Originalidade?

Minha história se fez e se refaz com resquícios de tudo que encontra minhas circunstâncias. O que se apresenta para minha representação pode (ou não), em maior ou menor relevância e intensidade, ser incorporado à forma com que entendo o mundo.
As tintas com as quais pinto as telas da minha existência são variadas. Algumas cores já foram utilizadas por muitos outros artistas e integram minhas obras por serem ainda vivas, intensas; outras matizes, por sua vez, são inéditas, mesclas de algumas cores que ninguém antes havia ousado em compor.
Se alguém sentir-se lesado por algum escrito, favor me comunicar por e-mail que tentaremos resolver isso.
Divirta-se ou se entristeça.
Boa viagem!

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Porre de Legião Urbana num sábado qualquer


Como música e literatura ocupam grande parte do meu tempo, às vezes faço paralelos entre uma coisa e outra, vejo coincidências ou discrepâncias. Viajo, literalmente. 
Agora mesmo estava ouvindo L´Âge D´or e lembrei de uma correspondência que Caio Fernando Abreu mandou para um amigo.
Um trecho da música diz assim "Já tentei muitas coisas de heroína a Jesus. Tudo que já fiz foi por vaidade". E isso me jogou para uma passagem da carta, na qual Caio adverte o amigo "Você deixou de queimar fumo e foi procurar Deus. Que é isso? Tá substituindo a maconha por Jesusinho? [...] Você não vai encontrar caminho nenhum fora de você. E você sabe disso. O caminho é in, não off. Você não vai encontrá-lo em Deus nem na maconha, nem mudando para Nova York, nem."


Sou Legião Urbana Esporte Clube desde que tive o primeiro contato com as canções da banda. Se não me engano foi um amigo de infância, o Claudiano, que me falou sobre a banda. Ele grifava trechos das letras nas capas dos cadernos, fazia desenhos abstratos e era meio que da geração peace and love. "Por esse caminho que eu vou", devo ter pensado. 
Era o tempo das fitas K7 e primeira que comprei foi A Tempestade, de 1996. Depois consegui a Uma Outra Estação, de 1997. Anos mais tarde, já na faculdade, um colega meu, Alessandro, me emprestou seu CD´s para eu piratear. Fiquei nas nuvens. Coletânea completa da Legião Urbana, bah! Atrasei trabalhos, baixei a média para ouvir o que ainda não conhecia e para curtir o que já tinha familiaridade há algum tempo. Só que os CD´s que ficaram comigo eram de péssima qualidade. Como eu não parava de ouvir, eles descascaram e não tinha uma música sequer que rodasse inteira. Aí as canções ficaram só na cabeça e no coração. As fitas tinham sido descartadas, porque a época era outra; CD era mais moderno - uma pena que os meus eram importações baratas do Paraguay. Só poderia ter dado merda mesmo.
Com o advento da internet chegando aos poucos, baixei algumas coisas da Legião Urbana, documentários, shows, entrevistas. Foi a dose derradeira para causar uma overdose. Passei a admirar ainda mais a banda, seu surgimento, os impasses, as tramas. Conheci histórias interessantes. Brasília saindo do silêncio forçado pela ditadura militar e uma garotada soltando o verbo, falando e fazendo coisas sem medo de dar a cara à tapas. As letras das canções ganharam contexto. Um caleidoscópio foi se formando. Renato Russo virou um ídolo para mim. 
Voltei a estudar. Outra universidade, outro curso e, por sorte, um colega meu tinha todos álbuns da Legião Urbana armazenados no notebook que levava para a aula. "João, passa 'os Legião Urbana' no meu pendrive para eu salvar no meu note?! Faz em duas, três etapas, porque não tem espaço para tudo". Sabe uma criança quando ganha aquilo que ela pensa ser tudo na vida? Aquele sorrisão e, além disso, aquela euforia, aquele misto de sensações, de emoções... Bem assim eu voltei para casa. Consegui de novo a coletânea de uma das minhas bandas preferidas. E agora foi para não perder mais. 
Tenho arquivado em 3, 4 lugares todos os álbuns. Vai ver eu nem sei onde andam todas as cópias de segurança que tenho, mas elas existem. Tem dias que tomo porres de Legião Urbana. Ouço as canções, leio sobre a banda, vejo alguma coisa no YouTube e tudo mais.

Logo abaixo a música que impulsionou essa minha viagem.


Do meu primeiro contato com a Legião Urbana, A Tempestade, 1996, tem trechos de canções que dizem muito em poucas palavras. Compartilho agora com vocês. 
E vou mudar de música no player. O porre já está de bom tamanho para um sábado a tarde.


Natália
A escuridão ainda é pior que essa luz cinza.
Mas estamos vivos ainda

L´aventura
Nada é fácil.
Nada é certo.
Não façamos do amor algo desonesto

Longe do meu lado
A paixão já passou em minha vida.
Foi até bom, mas ao final deu tudo errado.
E agora carrego em mim uma dor triste, um coração cicatrizado

A Via Láctea
Queria ser como os outros e rir das desgraças da vida.
Ou fingir estar sempre bem.
Ver a leveza das coisas com humor

Música ambiente
Mesmo que tenhamos planejado um caminho diferente, tenho mais do que preciso.
Estar contigo é o bastante.

Aloha
Eu tenho um coração. Eu tenho ideais.
Eu gosto de cinema e de coisas naturais.
E penso sempre em sexo, oh yeah!
 [...] 
E meus amigos parecem ter medo de quem fala o que sentiu, de quem pensa diferente.
Nos querem todos iguais.
Assim é bem mais fácil nos controlar.
E mentir, mentir, mentir.
E matar, matar, matar o que eu tenho de melhor: minha esperança.

Soul parsifal
Pecado é despertar desejo e depois renunciar.
 [...]
Estive cansado.
Meu orgulho me deixou cansado.
Meu egoísmo me deixou cansado.
Minha vaidade me deixou cansado.

Mil pedaços
Eu não me perdi e mesmo assim você me abandonou.
Você quis partir e agora estou sozinho.
Mas vou me acostumar com o silêncio em casa, com um prato só na mesa.
[...] 
Pobre coração.
Quando o teu estava comigo era tão bom.

Leila
Adoro os teus cabelos.
Adoro a tua voz.
Adoro teu estilo.
Adoro tua paz de espírito.

Esperando por mim
Digam o que disserem, o mal do século é a solidão.
Cada um de nós imerso em sua própria arrogância, esperando por um pouco de atenção

O livro dos dias
Não esconda a tristeza de mim.
Todos se afastam quando o mundo está errado, quando o que temos é um catálogo de erros, quando precisamos de força e cuidado.”  

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