio homem inventou Deus para, de certa forma, responder inquietações que a consciência nos impõe, tais como "por que existo? Por que terei que morrer um dia? Será a morte o fim de tudo?" Para preencher a sensação de desamparo e lançar esperança numa vida após a vida terrena é que o homem criou a imagem do sobrenatural. Afinal, "é insuportável viver ao sabor do acaso, sujeito a forças que a gente não controla. Mais uma razão para existir Deus, Ele é o oposto do acaso. A Providência Divina nos faz acreditar que estamos protegidos, que vivemos em segurança".
Intrínseca a essa reflexão sobre a divindade está a temática das religiões. Elas ditam o que é certo e o que é errado e isso faz com que, desde cedo, as crianças aprendam a seguir a cartilha. O pensamento ou comportamento que destoe do que pregam os dogmas religiosos é considerado pecado. E quem peca ou se arrepende e não comete mais o erro, ou vai paro o inferno. Isso mesmo. Inferno, outra invenção humana carregada de significado religioso. Imagina então como fica a cabeça de uma criança com toda essa coação...
Pois bem, o primeiro pecado tem a ver com Adão e Eva. Portanto, muitos dos tabus, preceitos e preconceitos sexuais vem daí. E eu pergunto, o que eu e você temos a ver com pecado original? A condenação do sexo a ponto de torná-lo pecado é um dogma insustentável, segundo o autor, pois sexo é uma coisa natural, animal, instintual. Para dar uma falsa impressão de liberdade a Igreja Católica diminuiu o ímpeto a passou a permitir o sexo, desde que os casais se unam de acordo com as leis da igreja. "Mas só pode transar se for para procriar. Transar por transar, só para ter prazer, não pode. Nada de sacanagem, beijinho aqui, beijinho ali, mãozinha, dedinho, nada disso. Trepar é coisa séria. Papai-mamãe. Meteu, gozou, tirou e pronto. Nada de ficar gemendo, revirando os olhos, se torcendo de gozo na cama. Quem faz isso só pode estar com o Diabo no couro."
Retomando e finalizando, ao mesmo tempo. O homem é invenção dele próprio, ele se inventa e se reinventa de acordo com sua constituição animal, no contato com a cultura e o que advém dela e segundo a significação que atribui ao que se lhe apresenta. É isso o que expressa o conceito de constituição bio-psico-social. 
Creio que esses sejam os principais pontos desse pequeno livro, mas com profundo conteúdo filosófico, religioso, psicológico.
Quem refletiu até aqui provavelmente tem alguma coisa para refutar, para acrescentar, para criticar. Fique à vontade para tanto.


Fica a indicação de leitura dO homem como invenção de si mesmo.

Adiós.

Abrazo.