O filósofo
Mário Sérgio Cortella é reconhecido internacionalmente em virtude de sua
consistente trajetória acadêmica, suas publicações, palestras e participações
em programas de rádio e televisão. Os noventa minutos de apresentação dessa
personalidade, proporcionados pelo Sicredi Região da Produção na
confraternização do último sábado, dia 06, deram uma mostra do potencial desse
mestre na arte de ensinar.
Logo no início de sua fala,
Cortella deu uma bela definição de cooperação. Como não sabemos tudo, juntamos
o pouco que sabemos com o pouco que outras pessoas sabem e o resultado disso é
o crescimento de todos que estão nesse processo. Se cada um ficasse somente com
o já sabido, ficaríamos estagnados. Como já disse o poeta inglês John Donne
“nenhum homem é uma ilha”. Portanto, esse movimento de compartilhar o que se
sabe é essencial e se encaixa perfeitamente como definição de cooperação.
Passeando por diversos contextos
e situações, o filósofo refletiu com a plateia sobre a importância de comemorar
o presente e planejar o futuro, título do trabalho daquela manhã. Para tanto,
elencou quatro conceitos indispensáveis para o sucesso nessa empreitada, que
cito a seguir.
A humildade, da origem
etimológica “humus”, terra fértil, onde tocam os pés, nada tem a ver com
subserviência. É a postura de nos reconhecermos como pequenos para, então,
vislumbrarmos a possibilidade de engrandecimento; é sabermos que não sabemos
tudo e buscarmos saber cada vez mais.
A coragem, que não é sinônimo da
ausência de medo, também é importante. Termos coragem significa enfrentarmos o
sentimento do medo, planejarmos seguir adiante na caminhada mesmo com as
dificuldades e situações que nos colocam diante do inesperado. Nesse sentido,
muitas de nossas conquistas são frutos de nossa coragem, não meramente destino.
Basta olharmos para nossa história para identificarmos contextos em que, como
diz o dito romano, “a sorte segue a coragem”. Se não tivéssemos tido coragem,
talvez não estivéssemos na situação em que nos encontramos atualmente.
A ambição é outro conceito que
devemos ter em mente. Ambição é querer mais e melhor, bem diferente da
ganância, que é querer tudo para si. Ao sermos ambiciosos estamos considerando
não apenas nosso ego. Ambicionando, disponibilizamos nossas conquistas para
toda a sociedade e não agimos meramente guiados pelos nossos desejos
individuais.
A paciência é outro elemento que
devemos exercitar. Paciência é nossa capacidade de admitirmos a maturação de
alguns processos em nossa vida, ou seja, darmos tempo para que as coisas fluam,
para que possam vir a ser aquilo que planejamos ou o mais próximo disso. É
importante que não se confunda paciência com lerdeza.
Amarrando esses quarto
conceitos, Cortella elucidou a importância de comemorarmos, sim, o presente.
Não menos importante é refletirmos e observarmos que este só é possível devido
ao trabalho de muitas pessoas em épocas que ficaram para trás. E, completando
essa tríade, planejarmos o futuro com bases sólidas é indispensável para que
tenhamos, no futuro, condições de vermos desabrochar as flores das sementes que
agora plantamos.
Tantos outros exemplos de enorme
relevância e profundidade foram trazidos por Cortella, tanto na área da
educação, quanto na área da economia. Mas acredito que as maiores lições que
ele nos deixou são de demanda existencial. São lições que nos puseram em
contato com o nosso íntimo, nos fazendo pensar sobre como estamos agindo no
cotidiano, como estamos nos comportando em relação a nós mesmos, aos que nos
cercam, ao universo como um todo. À partir disso, podemos prever, por
aproximação, que herança estamos deixando para as futuras gerações.
Desfrutemos com alegria do presente que agora temos acesso e
edifiquemos um futuro cheio de grandes realizações e conquistas. E que façamos
isso de forma coletiva, cooperativa, crescendo juntos. Afinal, parafraseando o
encerrou da fala do Cortella, incompletos que somos, precisamos da asa de
outras pessoas para podermos alçar voo.
Alegria pela oportunidade ímpar.
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