Em muitos
casos, e para muitas pessoas, uma coisa é o que é pensado, o que habita o mundo
das ideias e outra coisa é o mundo da concretude, das atitudes, da prática. E
isso não necessariamente tem a ver com dissimulação, com falsidade, com falta
de caráter ou de princípios.
Diferente disso, outras pessoas tentam seguir
à risca aquilo que pensam. Pessoas que estão assim estruturadas agem de forma
que haja uma proximidade enorme entre o que teorizam e o que praticam, entre o
que dizem e o que fazem.
Esses
elementos apontam para características singulares de cada pessoa e não se trata
de fazermos juízo de valor quanto a isso, tampouco estabelecermos uma forma de
agir como sendo melhor que as outras. Podemos até não compactuar, não concordar
com isso, mas é nosso dever respeitarmos a forma de ser de tais criaturas.
Em muitas
circunstâncias, no entanto, é importante que o discurso encontre acolhida na prática.
Pense em um pai que fuma e consome álcool quase que diariamente orientando seu
filho para que fique longe das drogas; em uma mãe que não lê, mas quer que sua
filha adote o hábito da leitura. Não é impossível que o filho fique, de fato,
longe das drogas e que a filha se torne uma leitora assídua, apesar do exemplo
contrário dos seus pais. Talvez até o façam justamente por querer evitar se
tornarem como seus criadores/educadores. Mesmo não havendo um elemento
universal e de conexão necessária de causa e efeito para que um comportamento
“x” decorra de um estímulo “y”, é bem provável que tanto o filho quanto a filha
dos exemplos acima reproduzam as atitudes dos pais.
Para muitas pessoas, não se aplica o
velho jargão de “faça o que eu digo, não faça o que faço”. Elas buscam
consistência no sentido de estreitar o laço entre o pensar e o agir. O abismo
entre o dizer e o fazer soam, para elas, como hipocrisia e deve ser evitado ao
máximo, tanto que o que elas dizem é o que elas fazem e vice-versa. De nada
adianta, por exemplo, professar uma fé que mova montanhas se, na prática, o
indivíduo não move um alfinete para ajudar o próximo; não adianta um discurso
bem elaborado em forma e conteúdo se a prática for na direção contrária daquilo
que foi expresso.
Para amarrar meus raciocínios, cito o
filósofo Ralph W. Emerson: “suas atitudes
falam tão alto que eu não consigo ouvir o que você diz” e as palavras de um dos expoentes da literatura portuguesa, Manuel Bernardes: “Não há modo de mandar mais forte e suave que
o exemplo: persuade sem retórica, impele sem violência, convence sem debate,
todas as dúvidas desata e corta caladamente todas as desculpas. Pelo contrário,
fazer uma coisa e mandar ou aconselhar outra é querer endireitar a sombra de
vara torcida.”
Que texto lhe sirva de reflexão e
que, mais do que isso, contribua para o aprimoramento dos seus afazeres,
independente de quais sejam.
Seguimos...
Adorei o seu texto! Parabéns!
ResponderExcluirObrigado, Douglas Ale, por ter passado por aqui, lido, gostado e comentado!
ResponderExcluirQuando tiveres um tempinho sobrando, chega mais.
Abraço.