Originalidade?

Minha história se fez e se refaz com resquícios de tudo que encontra minhas circunstâncias. O que se apresenta para minha representação pode (ou não), em maior ou menor relevância e intensidade, ser incorporado à forma com que entendo o mundo.
As tintas com as quais pinto as telas da minha existência são variadas. Algumas cores já foram utilizadas por muitos outros artistas e integram minhas obras por serem ainda vivas, intensas; outras matizes, por sua vez, são inéditas, mesclas de algumas cores que ninguém antes havia ousado em compor.
Se alguém sentir-se lesado por algum escrito, favor me comunicar por e-mail que tentaremos resolver isso.
Divirta-se ou se entristeça.
Boa viagem!

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Concordar com tudo é escravidão

Acho que é apropriado para a época. Quem se arriscar a me acompanhar, bem vindo(a). Mas antes de me julgar, por favor, tente me compreender. 
Se acaso surgirem críticas fundamentadas, que agreguem vou considerá-las e refletir a respeito. Se vierem críticas mesquinhas, calcadas em preconceitos e dogmatismos ridículos eu só vou lê-las e nada mais.
Na minha adolescência eu vi Marcelo D2 e toda a banda Planet Hemp serem presos mediante o argumento de que eles faziam apologia às drogas. De fato, eles falavam de maconha nas letras, afinal, segundo uma das letras "uma erva natural não pode te prejudicar". Além disso, as letras eram repletas de críticas à corrupção de policiais (uma música, aliás, chama-se "Porcos Fardados") e políticos e de mais um monte de coisa podre que o sistema alimentava. São elementos que muita gente via, mas poucos eram os que tinham a coragem de apontar e se posicionar a respeito. 
Toquei em um tema delicado, mas não é sobre maconha que eu quero falar. É que na época a que me reporto eu tomei conhecimento de algumas passagens da Constituição Brasileira de 1988, que versam, entre outros fatores, sobre a liberdade de escolha e de expressão. Em caráter elucidativo, cito o Art. 5º e seus incisos IV, VIII e IX:
"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;"
Seguindo os pressupostos da Constituição, cada pessoa tem o direito de escolha. Não só existencialmente, mas legalmente. É lícito e de direito que a pessoa possa optar em torcer para o time de futebol que preferir, em participar de atividades religiosas seja qual for a sua religião, em seguir a orientação sexual de sua escolha, em partilhar de representações de mundo vindas de suas predileções filosóficas, em militar no partido político que melhor satisfazer suas ideologias... E mais! A pessoa tem a liberdade de expressar isso da forma que quiser. Esses são os pilares da democracia. 
Uma ressalva: o regime democrático considera a vontade da maioria, mas nem sempre o que a maioria julga como melhor é, de fato, o melhor (além do fato de nem sempre a maioria ser livre para escolher, devido à coações e falcatruras - conhecidas como o velho jeitinho brasileiro). Outra ressalva: neste mesmo regime os políticos eleitos deveriam representar a vontade dos que o elegeram.
Somos livres para fazer nossas escolhas e para expressá-las. Ao menos em tese e legalmente. Porém, infelizmente, o jogo de xadrex político, calcado em interesses individuais e de determinados grupos em detrimento do coletivo, geralmente coloca em xeque o que está na Constituição.
No papel e no discurso tudo é muito bonito. Os problemas costumam acontecer com o que se faz a partir disso. Em tempos de eleições, como agora, os ânimos acabam se exaltando e o trem quase sempre acaba por descarrilar.
Uma dica: não jogue para o ar amizades e parcerias pelo simples fato de haver discordância em alguns pontos. O fato de alguém discordar de uma ideia sua não implica que ele esteja desconsiderando todo o resto. Da mesma forma, tome cuidado para não desprezar o outro por torcerem para times diferentes, por serem de religiões diferentes, por terem opções sexuais diferentes, por militaram em partidos diferentes. Talvez o que falta para que você seja respeitado é apenas um pouco de respeito para com o outro.
Monólogos são bons no teatro. Fechar-se em um único ponto de vista acaba ceifando possibilidades de crescimento. Dialogar é uma arte e um bom exercício de paciência, de escuta, de humanidade.

Que cada um tenha o discernimento para fazer suas escolhas, arcando com as consequências disso. E que o direito do outro pensar diferente e de expressar livremente suas ideias seja respeitado.

Um salve às cabeças pensantes! Porque concordar com tudo é escravidão.

4 comentários:

  1. Não sei se é escravidão, mas concordo com você plenamente. =B Hahuah

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    1. Joana, querida. Que o direito de discordar seja concedido sem que haja socos e pontapés, né?! =)
      Obrigado pela visita. Volte quando quiser.
      Abraço.

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    2. Com certeza, liberdade de expressão sempre! =)
      Por nada, ler textos interessantes é sempre bom.
      Até mais.

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  2. parabéns pelo texto, magnifico!

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