Última madrugada. Última lua cheia.
Último despertar ao meio-dia. Última página do calendário de 2012. E o que
ficou disso tudo?
Foi
um ano bacana. Teve meio que de tudo. Em alguns momentos, penso que poderia ter
investido um pouco mais. Minha sede era grande e a vertente certamente não
secaria se eu tivesse me saciado e até me permitido um pouco de gula. Afinal,
humanos costumam pecar ou por excesso ou por falta, por ações ou por omissões.
Olhando
para esse passado recente posso afirmar que as dimensões galinha e águia se
alternaram em minha vida. Não foi uma dança harmônica. Dependendo das
circunstâncias, a minha dimensão galinha me falava para continuar com os pés
firmes, ciscando no terreno já conhecido, sem riscos, sem perspectivas do novo.
Já em outros momentos, a dimensão águia me alertava para deixar para trás
algumas coisas, desapegar do conformismo, alçar voos, contemplar novos
horizontes. Isso não se deu sem crises existenciais, pois a vida nem sempre
segue os manuais que nos vendem por aí. Menos mau que os que andam do meu lado
nunca me deixaram sem base e em alguns trechos do percurso até mesmo me
carregaram nos braços. Gratidão é a palavra para estes que me sustentaram
tentando evitar alguma queda ou que me ajudaram a levantar depois de uma delas.
Foi
um ano de muito aprendizado. E nessa troca, devo ter imprimido um pouco de mim
nas relações que estabeleci. Também trago comigo boas marcas de gente que
caminhou comigo ou que simplesmente cruzou comigo em alguma encruzilhada. Termino
o ano sem algumas coisas que tinha quando 2012 iniciou. No outro lado da
balança estão algumas coisas que eu nem sequer imaginei lá no início do ano e que
agora terminam 2012 comigo.
Movimento.
A natureza nos cobra isso. Os deuses dão as cartas e o resto é com a gente aqui
nessa maluquice terrena. Corri atrás do que acreditava ser justo para com a
minha visão de mundo. Lutei pelos meus ideais sem pretensão alguma de puxar o
tapete de alguém. Plantei algumas coisas, reguei algumas outras e tive o prazer
de desfrutar cada momento de forma intensa.
Fiz
altas correrias. Trabalhei muito. Meu estilo de vida é de vagabundo, mas tenho
algumas responsabilidades que não posso deixar de lado. Curti meu quarto, minhas
músicas, meus livros, meus filmes. Prezei pela minha saúde plena, corpo, mente,
relações pessoais, espiritualidade. Amei pessoas, animais, plantas, coisas.
Algumas vezes me decepcionei com pessoas, animais, plantas, coisas. Mas quem
disse que isso não faz parte do pacote? Quem leu o contrato e as regras de uso
da existência sabe das cláusulas que rezam que nada é para sempre, que a gente
às vezes vai sofrer, se decepcionar, magoar alguém, ter algumas perdas e uma
infinidade de possibilidades que fazem da vida esse mistério indecifrável que
ela é.
Eu
me joguei em 2012.
Em 2013 quero dar triplos
twist´scarpados. Quero inventar novos saltos que ninguém jamais ousou em criar.
Claro que eu sei dos riscos de quedas e de fraturas.Mas que tal alimentar
também a esperança de aplausos pelo simples fato de tentar? E se a manobra dar
certo? Quem nada faz, só é reconhecido e só se regozija por nada fazer. Não é o
que quero para o ano que vem pedindo licença para entrar.
Quero dar continuidade a
algumas coisas. Meu rock´n´roll, meus cafés, minhas leituras, minha
contemplação à lua, meus banhos de chuva, minhas bolinhas de sabão, minhas
andanças de pés descalços e sem camisa, os abraços apertados nos meus chegados,
o carinho sincero, o amor incondicional. “Mas tu pensa pequeno, Everton!”. Não!
É que para mim essas pequenas coisas impulsionam todas as demais. Outras coisas
quero manter bem longe. Sai de mim arrogância, ganância, prepotência,
falsidade, inveja e tudo mais que não me leva a lugar algum.
Desejo
que seja um ano de oportunidades criadas, não de oportunidades caídas do céu.
Espero que você surpreenda 2013, não que 2013 te surpreenda. Esperança é
importante, mas mais importante que isso é ir para a correria, para a luta do
dia-a-dia e fazer as coisas acontecerem, ou ao menos tentar.
Viver
pode ser pesado e cansativo ou ser leve e prazeroso, dependendo de como nos
empenhamos nesse exercício. Que julguemos menos e compreendamos mais;transformemos
as barreiras em temperos para dar um gosto diferente e exótico às nossas
conquistas; saibamos a hora de nos embrutecermos como rochas e o momento de
sermos sensíveis como lágrimas. Que possamos existir e não apenas sobreviver.
Seguimos
em frente cada qual com suas prerrogativas.
Imagem retirada do Facebook Oficina da Alma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário