Originalidade?

Minha história se fez e se refaz com resquícios de tudo que encontra minhas circunstâncias. O que se apresenta para minha representação pode (ou não), em maior ou menor relevância e intensidade, ser incorporado à forma com que entendo o mundo.
As tintas com as quais pinto as telas da minha existência são variadas. Algumas cores já foram utilizadas por muitos outros artistas e integram minhas obras por serem ainda vivas, intensas; outras matizes, por sua vez, são inéditas, mesclas de algumas cores que ninguém antes havia ousado em compor.
Se alguém sentir-se lesado por algum escrito, favor me comunicar por e-mail que tentaremos resolver isso.
Divirta-se ou se entristeça.
Boa viagem!

terça-feira, 24 de março de 2015

De braços abertos para a morte

Vez ou outra me deparo com a morte. Ou melhor, algumas vezes me vem à cabeça este tema, este assunto, este conceito. Mas o que sabemos, eu e você, sobre ela? Sabemos tão pouco da imensidão da vida; quem dera soubéssemos sobre a morte... Podemos especular, mas nossas limitações apenas nos permitem levantar hipóteses, conjecturas, possibilidades. Afinal, como disse Epicuro, filósofo grego que viveu antes de Cristo, "Enquanto eu sou, a morte não é; e, quando ela for, eu já não serei. Por que deveria temer o que não pode ser enquanto sou?".
Na minha opinião, a vida é cheia de pequenas e de grandes mortes. Alguns de nossos sonhos já estão mortos e enterrados há tempos. Algumas fases de nossa vida também padeceram e deixaram de existir. Alguns comportamentos também falecem. Uma árvore que tinha no jardim de casa e que não mais está lá. Um animalzinho de estimação que morreu. Um ente querido, familiar ou amigo, que partiu dessa vida. E um tanto de outros exemplos. Viram só!? Direta ou indiretamente, a tal de morte nos visita, passa bem pertinho da gente, às vezes até esbarra no nosso ombro. "Tu não escapa, reles mortal, a tua hora também vai chegar. Me aguarde." E não tem choro. Aqui na terra nossa validade é limitada. Podemos até não saber quanto tempo ainda temos pela frente. Mas vai chegar a hora do apagão. Deixaremos de ser; a morte será. 
Diante disso, do inesperado, do fluir, do movimento, cabe a cada um viver. Algumas criaturas vão vivendo conforme a música do Zeca Pagodinho"deixa a vida me levar, vida leva eu". Já outras, preferem o coro do Geraldo Vandré e fazem a hora, não esperam acontecer. Quem sou eu e quem é você para julgarmos como o outro deve viver?! Quero mais é que cada pessoa siga seu caminho existencial conforme suas singularidades, de acordo com a estruturação única que cada ser possui.
Medo da morte? Às vezes tenho receio de perder algumas pessoas que são importantes para mim, seja para qual tipo de morte for. Mas medo da minha morte, não tenho nem um pouco. Eu vivo intensamente. Tenho uma história de amor com cada dia da minha existência. Tento deixar claro para quem me rodeia que se meu último dia de vida for hoje, terei aproveitado minha estada aqui. Não sei se isso servirá de consolo para quem ficar quando eu partir, mas é assim que gostaria que pensassem quando eu morrer. 
Lembro sempre de Quintana, que expôs com uma lucidez incrível um de seus pensamentos sobre a morte: "Um dia, pronto! Me acabo. Pois seja o que tem de ser. Morrer, que me importa? O diabo é deixar de viver." Sendo a vida um requisito para a morte, estou aproveitando bem cada disciplina do curso. Só que, ao invés de diploma, o que vou receber é um caixão, uma urna fúnebre... Pois então, seja qual for a hora - claro que quero alongar meu tempo aqui - te espero de braços abertos, morte. Pena que não poderemos nos abraçar, pois só há espaço e tempo para um de nós. Enquanto não me consomes por completo, continuarei espalhando os abraços para os meus chegados e ficarei tentando convencê-los de que não há motivos para temê-la...

Seguimos.