Originalidade?

Minha história se fez e se refaz com resquícios de tudo que encontra minhas circunstâncias. O que se apresenta para minha representação pode (ou não), em maior ou menor relevância e intensidade, ser incorporado à forma com que entendo o mundo.
As tintas com as quais pinto as telas da minha existência são variadas. Algumas cores já foram utilizadas por muitos outros artistas e integram minhas obras por serem ainda vivas, intensas; outras matizes, por sua vez, são inéditas, mesclas de algumas cores que ninguém antes havia ousado em compor.
Se alguém sentir-se lesado por algum escrito, favor me comunicar por e-mail que tentaremos resolver isso.
Divirta-se ou se entristeça.
Boa viagem!

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

sexo doce


Ele conheceu uma garota que é tremendamente apaixonada por doces. Não tem hora, lugar, situação que ela recuse um docinho. Malandro, logo pegou no ar essa mania dela. Bem, não foi tão no ar assim.
A primeira observação que fez a respeito foi numa madrugada pós-balada. Dia clareando, os corpos cansados e ela se dirige à cozinha. É normal uma larica, uma sede, uma curiosidade para ver se ninguém roubou alguma coisa de dentro da geladeira. Elegante, ainda maquiada, ela retorna com... Com? Sim! Com um pote de doce de leite que repousa no colo, em cima da cama.
“Quer?”, disse ela oferecendo uma colherinha para o rapaz. Depois da recusa dele, a moça acabou com uma colherinha em cada mão. Os dois riram alto. E o conteúdo do pote foi-se rapidinho. Ela não percebeu, mas ele ficou vidrado nos lábios dela enquanto passava a língua nas colherinhas. Maldita (ou bendita) cabeça masculina que viajava em sexo oral enquanto sua companheira se alimentava. Talvez ele tivesse a esperança de uma transa, já que os níveis de glicose dela certamente haviam se elevado consideravelmente, a ponto de dar um upgrade na energia. Mas não rolou. O cansaço foi maior que eles. Às vezes algumas horas de sono são mais importantes que um orgasmo.
Noutra ocasião, conversavam sobre relacionamentos. Temas como paixão, sexo, amor, perda de identidade na relação, autoafirmação, crises eram tratados com se fossem PHD´s no assunto, porém, formados em instituições radicalmente paradoxais. Claro que homem e mulher fazendo uma DR sem mesmo estarem numa relação só podia dar em alguns desentendimentos. E, além disso, ambos eram jovens e, incrivelmente, relações afetivas duradouras, namoros, popularmente falando, estavam fora de seus dicionários no momento.
A certa altura da conversa, ela fechou o semblante e sentenciou “Ah, não! Nunca imaginei que você seria capaz de pensar assim”. Todo sem jeito ele tentou se desculpar. Até que estava conseguindo, não fossem mais algumas palavras equivocadas que só fizeram a garota confirmar a indignação com o que estava em questão. Pelo ar que tomou aos pulmões, ela iria soltar algum palavrão. Talvez manda-lo à merda, chamá-lo de filho da puta ou alguma coisa assim. Ou talvez fosse enfiar a mão na cara dele. Mas o rapaz, numa atitude astuta, lembrou da paixão dela por doces e antes que algo pudesse acontecer “aceita um chocolate?”. Nooossa! Foi como se ela tivesse visto o príncipe encantado chegando num cavalo branco. O doce salvou a conversa.
À noite eles saíram para jantar. Foram para a balada descontrair, dar umas boas risadas. Estavam reluzentes de felicidade. Não uma felicidade instantânea que vem e vai em 5 minutos. Era mais que isso. Nem eles próprios sabiam explicar. Uma bebida aqui, outra lá e os risos estavam mais soltos. Os corpos também. E os pensamentos...
Chegando no apartamento dela (sim, pois ela é a princesa, ele o plebeu) ambos se jogaram na cama. Estava escrito nos olhos deles que ia rolar uma transa. Os hormônios também anunciavam isso. E a conexão bacana deles ajudava. Então o que faltava? Nada! O momento era deles. Só ele e ela, só ela e ele.
Posso afirmar que intensidade é uma palavra que definia aquele momento. Lábios e línguas que se tocavam. Mãos que percorriam as curvas daqueles corpos ávidos, exalando desejo. Suspiros e gemidos. Tensão e tesão. Nada programado. Nada forçado. Outra palavra que poderia definir aquilo tudo é entrega.
Esticando o braço, ele pega algo que pelo barulho deu a entender ser uma camisinha. Mas não era. Soltando um risinho ele sussurra em tom irônico, sarcástico até, “querida, fica tranquila. Quero que curta esse momento. Relaxa e goza” e entrega um bombom para a garota. Tinha tudo para dar merda. Mas ela riu alto e o clima, por incrível que pareça, não foi quebrado. E a transa deles foi algo indescritível.
A sacada do rapaz da paixão da garota pelos doces foi algo que manteve um laço entre eles. Algo pouco convencional, sabemos, mas que certamente estará para sempre no acervo de histórias de ambos. Quanto à garota, é claro que ela continua tri parceira dele, mas quando questionada o que prefere, ela não titubeia “minha paixão é os doces, o resto é diversão”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário