Originalidade?

Minha história se fez e se refaz com resquícios de tudo que encontra minhas circunstâncias. O que se apresenta para minha representação pode (ou não), em maior ou menor relevância e intensidade, ser incorporado à forma com que entendo o mundo.
As tintas com as quais pinto as telas da minha existência são variadas. Algumas cores já foram utilizadas por muitos outros artistas e integram minhas obras por serem ainda vivas, intensas; outras matizes, por sua vez, são inéditas, mesclas de algumas cores que ninguém antes havia ousado em compor.
Se alguém sentir-se lesado por algum escrito, favor me comunicar por e-mail que tentaremos resolver isso.
Divirta-se ou se entristeça.
Boa viagem!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Recriação de sentidos

Bem, não vou me estender na introdução. Vou apenas citar e deixar que cada um reflita a respeito do que explicitou Miguel Spinelli em sua obra Helenização e Recriação de Sentidos: A Filosofia na Época da Expansão do Cristianismo - Séculos II, III e IV - Porto Alegre: EDIPUCS, 2002. A questão das passagens é sobre a divindade de Jesus:

"A divindade de Jesus é a questão fundamental não só do Evangelho de São João, como de todos os Evangelhos. Ela é um dogma inquestionável para o cristão, e se constitui no princípio essencial da sua fé, que, por sua vez, é a garantia de seu testemunho. A convicção qualifica o testemunho, mas ele sozinho, e por mais confiável que seja, não basta. A ciência exige provas. Tanto o testemunho, em geral, quanto um testemunho, em particular, são sempre carentes de crédito: são provas fracas." (p. 111).

"Mas será mesmo que teria sido? Não é no 'sermão da montanha' (Mateus, 5, 1-10), que se encontra a síntese da doutrina cristã, ou melhor, de Jesus? Jesus não buscou discípulos entre simples pecadores, se fez amigo do povo, dos marginais (ele mesmo um deles) e das prostitutas? Jesus não é alguém que transgrediu a lei, a tradição e o poder religioso estabelecido, e que, inclusive, delatou a hipocrisia dos 'escribas' (dos doutores da lei)? Ele também não expulsou do tempo os vendilhões, os mercenários da fé (Marcos, 11, 15)? Ora, se ele fez isso, como será que ele procederia hoje ao saber que o seu nome, e a sua figura, se tornaram uma marca economicamente mais rentável do que qualquer outro produto do mundo capitalista? Como agiria com os fariseus e com os mercenários de hoje? Alguns são supostamente carismáticos, outros sob o rótulo de uma igreja, em benefício da graça ou em nome do reino de deus, exploram legiões de indivíduos de boa vontade, sobretudo os que estão acuados pela pobreza, fragilizados pela doença, pela dor e pela carência?! Ora, será que Eunomos não tinha razão? Ou seja, será que valeu e está valendo a pena, que foi e é correto, fazer tudo o que se fez, e que se está fazendo, em nome da divindade de Jesus e em nome da fé? Enfim, não vamos bater palmas só para a razão, e incorrer nos mesmos erros. Mas também não vamos imbecilizar o nosso povo em nome da autoridade e dos poderes do Senhor Jesus, e ainda (enquanto o povo ergue as mãos) encher os nossos cofres, e mais: distribuir uma parte do dízimo em nome da caridade e da benevolência, e assim justificar e legitimar o restante que fica em nossos bolsos!" (p. 253).

P.S.: A pretensão não é impor uma visão de mundo, tampouco influenciar naquilo que meus poucos leitores acreditam ou deixam de acreditar. Um dos objetivos do blog é instigar a reflexão. Cada pessoa sabe o que absorver e o que descartar do que é publicado aqui.

Saúde e força.

Abraço.

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