Originalidade?

Minha história se fez e se refaz com resquícios de tudo que encontra minhas circunstâncias. O que se apresenta para minha representação pode (ou não), em maior ou menor relevância e intensidade, ser incorporado à forma com que entendo o mundo.
As tintas com as quais pinto as telas da minha existência são variadas. Algumas cores já foram utilizadas por muitos outros artistas e integram minhas obras por serem ainda vivas, intensas; outras matizes, por sua vez, são inéditas, mesclas de algumas cores que ninguém antes havia ousado em compor.
Se alguém sentir-se lesado por algum escrito, favor me comunicar por e-mail que tentaremos resolver isso.
Divirta-se ou se entristeça.
Boa viagem!

terça-feira, 26 de maio de 2015

O preço que se paga não é alto demais quando o valor é inestimável *

Minha mãe herdou um costume de minhas avós (na real, herdou vários - mas esse é especificamente o que vou utilizar para ilustrar o que estou querendo dizer): guardar coisas arcaicas. Mudança sendo organizada, embrulha daqui, encaixota dali, ensacola acolá e de repente "ah, eu não queria me desfazer disso!". Não preciso nem estar vendo o que é, mas só de ouvir algo do gênero sei que o "disso" a que ela se refere é, bem provavelmente, algo que estava guardado há tempos e que, mais provavelmente ainda, nem voltará a ser utilizado. Uma panela furada, um eletro-eletrônico que nem liga mais, uma máquina de escrever com os botões encravados, uma roupa de mil novecentos e setembro...
Pois cada uma dessas coisas tem um valor maior que o preço que possuem. Estão registradas na alma, no coração da minha mãe que a panela foi presente de um tio meu, ainda antes de ela ter deixado a casa dos pais; o rádio a pilhas foi a primeira coisa que ela comprou com o dinheiro do seu primeiro salário; a máquina de escrever lhe traz à memória os momentos íntimos em que nela escrevia cartas apaixonadas para meu pai; a blusa fora comprada em sua primeira viagem ao exterior... 
-   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -
Um colecionador que paga um preço altíssimo por um vinil do Beatles, alguém que paga um preço alto para ver um show do U2, outro que dá uma nota preta por um carro do ano, um vinho que é comprado por preço de três dígitos antes da vírgula e tantos outros exemplos possíveis. Isso aponta que, provavelmente, para a pessoa que paga, o valor é maior que o preço estipulado pelo mercado. Também pode ser indicativo que, para quem julga ser alto o preço, tal coisa não tenha tanto valor. 
-   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   
O valor às vezes transcende os cifrões, vai além dessa referência.
Algumas coisas valem muito mais que seu preço. Pode-se dizer, até, que são coisas que não tem preço.
-   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -   -  
O preço que se paga não é alto demais quando o valor é inestimável. 

* reflexão sobre o preço e o valor que brotou do título desta canção