Originalidade?

Minha história se fez e se refaz com resquícios de tudo que encontra minhas circunstâncias. O que se apresenta para minha representação pode (ou não), em maior ou menor relevância e intensidade, ser incorporado à forma com que entendo o mundo.
As tintas com as quais pinto as telas da minha existência são variadas. Algumas cores já foram utilizadas por muitos outros artistas e integram minhas obras por serem ainda vivas, intensas; outras matizes, por sua vez, são inéditas, mesclas de algumas cores que ninguém antes havia ousado em compor.
Se alguém sentir-se lesado por algum escrito, favor me comunicar por e-mail que tentaremos resolver isso.
Divirta-se ou se entristeça.
Boa viagem!

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Dos meus causos com Carpinejar


Quem tiver paciência de ler descobrirá do que se referem as imagens*

Abril de 2013. Final de semana. Chapecó/SC. Na sexta, show da Bidê ou Balde. No sábado era para ter Paul Di´Anno, ex vocalista do Iron Maiden, mas o cara cheirou até o limão da tequila no hotel e não teve condições de se apresentar. Percebi que a esmola era demais quando os garçons da casa começaram a distribuir chopp de cortesia para o público que estava em fila e eufórico do lado de fora. Estava explicado o porque do mimo.
No domingo acordei mais cedo que o habitual nos outros domingos e passei em Nonoai/RS, onde teria uma palestra do Fabrício Carpinejar. E teve. Evento fechado. Entrada apenas para quem estampava um crachá no peito. Perguntei para uma meia dúzia de organizadores se teria como assistir, nem que tivesse que ficar em pé, escorado na parede ou sentado no chão. Sem chance. Aliás, deselegância geral daqueles rostos marrentos. Porra! Carpinejar atravessando uma praça, tomando seu chimarrãozinho, sorridente, espontâneo e os tiozinhos da organização com cara de quem comeu e não gostou. Ah, dá licença!
Dei uns passos na direção daquele ser nada discreto em sua maneira de se vestir, estendi a mão para ele, que prontamente apertou minha mão, antes passando para o braço esquerdo o casaco que segurava com a mão direita. Pedi para tirar uma foto com ele. Fui atendido na hora. 
Depois do flash, olhei para o lado e vi que algumas pessoas prestavam atenção ao nosso encontro. Posei de entrevistador e perguntei se dava para registrar em áudio nossa conversa. Tendo sua autorização, fiz de conta de usava o celular como captador de áudio. Comecei a perguntar de onde vem inspiração e disposição para tantos trabalhos, livros, artigos em jornais, revistas e blogs, mais o Consultório Sentimental, mais o programa A Máquina na TV Gazeta e tantas outras coisas que fazem parte do seu cotidiano agitado. Gentilmente ele conversou comigo como eu jamais havia imaginado.
Ele percebeu que eu o conhecia ou que, no mínimo, acompanhava seus trabalhos de alguma forma. E eu, que até poucos minutos estava esbarrando na entrada do evento pela falta de credencial, agora estava adentrando a passos lentos para assistir a palestra do Fabrício bem acomodado numa cadeira estofada...
***
Novembro de 2013. A Escola José Antônio Ferronato, em parceira com a Secretaria da Educação de Três Palmeiras/RS, estava promovendo uma palestra do Carpinejar. Alguém precisava buscá-lo no aeroporto em Chapecó/SC e depois levá-lo até lá para que pegasse voo de volta para Porto Alegre. O pessoal da escola e da prefeitura me fizeram um favor de confiar a mim essa tarefa. O voo chegou em Chapecó às 8h, a palestra em Três Palmeiras estava marcada para às 9h e às 11h20min era o horário do voo de volta para a capital gaúcha. A "missão quase suicida" conforme descreveu Carpinejar logo ao me cumprimentar, era de tirar o fôlego. E realmente foi. 
Tive a oportunidade de conversar com Fabrício sobre vários assuntos. Incrível como pareceu que nos conhecíamos há tempos. Rimos juntos, fizemos desabafos terapêuticos um com o outro, ouvimos um bom rock´n´roll, apreciamos a natureza. Cheguei apresentando-o aos organizadores da palestra, providenciei um cafezinho para ele. Assessoria completa. 
Na volta ele autografou meu livro, com dedicatória, e ainda usou-o como tela para uma frase que, logo após fotografar, postou no Facebook e no Instagran. 
Que experiência ímpar para mim! Ele talvez tenha esquecido nos dias seguintes, mas eu vou levar na bagagem por um bom tempo.
***
*As fotos do início do post são da dedicatória, "Para Everton, meu chofer de luxo do Rio Uruguai. Beijo. Carpinejar" e da frase que ele postou em suas redes sociais.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

indiferença é a morte?

Dá o play aí e vai curtindo o som enquanto lê. 

Garanto que são poucas pessoas que conhecem essa pérola.

Algumas pessoas tem uma capacidade de desapego que eu chego invejá-las. Há pouco tuitei que estamos numa geração miojo, ou seja, quase tudo é instantâneo, rápido. Num dia o rapaz conhece uma moça, no outro dia eles se amam incondicional e eternamente e, de repente, no terceiro dia aquilo tudo some como se nada tivesse acontecido. É algo semelhante ao que Zigmunt Bauman diz em suas obras, introduzindo o conceito de modernidade líquida, na qual quase tudo se dilui rapidamente, se dissolve, desaparece, não se solidifica. 
De certa forma é um embrutecimento. Um "oba-oba" do velho jargão de "a fila anda". Nada contra quem experiencia a vida dessa forma, mas, para um animal sentimental como eu, isso acaba causando alguns desconfortos.
Vejo nisso certa influência de jargões prontos incitam um certo individualismo, até mesmo um egoísmo demasiado que faz com que pessoas ao redor, próximas se tornem descartáveis, quando não invisíveis. 
Na minha representação de mundo, a indiferença não combina com relacionamentos interpessoais, sejam eles da natureza que forem. São duas coisas que se anulam. Os dois não podem sentar para um café nem por decreto de lei. Eu funciono dessa forma e prefiro esses desconfortos a me embrutecer, a perder a sensibilidade. Sei dos preços - nem sempre tranquilos - que pago por ser dessa forma. Aliás, se alguém passar a me sentir indiferente, é um sinal de que estou me afastando, me tornando morno. E mornidão não combina comigo. Até nas Escrituras tem uma passagem sobre isso. Em Apocalipse 3, 16 está que Deus vomitará os mornos, literalmente "porque és morno, nem frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca".
I
sso é assim para mim, não quer dizer que outras pessoas tenham que concordar, pensar e se comportar assim. Nada disso. Estou apenas traçando algumas considerações a partir da minha percepção, daquilo que vejo como característica de uma época. Provavelmente isso será passageiro, como muitas coisas da história da humanidade que ficaram para trás, deixando ou não saudades.


Quem viver, será que verá?

terça-feira, 8 de julho de 2014

Fomos atropelados. Alguém anotou a placa?

O assunto é futebol. Deixemos as ponderações sobre política e outros assuntos para outra hora. A Copa do Mundo que abordo aqui é a de futebol.
Como todos sabem, o país que sedia a Copa tem cadeira cativa, participação garantida na edição do evento em seu próprio país. Um ponto a menos para o Brasil. Já saímos perdendo. As outras seleções competiam nas Eliminatórias para ter a oportunidade de jogar a Copa do Mundo no Brasil e as comissões técnicas arquitetavam um time ideal, faziam ajustes em algumas peças e viam na prática o resultado disso no campo de jogo. Afinal, quem não quer disputar uma Copa? Enquanto isso a CBF agendava para nossa seleção amistosos com seleções de nível muito inferior. Mesmo com adversários teoricamente mais fracos, penamos para vencer alguns desses amistosos. 

Mas o maior evento de futebol do mundo é na nossa casa. Estádios lotados, torcida jogando junto, sintonia fina entre campo de jogo e arquibancadas. Certamente os adversários sentiriam a pressão. E isso, de certa forma, foi o nosso ponto positivo. Marcamos a favor. Mas já estávamos perdendo pelo que está no parágrafo acima. Então, não nos empolguemos. Tudo igual.
Antes do apito inicial, clima de festa. Estrangeiros de todos os lados fazendo uma linda confraternização com o povo brasileiro. A Copa é na nossa casa. Euforia.
Bola rolando nos estádios e arenas de todo o país. Placares se dilatando, média de gols aumentando, cartões amarelos, cartões vermelhos, vitórias, empates, derrotas, gols, gols, gols, à flor da pele. Primeira fase, Brasil, sem apresentar um futebol convincente, avança para o mata-mata. A maré parece estar a nosso favor.
Já no quem perde fica pelo caminho, sofremos contra os vizinhos sul americanos Chile e Colômbia. E se anunciou um dos grandes duelos das semi-finais: Alemanha x Brasil. Nossa! Passou o filme de 2002, Ronaldo marcando dois gols nos alemães em plana final. Título. Faixa no peito. Grito de é campeão. O penta é nosso. Mas agora nada de Rivaldo, de Ronaldo, de Ronaldinho Gaúcho, de Kaká, de Cafu, de Roberto Carlos, só para citar os que me vieram à cabeça. Agora é nossa defesa quem tem que marcar gols. Porque é dose depender de Fred, de Hulk, de Jô. Maaas, tínhamos Neymar Jr. Só que perdemos o menino prodígio para um golpe de luta do colombiano que o tirou da Copa. E agora? Quanto está o placar mesmo? Será que temos chance contra os alemães?
(Parênteses - falar depois do jogo findado é fácil. Agora que o placar final está encerrado em 7 a 1 para a Seleção da Alemanha muito torcedor passional vem bancar de Mãe Dinah, esquecendo-se que há algumas horas atrás estava falando que a saída do Neymar ia fortalecer o grupo e não sei o que e bla bla bla. Ás vezes o coração distorce aquilo que pensamos ser a realidade)
A Alemanha deu uma aula de futebol. Futebol envolve estratégia, técnica, força, velocidade, doação e, às vezes, simplicidade. Pois foi o que os alemães demonstraram em campo. E nos mostraram que objetividade também é uma característica deles. Enquanto isso, nossa seleção mostrou total vulnerabilidade. Bolas lançadas da defesa direto ao ataque, um meio campo sem produção ofensiva, uma defesa titubeante e muitas vezes mal posicionada. Deu no que deu. 
Claro que nem o mais otimista dos alemães e nem o mais pessimista dos brasileiros pensaram em uma lavada assim. 2 ou 3 de diferença alguns fanáticos de ambos os lados até que ponderavam. Mas foi demais. A Alemanha veio em voltagem de 220, ouvindo Heavy Metal, dando murro em ponto de facas. O Brasil estava quase desligado, ouvindo jazz, acreditando que o jeitinho seria capaz de resolver mais essa. Mas dessa vez não deu. E está registrado na história o vexame que passamos dentro das quatro linhas. Muitos até fazem questão de não querer lembrar mais desse 08 de julho de 2014, mas já está nos anais do mundo da bola. 
Fomos atropelados. Alguém anotou a placa?