Originalidade?

Minha história se fez e se refaz com resquícios de tudo que encontra minhas circunstâncias. O que se apresenta para minha representação pode (ou não), em maior ou menor relevância e intensidade, ser incorporado à forma com que entendo o mundo.
As tintas com as quais pinto as telas da minha existência são variadas. Algumas cores já foram utilizadas por muitos outros artistas e integram minhas obras por serem ainda vivas, intensas; outras matizes, por sua vez, são inéditas, mesclas de algumas cores que ninguém antes havia ousado em compor.
Se alguém sentir-se lesado por algum escrito, favor me comunicar por e-mail que tentaremos resolver isso.
Divirta-se ou se entristeça.
Boa viagem!

domingo, 22 de setembro de 2013

não temos como passar pela vida imunes às coisas que não nos são muito agradáveis

Gosto do conceito de resiliência. Tanto que essa é uma das tatuagens que tenho. Dias atrás uma colega me perguntou o que significava. Expliquei que resiliência, grosso modo, é capacidade de superar condições adversas. 
Não conheço ninguém que tenha passado pela vida sem sem uma dor, sem uma decepção. Acontece que num determinado momento as coisas não vão dar certo, não vão sair conforme haviam sido planejadas; em outras palavras, alguma coisa vai fazer com que quebremos a cara. Isso porque a vida não vem empacotadinha, com manual de instruções, modos de usar, validade, entre outras recomendações. E, quer saber?, no fundo isso até torna as coisas um tanto divertidas.
Claro que não é bom sofrer. Mas, sinto muito, preciso te alertar de uma coisa: não temos como passar pela vida imunes às coisas que não nos são muito agradáveis. Desde cedo quebramos nossos brinquedos, extraviamos nossos pertences, nossas roupas logo ficavam pequenas e não serviam mais... Aí já está um indicativo de que na vida as perdas são inevitáveis, que naturalmente algumas coisas ficam para trás, queiramos ou não. Poderiam ter nos ensinado que o fato de termos aprendido a levantar das quedas que tomamos quando tentamos firmar os primeiros passos também era uma lição importante para a vida toda. Mas esses detalhes muitas vezes foram negligenciados na nossa educação e então mais tarde quando perdemos alguma coisa, uma pessoa, um relacionamento, um objeto, um mal estar muito grande se instaura.
As perdas remetem a um período de luto. Sim, luto não é apenas quando morre alguém que gostamos. É certo que vai haver um período difícil, já que uma "fossa" vai ser vivenciada até que as feridas cicatrizem. Há quem lamba as próprias feridas e há quem precise de ajuda para tanto. Tem aquelas pessoas que tentam resolver tudo imediatamente com precisão matemática e tem aquelas que deixam o tempo passar para amenizar os sintomas. Enfim, é muito singular o que ocorre com cada um(a).
Então, já que essas adversidades fazem parte da vida, resiliência! Que possamos, cada qual à sua maneira, superar os obstáculos que se apresentam e que isso, de certa forma, contribua de maneira positiva para com nossa existência.

"Nada como um dia após o outro.
Continuar. Viver. 
E quando o sol nascer temos que recomeçar de novo.
E acreditar, dias melhores virão.

Espere o melhor. 
Prepare-se para o pior.
E aceite o que vier"
Perdas - CPM 22 

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

"O diabo é deixar de viver" *

Mario Quintana tem um poema magnífico que volta e meia eu revisito.
"Um dia... pronto... me acabo.

Pois seja o que tem de ser.
Morrer: que me importa?
O diabo é deixar de viver."
O fenômeno da morte biológica é irreversível. Começamos a morrer a partir do momento que fomos concebidos. E dessa morte não temos como fugir. 
Dos mortais, somos os únicos que temos consciência dessa finitude. O cão, o gato, o elefante, a girafa e os outros animais também morrerão, mas eles vivem cada dia como sendo o único, enquanto nós, seres humanos, vivemos cada dia como sendo o último.
Quando faço essas considerações acerca da morte não é somente a ela que me refiro, mas em especial à vida. Já que nosso prazo de validade não vem estipulado em rótulo algum (embora seja pouco provável ultrapassarmos mais de uma centena de anos), como estamos vivendo, como estamos preenchendo esse tempo de vida que ainda nos resta?
Cabe advertir que viver não é somente estar vivo. Até pode ser que algumas pessoas encarem a vida dessa forma, pois cada uma tem um universo singular de significação. Entendo e respeito isso. Mas me parece que apenas ocupar espaço no mundo não é uma das formas mais atraentes de ser.
O que tem preocupado ultimamente é o crescente número de pessoas que estão moribundas, vivendo vidas inúteis, fúteis, vazias, mornas; pessoas que deixaram de viver antes mesmo da morte biológica.
Torno a questionar: como estamos exercitando nossa existência no mundo?
Que possamos refletir sobre o estilo de vida que estamos levando e, se necessário, re-inventar nossa maneira de viver - cada qual levando em consideração a sua estruturação existencial, circunstâncias e contextos.

Que a vida pulse nas veias de cada um.

* Inspirado pela poesia, pela música e pelos murmúrios do silêncio que ecoavam na madrugada.

Como cantou Chorão com o Charlie Brown Jr, "vamos viver nossos sonhos, temos tão pouco tempo". E como canta Tico Santa Cruz com os Detonautas, "vamos viver, que o que a gente vive é uma vida e nada mais".