Originalidade?

Minha história se fez e se refaz com resquícios de tudo que encontra minhas circunstâncias. O que se apresenta para minha representação pode (ou não), em maior ou menor relevância e intensidade, ser incorporado à forma com que entendo o mundo.
As tintas com as quais pinto as telas da minha existência são variadas. Algumas cores já foram utilizadas por muitos outros artistas e integram minhas obras por serem ainda vivas, intensas; outras matizes, por sua vez, são inéditas, mesclas de algumas cores que ninguém antes havia ousado em compor.
Se alguém sentir-se lesado por algum escrito, favor me comunicar por e-mail que tentaremos resolver isso.
Divirta-se ou se entristeça.
Boa viagem!

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Enquanto houver forças, busquemos a paz.

Pessoal, mais um ano que se acaba.
Para refletirmos um pouco sobre o que fizemos em 2009 e pensarmos em possíveis buscas para 2010,
ouçamos a música... E não deixemos de buscar a paz, a compreensão, o amor.
Desejo um bom ano para todos.
Abraço forte! 

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Justiça? Que justiça?

A correria tá foda! Mas vamos lá...
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Certa feita ouvi de um grande homem a seguinte indagação: "que justiça é esta que trata como iguais os desiguais?". Muito pode ser ponderado a partir disso.
Mas afinal, que justiça?
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Algumas pessoas afirmam que justiça mesmo é a chamada 'justiça divina', na qual um sobrenatural vai julgar quem é quem e dar os rumos para uma vida pós morte; outras acreditam que justiça é o que promotores, juízes e advogados fazem, separando os bons dos maus, penalizando estes últimos...
Insisto, que justiça?
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Dias atrás liguei a TV e vi a notícia do menino que fora submetido a um ritual de magia negra, tendo várias agulhas inseridas em seus corpo. Procedimentos cirúrgicos de alto risco serão feitos (devem estar sendo realizados ainda) para que o menino tenha os órgãos vitais em pleno funcionamento ou o mais próximo disso. E o que será feito em relação ao padrasto do menino? Será que tem a ver com justiça?
***
No ano passado, se não me engano, lembro-me que uma mãe ficou mais de dois meses presa por ter roubado uma margarina em um supermercado. E sabe o que foi tal roubo? Ela abriu um pote de margarina, pegou uma quantia com o dedo e levou à boca de seu filho de colo que, provavelmente, havia dias não recebia alimento algum.
É justo encarcerar uma mãe por motivo tão idiota como este? Sei, se todas as mães de filhos que passam necessidade roubassem, ficaria difícil a situação; mas sei também que isso foi um episódio único e a mãezinha nem sequer tinha passagem pela polícia...
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Justiça? Onde? Para quem? Como?
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Alguém lembra de mensalão? Renan Calheiros? Dinheiro na cueca? Reitor de Universidade com conta na Suíça ou nas Bahamas? Pastor comprando meio mundo? Etc e tal?!
E o que aconteceu com os responsáveis por tais episódios?
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Por isso que este conceito ultimamente anda rondando meus devaneios...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Ainda há esperança...


















As imagens que publiquei neste post são fotos de trabalhos realizados por alunos de 3º Ano do Ensino Médio José Antônio Ferronato na disciplina de Artes.
Quando os vi, pensei num fio de esperança que ainda há quando se pensa em educação, em aprendizagem, em escola, em professor, em aluno... Em meio ao contexto conturbado pelo qual passamos, é gratificante ver a capacidade de criação dos alunos, sua pureza, seu querer.
Um abraço forte aos alunos que se empenharam em tal tarefa, à professora que orientou a atividade e a todos que veem a arte como uma ferramenta de inserção social.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Então é Natal...

A seguir, artigo que escrevi em 2008... Continuo com as mesmas impressões...

Estamos na terceira semana de dezembro e aos poucos os enfeites natalinos vão ganhando forma. Há quem já tenha organizado o presépio, o pinheiro, as luzes e todos os tipos de decorações; há quem está iniciando estas tarefas agora e há quem não fez, não está fazendo e não fará nada disso, sabe-se lá os seus motivos. O fato é que o Natal se aproxima e com ele um espírito fraterno, de paz e de amor.
Cada pessoa tem a capacidade de significar todas as manifestações que acontecem nesta época de Natal e final de ano ao seu jeito. Entre tantas possibilidades de significação, existem pessoas que não vêem sentido algum nas datas comemorativas se não houver presentes, comida, champagne, fogos, etc, etc e etc. Por sorte existem, também, aquelas que valorizam o conforto do abraço apertado dos familiares e dos amigos, que se regozijam com os votos sinceros de “um feliz Natal e um próspero ano novo”.
Não cabe à mim julgar esta ou aquela representação de mundo, pois a maneira de interpretar as coisas é singular e, certamente, encontra acolhida na malha intelectiva de quem concebe de uma ou de outra forma. O que quero ressaltar, porém, é que a ganância pelas cifras (R$), impulsionado pelo famoso “capitalismo selvagem”, vêm se sobressaindo nas últimas décadas. Isso tem dado às datas comemorativas um significado muito mais mercadológico.
Natal e final de ano pressupõe, ao meu ver, uma reflexão acerca daquilo que a gente faz em nossa vida. É uma época de renovação espiritual, de rever os ensinamentos legados pelo Mestre Jesus Cristo e, com isso, espalhar energia positiva, paz, amor, fraternidade e, principalmente, compreensão. Entretanto, agir assim somente em épocas festivas não me parece ser uma boa idéia. O legal seria aplicar isso diariamente, em casa, no trabalho, nos estudos, para com toda e qualquer pessoa. Talvez se isso se concretizasse, teríamos uma sociedade mais humanista, mais compreensiva, mais pacífica.
Para minimizar o risco de ser mal interpretado, volto a frisar que isto é assim para mim e que não necessariamente seja uma verdade universal e irrefutável. Se a sua representação difere da minha, isso não quer dizer que seja melhor ou pior, boa ou má; ela é apenas uma das tantas formas possíveis de ser e de vivenciar o que se apresenta.
Para finalizar, deixo aqui meus humildes e sinceros votos de um Feliz Natal e de um Ano Novo cheio de realizações; que os ensinamentos de Cristo possam contagiar nossos corações e iluminar os nossos caminhos em direção da paz e do amor.
Abraço forte.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Dia do Palhaço - 10 de dezembro

Não poderia deixar de prestar minha homenagem aos palhaços espalhados por este mundão sem fronteiras.
Da mesma forma, não poderia deixar de agradecer o pessoal da Patrulha do Riso pela parceria, pelas vivências, pelas experiências, pelas gargalhadas, pelos momentos de atenção, de riso, de lágrimas... Certamente o aprendizado compartilhado compensou todo e qualquer esforço. O primeiro passo foi dado, mas ainda muitas coisas terão que ser construídas, ressignificadas...
***
Ser palhaço é uma arte.
E foi tentando saber um pouco mais desta arte que me deparei com a importância delegada ao corpo. Antes ele era apenas meu contorno, minha casca; agora compreendi que muitas vezes, como diz Pierre Weil, o corpo fala. Às vezes posso fazer uma pessoa se sentir melhor sem o uso do toque sensorial ou das palavras. Isso é primário, mas tive que trabalhar isso comigo para me sentir melhor na interseção para com o outro.
Falando em interseção, esse contato (não necessariamente físico) com o outro pode ser terapêutico não só para ele, mas para eu próprio. O palhaço pode ser um mediador entre a pessoa e o mundo da fantasia, do riso, do amor. E neste processo ambos passam por processos de ressignificação. Portanto, ser palhaço, além de poder proporcionar momentos mais alegres e descontraídos para o outro, é um movimento dialético, no qual o próprio refazer está sempre em voga. 
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Para que os corações se regozigem e se deixem contagiar pela paz, pela luz, pela serenidade, pelo amor... selecionei uma canção que poder ser considerada como um hino: Detonautas Roque Clube, em Oração do Horizonte. Ouça-a até o último segundo e reflita.



O Amor é Contagioso



Este o título de um filme inspirado na vida de Patch Adams. Um ótimo instrumento para desencadear reflexões sobre o sistema de saúde, a prática médica, a indústria farmacêutica, o ambiente hospitalar, as relações com pessoas doentes, deficientes e com idosos, etc.
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Patch Adams é médico e palhaço. Ele é o fundador do único hospital do mundo onde tudo é acessível e sem custo algum. Muitos críticos denominam a instituição como um hospital boboNele a humanidade se sobrepõe a qualquer outro fator ou prática. Além de prescrever remédios, os médicos são encarregados de cuidar dos pacientes; isso inclui um tratamento especial, calcado no respeito, na atenção, no carinho, no afeto, no amor...
Patch entende que a pessoa é mais do que a doença que a está acometendo. Em suas visitas a hospitais, axilos e outros locais ele leva o riso como instrumento de cura. Como sabemos através do dito popular, em muitos casos rir acaba mesmo sendo o melhor remédio.
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Aconselho os amigos a pesquisarem sobre Patch Adams e a verem o filme O Amor é Contagioso, no qual o ator principal e que interpreta Patch é Robin Williams. Com isso, podemos incorporar pequenos gestos à nossa vida que podem fazer uma enorme diferença.
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A seguir, alguns trechos retirados do livro Patch Adams - O Amor é Contagioso, que conta com ilustrações animadas de Jerry Van Amerongen:
"Todos sabemos como o amor é importante e, mesmo assim, com que frequência nós o demonstramos? Muitas pessoas doentes neste mundo sofrem de solidão, tédio e medo, e isso não pode ser curado com uma simples pílula."

"Grande parte do que chamamos de doença mental na verdade é pura consequência de nossa sociedade problemática, que promove a solidão e nos impõe um mundo violento, cujos deuses são o dinheiro e o poder." (p.137)

"Cada um pode contribuir na criação de uma sociedade mais saudável e feliz. Está provado que a ajuda que damos aos outros beneficia nossa própia saúde física, mental e espiritual. E não é preciso abrir mão de nada para ajudar os outros." (p. 142)

Tomemos isso como provocação e repensemos nossa forma de ser e nossas relações, tanto conosco mesmo quanto para com o outro...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Équiça? Não seria hexa?

Como diria o locutor esportivo Sílvio Luiz "pelo amor dos meus filhinhos!".

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Como apaixonado que sou por futebol, fiquei o domingo ligado na última rodada do Campeonato Brasileiro 2009. Meu time, o Internacional de Porto Alegres/RS, conquistou mais um vice no ano do centenário do clube.
Cheguei até a confiar na possibilidade do título colorado após o gol do rival contra o Flamengo. Mas foi só por alguns instantes. Antes mesmo do time carioca empatar o jogo eu já havia desacreditado. Ora, se o tricolor havia vencido apenas uma partida fora de casa em todo o brasileirão, imaginem se iria vencer o Flamengo em pleno Maracanã, com apenas três titulares e arriscando ajudar o colorado a levantar a taça...
Em compensação pelo jejum de títulos nacionais, o colorado volta a figurar na Copa Toyota Libertadores da América em 2010, após ter sido consagrado campeão do torneio em 2006.
***
Impressionante a reação da torcida do Coritiba/PR após o empate em 1x1 com o Fluminense, resultado que rebaixou o coxa à 2ª divisão do futebol nacional. Da mesma forma, inacreditável o tumulto entre a torcida do Flamengo que acabou em agressões na comemoração do título nas ruas do Rio.
Tão impressionante quanto à selvageria proporcionada por vândalos travestidos de torcedores no Couto Pereira foi a reação do Fluminense no campeonato. O tricolor carioca chegou a estar com 98% de probabilidade de ser rebaixado, mas deu uma arrancada incrível e venceu praticamente todos os últimos 10 jogos, escapando na última rodada do fantasma do rebaixamento.
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Foi um campeonato de grande média de público, de belos gols, de defesas incríveis, de uma competitividade acirradíssima... A hegemonia dos clubes paulistas foi quebrada, finalmente, mas o título permanece no eixo Rio-São Paulo.
Parabéns à nação rubro-negra, maior torcida do país, pelo título.
Parabéns Internacional pelo espírito de luta. O vice campeonato não é o que a torcida esperava, mas novos horizontes se abrem com a disputa da Libertadores no ano que vem.
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Ah, já que estamos no clima do futebol, pedreira para o Brasil na 1ª fase da Copa do Mundo da África do Sul. Fiquemos na torcida.
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Mas o que mais me chamou a atenção foi uma chamada ao vivo exibida na programação de um canal aberto ontem à noite. A intenção foi notável. Num grupo de torcedores que comemorava o título do Brasileirão, cada um deles segurava uma letra e o que deu a entender é que era para ser uma alusão aos seis títulos do Flamengo, o hexacampeonato. Pasmem, a sequência das letras era literalmente a seguinte: É.Q.U.I.Ç.A.
Aham, équiça! Assim mesmo. A pronúncia até que fica bacana, semelhante. Deu até para entender.
Se foi proposital, não tem como saber. Mas se não foi, pelas barbas do profeta, hein!?
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Daí quando o Brasil é alvo de piadinhas a maior parte da população fica de biquinho...
***

Valeu.
Hasta siempre.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Uma bela canção

Não posso dizer que sou movido por música,
pois tem dias que nem seleciono canções para ouvir.
Hoje eu ouvi uma das antigas, que compartilho.
Biquini Cavadão,
Quanto tempo demora um mês pra passar.
De quebra tem lua cheia no clipe. Duas paixões em um mesmo post - heheheh

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Quero sempre ser idiota

Dias atrás eu estava lendo posts de blogs, atividade de quem tem uns minutinhos para ficar de boa na internet. Essa atividade me coloca frente às mais diversas formas de pensar, de escrever, de silenciar, de dizer de outras formas o já dito, etc. e tal.

Num dos blogs estava um escrito/artigo de Arnaldo Jabor, no qual ele discorre sobre as maravilhas de ser um idiota. Sim, idiota no sentido de uma pessoa de bem com a vida, que dá valor para as coisas simples e não se deixa levar pelo monstro sistema capitalista

Então esbocei um comentário. E aí está ele:

Seria tão bom se a idiotice substituísse permanentemente a ganância pelas cifras (R$); se o sorriso espontâneo se sobressaísse ao sorriso forçado da arrogância; se pessoas fossem simplesmente o que são, mortais; se as armas do julgamento se transformassem em corações abertos à compreensão; se o "se" não fosse tão somente "se" e se as pessoas lutassem para este "se" não ficar apenas na utopia...



Paz e luz aos retos de conduta.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Será que Freud explica?

Esse é o título da obra do porto-alegrense Heino Willy Kude.
Nela, o autor nos diz que o ser humano, mesmo dividindo espaço com milhares de semelhantes ao seu redor, está programado para viver em grupos de, aproximadamente, 50 pessoas.
É um livro um tanto quanto provocante, instigador. Ao menos foi assim na minha leitura.
Kude aborda, também, o tema de mensagens telepáticas. Segundo ele, algumas de nossas atitudes ou coisas e casos a que somos submetidos podem ter um 'nada a ver' conosco, pois pode ter ocorrido de termos recebido alguma mensagem telepática que era endereçada, se assim podemos dizer, a outra pessoa. Daí me surge uma reflexão: isso seria semelhante (ou idêntico, sei lá!) ao que Freud atribui ao inconsciente, tal como os atos falhos, os equívocos, as ações que não sabemos justificar sua fonte?
Falta-me um pouco de estudo, de revisitar o livro e de conhecer um pouco mais sobre Freud e sobre psicanálise... mas fica a dica de leitura e a provocação para tanto.

Já que minha representação de mundo não condiz ao que ele de fato é, não posso descartar hipóteses e representações que não encontram acolhida em minha maneira de ser. Creio que é o mínimo que posso fazer. E estou inclinado que isso se assemelha ao que a sociedade dos homens denomina de humildade.
Abraço do piádalourdes
;)

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Dia da Consciência Negra. Atenção à letra!

Aí uma música que fala por si só, dispensando comentários. 
Até teríamos muuuuuito a discorrer sobre ela, mas, antes de nos precipitarmos com juízos pré-concebidos, façamos uma lavagem cerebral.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Educação: ou repensamos ou padeceremos

Bem, nas minhas idas e vindas tenho refletido muito sobre a educação. Tenho percebido que o que deveria ser a base da formação de cidadãos está muito aquém das expectativas. Algumas coisas soam bonitas somente no papel, mas sucumbem tão logo surge alguma tentativa de transpor os limites da burocarcia (que muitas vezes não passa de burrocracia). O discurso hipócrita da maioria dos governantes até que consegue manipular algumas camadas da sociedade, que, diga-se de passagem, sofre com a desinformação e com a distorção de informações; mas, acreditem, o sucateamento da educação está bem à nossa porta... e isso vai nos custar muito caro num futuro próximo.
Indignação! Talvez este seja o estado que me encontro quase que permanente quando meus devaneios vão em direção desta temática.

E a situação calamitosa não se dá só aqui no Brasil. Em muitos países está havendo uma certa transferência de responsabilidades, sendo que os pais atribuem à escola o papel que deveria ser deles próprio. Podemos chamar este fenômeno de terceirização dos filhos. Os resultados já são visíveis, tais como baixo rendimento escolar, indisciplina, agressões a colegas, professores e funcionários, descaso com o patrimônio público e uma gama de atitudes que refletem na nossa sociedade.

O psiquiatra Carlos Hecktheuer publicou um artigo sobre a gravação da secretária eletrônica de uma escola da Califórnia. Tal serve como provocação à reflexão sobre o compromisso conjunto entre Estado/escola/  pais no processo educativo. Quando o telefone da escola era chamado, a secretária eletrônica discorria a seguinte mensagem:
"Olá! Para que possamos ajudá-lo, por favor, ouça todas as opções.
Para mentir sobre o motivo das faltas do seu filho - tecle 1;
Para dar uma desculpa por seu filho não ter feito o trabalho de casa - tecle 2;
Para se quixar sobre o que nós fazemos - tecle 3;
Para insultar os professores - tecle 4;
Para saber por que não foi informado sobre o que consta no boletim do seu filho, ou em diversos documentos que lhe enviamos -tecle 5;
Se quiser que criemos seu filho - tecle 6;
Se quiser agarrar, esbofetear ou agradir alguém - tecle 7;
Para agredir um professor novo pela terceira vez - tecle 8;
Para se queixar do transporte escolar - tecle 9;
Para se queixar da alimentação fornecida pela escola - tecle 0;
Mas se você já compreendeu que este mundo é um mundo real e que seu filho deve ser responsabilizado pelo próprio comportamento, pelo seu trabalho na aula, pelas tarefas de casa, e que a culpa da falta de esforço do seu filho não é culpa do professor, desligue e tenha um bom dia!"
E o artigo é encerrado dizendo que o resultado desse descaso com os filhos e com a educação em geral está em todas as partes, com monstrinhos que se tornarão monstrengos e vai saber o que mais... E, como diz o autor do artigo, sem limites não funciona.

Vamos repensar e vamos agir... com urgência.  

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Dez minutos chocantes

Há pouco eu estava aproveitando um dos momentos de folga que tenho. Nada de estudar, nada de trabalhar, nada de namorar; eu estava andando de bicileta. Depois do cansaço ter tomado conta do corpo, resolvi passar na sorveteria para refrescar o organismo.

Enquanto fazia lá minha mistura de sabores, fiquei prestando atenção ao que a televisão noticiava. Foram aproximadamente dez minutos de pavor. Aí as notícias que pude acompanhar:

> 1- Uma mulher que havia sido submetida à uma cirurgia de lipoaspiração morreu por ter ocorrido falha do médico, que, segundo relato polocial, não era cirurgião, mas clínico geral;
> 2- Uma jovem que fizera implantes de silicone sofre com deformação nos seios por seu organismo ter rejeitado as próteses e por ter sido infectada com microorganismos na clínica onde a cirurgia foi realizada;
> 3- Uma adolescente, menor de idade, fez stip-tease para os colegas dentro da sala de aula. Um colega filmou tudo e o filme está rodando o mundo através da internet;
> 4- Uma senhora de 64 anos foi presa pela terceira vez por tráfico de drogas. Na casa dela foram apreendidas dezenas de pedras de crack, maconha e dinheiro.

Putz! Seria cômico se não fosse nossa dura e crua realidade.

Mas, adiante... É hora do banho.

E a noite está apenas começando.

Paz e discernimento para todos.

Abraço. 

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Cada um no seu quadrado? (Inversão, Recíproca, etc. e tal...)

Tem uma música (que na minha opinião é pobrinha de letra, diga-se de passagem) que virou febre há alguns mesmes atrás. O jargão ado-aado, cada um no seu quadrado ficou conhecida por tocar aqui e ali. Subentendido está que no seu quadrado cada um é livre para fazer o que bem entender. Até que concordo com isso. Porém, queiramos ou não, estamos submetidos ao convívio social, ao contato com o próximo e, então, não podemos fazer o que der na telha, pois o quadrado do outro tem que ser respeitado.
Outra ponderação acerca do que é cantado no hit é que se nos fecharmos cada um em nosso quadrado, nossas vivências ficarão enjauladas e nossa visão de mundo restrita ao que há neste encarceramento. Absorver o que é relevante do quadrado do outro, desde que respeitando este outro e tendo cuidado para que isso não entre em conflitos com o que há no nosso quadrado, me parece ser uma ótima sacada; ora, deve haver algo além e aquém do nosso quadrado, não?
Mas não nos preocupemos muito com o que estou escrevendo. Não é errado viver cada um no seu quadrado, como também não há poblema em querer fazer junções entre quadrados para melhor trilhar os caminhos da nossa jornada. Cada um que o faça ao seu jeito, respeitando suas singularidades e tomando cuidado com as representações do outro.
Ah, não nos esqueçamos que as receitas prontas só servem para a culinária... e às vezes os sabores das comidas saem bem diferentes.

Psicanalistas, divirtam-se

Eu estava vendo o teto do meu quarto. Até este momento estava acordado.
Logo depois fui tomado pela escuridão.
Repentinamente estava com um garrafa na mão. Agora, já delirando em meus sonhos.
Arremecei a garrafa que eu segurava o mais alto que pude. Então a escuridão cedeu lugar a um caleidoscópio de cores, com muito verde, muito marrom e um infinidade de matizes mais fortes ou mais fracas de outras cores que nem sei se tem nome.
Demorei alguns instantes para perceber que eu havia sido levado para dentro da garrafa. O que eu via não dava para distinguir. Se você se esforçar em imaginar-se dentro de uma garrafa em movimento caindo de muito alto e girando, vendo tudo através daquele mínimo buraquinho, talvez se aproxime ao que estava se passando em minha viagem.
Antes mesmo da garrafa tocar chão e seus estilhaços proporcionarem um efeito surreal, fui despertado pelo trim-trim-trim do telefone residencial.
Passados alguns dias, me flagrei que não lembro quem era ao telefone e nem o que queria comigo. Eu queria continuar sonhando... E acho que depois que acordei percebi que as coisas são muito previsíveis...
Passados mais alguns dias, não sei quando estou acordado, nem quando estou dormindo. Isso me faz lembrar de Descartes, o filósofo francês, que nos apontava que não há nada que diferencie o sono da vigília.
Bem, só para justificar o título da postagem: Psicanalistas, divirtam-se.
Abraço.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Drogas? Nem pensar!

Os noticiários vêm registrando, de uns meses para cá, uma epidemia de drogas pelo Brasil afora. A veiculação na mídia passou a ser mais intensa, porém, este problema assola nosso país há tempos.
Na semana passada li uma entrevista de um pai que perdeu seu próprio filho para o vício das drogas. O jovem usuário começara desde cedo com o vício. Da cerveja para o primeiro cigarro de maconha não levou muito tempo. Intervalo semelhante se deu entre a maconha e o primeiro contato com a cocaína. A curiosidade e as alterações químicas provocadas pela dependência fizeram o jovem experimentar outras substâncias, como LSD, ecstasy e uma variação enorme de entorpecentes. Isso desestruturou a família toda. Mesmo com todos os esforços para manter o jovem longe da dependência e das drogas, as pessoas próximas viram suas tentativas sucumbirem, serem derrotadas pelo poder do vício. No auge das alucinações o jovem assasinou a namorada, uma das pessoas que mais lutava para vê-lo afastado dos tóxicos.
No depoimento, o pai, desolado, lamentava o fato de o filho receber a atenção devida somente após um fato lastimável como foi a tragédia. Ora, isso é um problema social, de cunho da saúde, de cunho da segurança e de outros segmentos públicos que deveriam ser tratados pelo Estado. Entretanto, quais as medidas que estão sendo tomadas? Falo das que realmente visam encarar e trabalhar o, no e com o problema, não as que servem meramente para fazer mídia eleitoral, divulgar interesse de campanha política (midiática e hipócrita).
Temos que estar atentos para este problema, afinal, o envolvimento com o vício não escolhe cor da pele nem classe social para tornar a vida do usuário e de toda sua família e seus amigos um caos, um inferno.
A dica que especialistas dão é que não se experimente substâncias entorpecentes, pois a maioria das drogas têm um poder altamente viciante, passando desde o primeiro contato a comandar a vida de quem faz uso e de quem o rodeia.
Eu não sou especialista, mas o que posso deixar enquanto mesnagem é que se tenha um círculo de amigos que não tenham contato com drogas, lícitas ou ilícitas - tanto faz. Além disso, mantenha um diálogo com seus pais; eles até podem parecer 'quadrados', 'ultrapassados', 'velhos' e tudo o que algum dia você pensou ou disse, mas tudo o que eles querem é ver seus filhos com saúde e bem. E, claro, aproveite seu tempo livre para praticar esportes, para ler bons livros, para contemplar o que desperta teu interesse, para fazer o bem para si próprio e para o próximo...
Não use drogas!
Explore o lado bom da vida... mas cuidado com o excesso de Coca-Cola!
Abraço.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Sol e lua

Sol brilhante.
Fecho as janelas da minha casa para escurecer os ambientes.
Me deprimo com meus dilemas, com minhas angústias, com minhas mazelas.
Lua radiante.
Abro as janelas da minha alma para alimentar-me da luz.
Regozijo-me por minhas escolhas, por minhas alegrias, por minha vida.
Durante o dia, escuridão.
Durante a noite, luz.
Alguém desregulou meu relógio biológico? Ou é o relógio de parede que está de cabeça para baixo?
Será que é algo estranho tomar banho de lua? E se proteger do sol, é?
Que foda, sempre me enfio em encrencas!
Agora lá fora o sol brilha, mas será que é dia?
Putz...
Vou andar de bicicleta.
Talvez pedalando eu ordene um pouco deste caos...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Possibilidades...

Tem gente fica de saco cheio de se sentir vazio.
Tem aqueles que têm o corpo quente, mas sentem frio.
Não menos possível é a existência das pessoas que vivem um grande amor e, ainda assim, sentem-se solitárias, vazias...
Se tratando de possibilidades, elas são infinitas e muitas formas de ser que nos soam como estranhas ou inconcebíveis existem enquanto representação de alguma criatura deste vasto mundão de riquíssima fauna humana.
Eu diria que, ao invés de viver cada um no seu quadrado, misturar as diferenças, as qualidades e somar às possibilidades nos revela algo de muito interessante.

Abraço.

sábado, 24 de outubro de 2009

Tem como não lembrar?

Há 5 anos ocorreu uma mudança radical na minha vida.
Foi em 24 de outubro de 2004 que o mundo ficou mais pesado sobre meus ombros. Meu maior amigo partiu da vida terrena. É uma dor que não cicatriza, que machuca meu íntimo.
Sinto muita saudade sua, pai; só continuo na luta por sua companheira, que é minha maior aliada, e por uma pessoa especial que não teve a oportunidade de te conhecer (sei que é inútil eu dizer/escrever isso, mas quando o faço me dá a sensação de estar remetendo o que escrevo para alguém que está longe e que mandará respostas em breve).
Descanse em paz.
E que tua luz e teus ensinamentos continuem me iluminando e me guiando pelos caminhos do bem.

.otsuguA notrevE

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Patrulha do Riso



Galera!


Está em desenvolvimento o projeto "O lúdico como recurso terapêutico por meio do palhaço/clown visitante". Com o apoio da Direção da Unoesc Chapecó, os acadêmicos de Psicologia estão tendo aulas de clown com a Professora Michelle Silveira da Silva (Bacharel em Direção e Interpretação Teatral) e acompanhamento psicológico sob orientação da Professora Jaqueline Elisa Maldaner (Mestre em Psicologia e Coordenadora do Curso na Unoesc Chapecó). O grupo Patrulha do Riso vem trabalhando forte e realizando intervenções em escolas, hospitais e outros espaços, buscando ressignificar situações e promover a saúde e a qualidade de vida.

Nas intervenções em hospitais são entregues pequenas lembranças às crianças, adultos e idosos que estão temporariamente internados. Se você deseja contribuir com o projeto e com o grupo fazendo doação de brinquedos, pode fazer diretamente na recepção da Unoesc Chapecó, na Rua Nereu Ramos, 3777 D, Bairro Seminário, Chapecó/SC, ou procurar a Coordenação do Curso de Psicologia, no mesmo endereço, Bloco B.


Ah, a imagem acima é do grupo Patrulha do Riso em intervenção no campus da Unoesc Chapecó (sem o retardado aqui que não estava neste dia).


Contribua com essa palhaçada. Certamente é melhor poder estar à disposição para ajudar...


Abraço a todos.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Dezesseis (do que é capaz um coração partido)

A data me fez lembrar da música da Legião Urbana que leva o nome de Dezesseis.
A canção fala de Johnny, aquele do opala azul, que era rei dos pegas automotivos; que tinha intimidade com o violão e conquistava as meninas; que curtia Janis Joplin, Led Zeppelin, Beatles e Rolling Stones; etc. e tal.
Aparentemtne, Johnny era um cara feliz. Ele era 'foda' e podia 'se achar' por ser do jeito que era e por fazer o que fazia.
Mas reza a música que chegou um tempo em que Johnny andava diferente, estranho. Foi então que marcou um pega em Sobradinho, na curva do diabo... e esse foi seu último pega. Sua vida foi interrompida numa curva fatal, na qual ele chocou seu opala contra um caminhão, causando uma explosão que estraçalhou seu carro e seu próprio corpo. Os boatos dizem que não foi nenhum desses elementos o que causou a morte de Johnny, pois ele era fera demais pra vacilar desta maneira; espalharam por aí que tudo aconteceu por causa de seu coração partido. E ele só tinha dezesseis anos.
Confesso que não sei se a história é real ou fictícia, mas ela serve para ilustar do que é capaz um coração partido. Só Johnny (e talvez nem mesmo ele) para saber o que se passava em seu coração, suas angústias, suas mágoas, suas tristezas, suas alegrias, suas paixões, seus anseios, seus amores, suas buscas... E assim é com cada um de nós. Cada ser possui mistérios profundos em seu íntimo.
Johnny decidiu enfrentar o problema dando fim à própria vida. Esta foi a maneira que ele encontrou para solucionar algo que provavelmente o incomodava. E você, como funciona quando algo não se sucede como gostaria que fosse, quando seu coração está partido?
Paz e luz para todos.
Abraço.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Parabéns Professor!


Houve um tempo em que a figura do Professor era tida como parâmetro de conduta, sinônimo de respeito, dignidade, educação, conhecimento entre outros atributos.


O tempo passou...


As famílias e outras instituições sociais não têm mais a mesma configuração e isso, queira ou não, acaba refletindo no ambiente escolar e influenciando no processo de ensino/aprendizagem.


O Professor não é mais soberano em sala de aula e grande parte da comunidade não lhe confere o reconhecimento por seu árduo trabalho diário.


O tempo continuará passando...


Muitos e muitos serão os novos desafios, que somados aos já existentes até podem trazer um sentimento de impotência frente ao que está posto. Porém, não desanimes, Professor! Continue com seu indispensável trabalho e lute para dar um revés neste 'quase caos'. Se as fichas forem entregues por alguns, você ainda deve continuar o jogo... com gana, com esforço, com vontade, com dedicação, com carinho, com amor.


Parabéns a todos os Professores pelo seu dia.


Um forte abraço de incentivo para que a área educaional seja mais que uma profissão, seja um estilo de vida.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Eternamente criança


12 de outubro, Dia das Crianças.

Ah!, como é bom ser criança. Correr, gritar, girar até ficar tonto, subir em árvores, andar de bicicleta, fazer casinha na areia, jogar vídeo-game, perguntar insistentemente 'o que é isso?' e 'para que serve isso?', brincar no barro, tomar banho de chuva, andar de carrinho de rolamento, tomar banho de mangueira, fazer guerra de bechigas d´água, jogar futebol no meio da rua, andar só de cueca em casa e fora dela, comer doces e salgados a qualquer hora do dia ou da noite, rir quando não pode, chorar, ficar de birra, chutar o que tem pela frente pensando que assim é que se consegue algo, brincar de esconde-esconde, de pega-pega, de cola, de surdo-mudo, de estátua e de tantas outras infinitas formas e coisas...

Nada se iguala ao prazer de ser criança.

Mas o que, afinal, aponta para o que é ser criança? Quando acaba a fase da criancisse? Conheço pessoas com mais de 60 anos que são mais brincalhonas que algumas de 10 ou 12; conheço pessoas com mais de 30 que possuem uma inocência angelical que poucas de 10 ou 12 possuem; também conheço crianças de 10 ou 12 que carregam consigo o fardo de responsabilidades que muitas pessoas de 40 não tem; e assim por diante. Há de tudo por este mundão sem fronteiras.

Então, esqueçamos a tal de idade e parabenizemos a todos que ainda possuem um pouco de criança dentro de si. Cuidemos para que este pedacinho não se embruteça, para que possamos encarar muitos desafios com o olhar e a inocência de uma criança. Talvez assim, o que hoje encaramos como problema amanhã surja como motivo de gargalhada.


Feliz Dia das Crianças!


Abraço.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Corpo?

Para algumas pessoas o corpo é o cartão de visitas; para outras ele nada mais é do que um fardo que se tem que carregar.

Alguns cuidam do corpo; outros o descuidam propositalmente.

Alguns se orgulham dele; outros se envergonham por habitá-lo.

Às vezes ele é instrumento para expressar algo; às vezes não.

Essas e tantas outras variações na forma com que o corpo pode ser concebido são encontradas aqui, ali e acolá.

Quem significa a corporeidade é a própria pessoa. Nesta perspectiva, quem sou eu para dizer como deve ser o relacionamento com o corpo?

Se a pessoa quer malhar duas horas por dia, que malhe.

Se preferir dar atenção à outra coisa que não o corpo, que o faça.

Se quiser tatuar o corpo, que tatue.

Se optar por se bronzear, que se bronzeie...

Desde que o que for feito não traga meles para si própria e para os que estão envolvidos nisso, 'bola pra frente'.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Grana tem, o que falta é transparência

Há algum tempo atrás, logo que o Brasil foi anunciado como sede da Copa do Mundo de futebol do ano de 2014, eu escrevi um artigo com algumas observações acerca de tal feito. Lembro-me de ter apontado, na ocasião, a hipótese da roubalheira de dinheiro dos cofres públicos. Sim, roubalheira, pois o que se vê ultimamente é uma ganância desenfreada por cifras que qualquer coisa passa a ser vista como objeto de lucro ilícito (ou falcatrua, se preferir um termo mais popular). Vejamos, então, como vai ser com investimentos milionários em infra-estrutura, etc. e tal.
Pois bem, semana passada fomos 'contemplados' como o país sede das Olimpíadas de 2016, que acontecerão no Rio de Janeiro. Internacionalmente o Brasil está nas primeiras páginas dos jornais (como se diz: na vitrine). E eu novamente com a mesma inquietação, ou seja, me perguntando como será o critério utilizado para saber quem lucrará mais com isso.
Sei que temos o outro lado da moeda para considerar, afinal, tudo o que for construído e melhorado para que seja possível a realização de tais eventos ficará como nosso patrimônio e poderá ser utilizado por muitas outras próximas gerações.

O que me dói é o fato de ver algumas comunidades sem as mínimas condições de vida, sem moradia, ou sem saneamento básico, ou desempregadas, ou passando fome, ou tudo isso junto e mais um pouco ainda...
Para isso não tem verba. Também não tem verba para melhor remunerar os policiais que estão todo dia na zona de risco; para melhorar as condições da saúde pública também não tem verba, tanto que a CPMF volta e meia ronda as discussões dos engravatados de gabinete; os investimentos com a educação são míseros, apesar da imensa e enganosa propaganda midiática (e o salário dos professores, então, nem vamos comentar); e tantos outros segmentos da nossa sociedade brasileira que estão, no mínimo, sucateados.
Mas para aumentar o salário dos deputados e dos senadores qualquer hora é hora e não falta dinheiro; para gastos com cartões corporativos e diárias forjadas e com valores exorbitantes nunca dinheiro é problema; mensalão, mensalinho, dinheiro na cueca, caixa 2, contas em bancos estrangeiros, mansões e até mesmo festinhas com sexo pago parecem nunca ter existido na história do nosso país, mas existiram, existem e não será por falta de dinheiro que cessarão.
Pasmem! O que falta é um pouco de vergonha na cara, de caráter, de hombridade e de respeito para com a sociedade. Afinal, grana o Brasil tem (os impostos que são arrecadados denunciam isso); a aplicação dela é que uma farra.

Puto da vida e indignado.

Abraço aos retos de conduta.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Renato, Cazuza, Everton, morte...

Às vezes me pego pensando em algo que não nos ensinam: a morte. Isso mesmo! Eu costumo pensar nesse decréscimo de vida. Ora, queira ou não, a cada segundo que passa temos menos tempo de vida. É como uma torneira aberta. No início, logo que aberta, ela jorra água com força, mas, mais cedo ou mais tarde, os pingos ficam fraquejantes, escassos até que não caia mais nem uma gota sequer.

Não aprendemos a lidar com isso na escola, nas rodas de amigos, nos grupos de estudos e me parece que em nenhum outro lugar. Só que, de repente, ela chega sem pedir licença e "boom"! Lá se foi um amigo, uma pessoa querida, um familiar, uma pessoa próxima, etc. e tal.

O duro nisso tudo é que ninguém jamais retornou do quer que seja a morte para dizer o que ela é ou o que ela não é (exceto o caso da literatura cristã e algumas outras historinhas que se encontram espalhadas por aí).

Nesses meus momentos de reflexão, uma música fica vagando pela minha cabeça. Olha só os trechos que deixo aqui:

"É tão estranho, os bons morrem jovens; assim parece ser quando me lembro de você, que acabou indo embora cedo demais".

Mais adiante:

"É tão estranho, os bons morrem antes; me lembro de você e de tanta gente que se foi cedo demais...".

Renato Russo compôs essa canção que ficou eternizada com a Legião Urbana.

Por sinal não sou o primeiro e nem serei o último a pensar na morte, a refletir sobre ela e a sofrer com o vazio que ela deixa nas pessoas que continuam sua trajetória terrena.

E farei isso até que meus dias findem, até que eu saiba o que é essa minha companheira desconhecida. Como, quando, onde e porque será eu jamais saberei, mas eu vou morrer um dia. Até esse dia não chegar eu continuo com minha saga cantando como Cazuza:

"Vida, louca vida, vida breve; já que eu não posso te levar quero que você me leve".

Abraço a todos.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Uffa! Acordei.

Algo havia me arremessado.
A queda era de um lugar alto demais.
A velocidade que eu caia era muito grande e, mesmo assim, eu não tocava o chão.
Eu não sentia nada.
Eu não enxergava.
Eu não ouvia.
E continuava caindo, caindo, caindo...
Até que meu despertador tocou.
Sim, o despertador!
Eu estava sonhando. O sonho foi interrompido com o barulho do despertador.
Assustado, olhei pela janela e percebi que o dia estava ensolarado.
Eu me toquei para ver se de fato havia sido um sonho.
Me toquei novamente para ter certeza de que acabara de acordar.
Sim, eu havia sonhado e acabara de acordar.
Levantei tropeçando em meus calçados espalhados pelo quarto antes de olhar-me no espelho e ver minha cara amassada.
Dei uns tapas em meu rosto.
Uffa! Acordei.
Sonhei que era uma meleca de nariz, um 'tatu' amassado e jogado cama abaixo.
Nunca imaginei que o caminho entre a cama e o chão fosse tão enorme. Tampouco pensei que tal trajeto pudesse trazer uma sensação tão maluca quanto a que tive enquanto eu é que caia, enquanto eu não sentia nada, enquanto eu não enxergava, enquanto eu não ouvia, enquanto eu era o 'tatu'.
Uffa! Acordei.
Vou ter sempre comigo lenços ao lado da cama.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Ensaio Sobre a Cegueira I

Costumamos, na maioria das vezes, dar primazia aos sentidos e aos prazeres que deles decorrem. Mas quantos de nós já fizeram algum exercício hipotético no qual nos falta um deles? E como seria a nossa vida se, subitamente, fôssemos tomados, por exemplo, por uma cegueira?

No livro de José Saramago intitulado Ensaio Sobre a Cegueira, o escritor português descreve uma situação que envolve o leitor do início ao fim, na qual um surto de cegueira assola uma cidade inteira. Não vou aqui contar tudo o que se passa na história, senão perde a graça. O bom mesmo é visitar as páginas do livro. Mas para quem não gosta muito de ler, tem o filme da obra, que leva o mesmo nome. Mesmo não contemplando todos os elementos que há no livro, o filme é uma boa dica.

Nos próximos dias postarei mais uma reflexão sobre esse tema. A partir da leitura da obra ou do filme, farei observações acerca da única mulher que podia ver (droga!, contei mais um detalhe)...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Memória ou digital?

Grandes feitos merecem ser registrados. E cada pessoa registra da forma que lhe é relevante.

Há quem prefira curtir o momento e nem dá importância em registrar. Inversamente também ocorre, ou seja, muitos não contemplam o momento e só se preocupam em clicar fotos e mais fotos do que quer que seja (ou vídeos, claro). A era digital nos mostra cada vez mais adeptos desta última hipótese. A impressão que tenho é que para tais pessoas mais vale os outros saberem que se fez algo ou que se foi a algum lugar. Daí vão fotos e vídeos para blogs, sites de relacionamento, etc. e tal.

Na minha concepção, o registro mais significante é aquele que fica na memória, não da câmera digital, mas da pessoa.

Sei que é bacana compartilhar com os demais os bons momentos vividos, mas minha maior alegria é rememorar o que vivi e poder regozijar-me com isso.

Não estou querendo sobrepor uma maneira de ser à outra. Apenas estou elucidando que, para mim, na maioria das vezes, o que é determinante é o registro na memória. Se para você o que importa são as fotos e demais registros que podem ficar para a posteridade, aproveite os recusros digitais e compartilhe com quem você bem entender.



Abraço.

sábado, 5 de setembro de 2009

Canibalismo? Neste caso, a favor!

Sábado...
Depois de uma manhã de atividades a tarde estava convidativa para ver um filme.

O escolhido da vez foi "Vivos", produzido em 1993. Trata-se de um drama que relata a história verídica da queda do avião que trasportava um grupo de jogadores uruguaios de rugby, no ano de 1972, em pleno inverno andino.

Na queda, alguns tripulantes tiveram suas vidas interrompidas. Entre os sobreviventes, vários estavam feridos gravemente. Sem perspectiva de serem resgatadas, enfrentando o frio e a escasses de água e de comida, as pessoas viam-se a cada hora mais desesperadas. Com o passar dos dias, muitas delas padeceram. Restaram 16 sobreviventes ao final da história, que somou 10 semanas de sofrimento.

A reflexão que mais me instigou foi o fato de só haver sobreviventes graças aos atos de canibalismo. Aham, isso mesmo! Logo após a queda, alguns mantimentos deram sustância às pessoas. Porém, a comida logo acabou. Por volta do nono dia, a solução encontrada pelo grupo foi comer carne dos semelhantes mortos na queda. A princípio alguns se recusaram alegando questões religiosas, culturais, étnicas... Mas a fome era tanta que todos acabaram se rendendo a esta hipótese.
Neste caso, a necessidade foi maior do que qualquer outro aspecto considerado pelas pessoas envoltas àquela situação. Cito um trecho de uma música do Gabriel, O Pensador, que ilustra bem isso, na qual o músico nos fala que "a necessidade é maior que a moral".

Pois bem, submetido às mesmas circunstâncias em que encontravam-se aquelas pessoas, qual a atitude que você tomaria? O que você estabeleceria como critério para decidir se comeria ou não a carne das pessoas mortas no acidente? E mais, independente de ter comido ou não, como você ficaria após a sucessão de tais eventos?

Cada qual com suas considerações, afirmações, incertezas, dúvidas...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Offer - Alanis Morissette

Viva! Ao seu estilo, da sua forma.
Aprenda a dar valor às pequenas coisas. Elas podem fazer uma enorme diferença em sua vida.
Contemple as belezas da natureza. Ela não cobra nada em troco de se deixar apreciar.
Quando cair, se refaça e levante-se.
Muita paz e muita luz para todos.
Abraço.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Ouça, por favor*

"Quando peço para você me ouvir e você começa a me dar conselhos, não está fazendo o que eu pedi.
Quando peço para você me ouvir e você começa a me dizer por que eu não deveria me sentir assim, está ferindo os meus sentimentos.
Quando peço para você me ouvir e você acha que precisa fazer alguma coisa para resolver o meu problema, você não me ajudou, por mais estranho que pareça.
Não fale nem faça – apenas ouça.
Conselhos são baratos. Com pouco dinheiro, você compra uma revista, um jornal ou um livro cheios de conselhos. E isso eu posso fazer por conta própria. Não sou incapaz.
Talvez me desanime e hesite com freqüência, mas não sou incapaz.
Quando você faz por mim alguma coisa que eu posso e preciso fazer por conta própria, você contribui para o meu medo e para a minha insegurança.
Mas, quando você aceita como um fato natural que eu sinta o que sinto, por mais irracional que seja, aí eu não preciso me preocupar em convencer você e posso tentar entender o que está por trás desse sentimento irracional.
E, quando isso estiver claro, as respostas serão óbvias e não precisarei de conselhos.
Sentimentos irracionais fazem sentido quando entendemos o que está por trás deles.
Talvez seja por isso que rezar funciona às vezes para algumas pessoas – porque Deus é mudo e não dá conselhos, nem tenta consertar as coisas.
Deus apenas ouve e deixa você descobrir as coisas por conta própria.
Então, por favor, ouça, apenas ouça.
E, se quiser falar, espere um pouco a sua vez – e eu ouvirei você".

*Texto literal, extraído do livro ‘Histórias para Aquecer o Coração dos Adolescentes’, lançado em 2005 pela Editora Sextante. Os organizadores do livro são Jack Canfield, Mark Victor Hansen e Kimberly Kirberger. O texto não possui autoria conhecida e consta no livro como ‘Autor Desconhecido’.

Bacana, né!?
Ouvir, estar aberto ao que a outra pessoa diz com sua linguagem falada. Porém, escutar é algo mais profundo, que vai além do nosso aparelho auditivo. Para escutar precisamos nos despir de tudo o que temos como verdade (o máximo que podemos, pois totalmente é impossível). A escuta é uma arte e por meio dela captamos os gestos, as expressões, a respiração, os suspiros, as falas, os silêncios, as lágrimas, os sorrisos...
Exercitemos nosso ouvir para podermos aprimorar nossa escuta: eis um desafio para demonstrarmos afetividade pelo outro, eis uma lição de amor.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Buscas

Frequentemente as pessoas traçam metas para si próprias. Algumas querem seguir determinada profissão; outras preferem o caminho dos estudos; há quem almeje constituir família; e, também (mesmo que isso seja pouco frequente e notado), existe quem vive sem fazer plano algum para sua vida. A estes projetos, planos, metas, sonhos, denominamos Buscas, que, grosso modo, são os caminhos existenciais que a pessoa pretende concretizar ao longo de sua vida.
Algumas buscas podem sofrer força coercitiva de vários fatores, tais como as emoções, o raciocínio, os valores, as paixões dominantes, as abstrações, entre tantos outros que poderíamos aqui enumerar. Ademais, a acomodação de uma busca na malha intelectiva da pessoa pode não ser tranquila, tornando sua efetivação impossível em alguns casos, justamente devido a estas relações com outros aspectos.
Uma reflexão breve pode nos indicar se as buscas, os projetos de vida que temos, são mesmo nossas ou foram influenciadas pela família, pela fé, ou por outro fator. Isso pode ser útil para analisarmos os chavões, os ditos populares que trazem regras prontas de convívio. Como exemplo, trago um muito aplicado em livros de auto-ajuda, que diz “nunca desista de seus sonhos”. Em alguns casos, este impulso, esta excitação de não desistir pode ser o que permite que a pessoa siga seu caminho em paz e sinta-se bem com isso. Porém, para outras ocasiões isso pode ser justamente o que deixa a pessoa mal, pois a máxima pode entrar em conflito com algo que não condiz com o contexto todo a que a busca está submetida.
Além das possibilidades citadas acima, pode ocorrer que a pessoa sinta-se realizada somente enquanto busca algo, passando a desprezar ou atribuir valor diferente àquilo que conseguiu, com muito empenho, conquistar. Como exemplo, você pode pegar aquele seu amigo que estava super bem enquanto buscava conquistar a pessoa amada, mas que, tão logo conseguiu conquistar o que almejava, entristeceu, ou mudou, ou percebeu que a relação não era como ele havia planejado. Creio que há alguém assim entre seu círculo de amizades.
Como estamos abordando o assunto da perspectiva da Filosofia Clínica, ficou explícito que as maneiras de cada pessoa de existir no mundo em relação às buscas, como em todo o resto, alongam-se ao infinito. Os modelos pré-estabelecidos e os padrões de comportamento têm pouca ou nenhuma relevância no processo da clínica filosófica, pois o que se toma como ponto de partida é a representação da pessoa que está buscando a terapia. Assim, o filósofo clínico saberá, através da historicidade de quem procura seus serviços e dos mecanismos inerentes à prática terapêutica, quais são as buscas que a pessoa tem, de onde elas se originaram, as possibilidades de efetivá-las, como fazer isso e tudo mais.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Por detrás de nossas ações (Ajudar ou não? Como fazer isso?)

A seguir, texto que escrevi há algum tempo - o título é o mesmo da postagem. Pode parecer falta de criatividade postar minhas antigas produções, mas, pelo contrário, quero compartilhar com quem não teve acesso.

Alguma vez você tentou ajudar alguma pessoa e tal lhe pareceu faltar com educação para retribuir teu esforço, ou se negou a receber sua ajuda? Se a resposta é positiva esta leitura lhe será mais familiar, se negativa aproveite essas linhas como conselhos para não se decepcionar caso isso venha a lhe acontecer futuramente.
Bem, há pessoas que querem abraçar o mundo e apresentar decisões para os problemas de quem quer que seja. Aí surge um detalhe que deve ser levado em conta: as decisões apresentadas por uma pessoa para os problemas de um semelhante são vistas, em muitos casos, à partir da representação de mundo da primeira, sendo que tal não sabe, de fato, o que está se passando com quem tanto anseia ajudar. Por isso, há algo que em Filosofia Clínica se chama Recíproca de Inversão, ou seja, um movimento intelectivo de ir ao mundo da outra pessoa, que auxilia na percepção de tudo o que está envolto na situação, além de contextualizar os dados atuais de acordo com a história da pessoa que se quer ajudar. Assim, pode-se chegar à conclusão de que nem sempre o que parece ser a solução seja, de fato, a solução para aquilo que aflige a outra pessoa.
Não há nada de errado em admitir algumas incapacidades do ser humano frente a algumas situações. Queira ou não, cada pessoa tem limitações que não a possibilitam realizar algo no decorrer desta jornada terrena. Às vezes essa tentativa aleatória de ajudar, calcada em pré-juízos e desconsiderando a história da pessoa, pode levar a problemas ainda maiores. Em algumas situações a ajuda consistirá em não tentar ajudar, pois nesta ânsia de fazer algo por alguém pode-se estar fazendo justamente o que irá ferir ainda mais a alma da pessoa. Isso porque o que sai de nós enquanto expressividade (aquilo que expressamos) nem sempre recebe o mesmo significado por parte da pessoa que está em interseção conosco. Além disso, sem a historicidade da pessoa sabe-se pouquíssimo acerca daquela criatura a quem se está disposto a auxiliar e, assim, corremos o risco de afrontar seu modo de ser se algo sair equivocadamente.
Então, dito isto, surge que cada pessoa possui suas formas de resolver seus problemas e algumas pessoas não toleram que alguém outro apresente possibilidades para uma resolução. Além do mais, é muita pretensão querer que as formas de resolução dos problemas dos outros sejam iguais ou semelhantes às nossas. Claro que há um grande sinal de humanidade em tentar auxiliar alguém, porém quem o faz deve ter ciência e pureza de espírito para saber o que fazer, quando fazer, a forma de fazer e isso se torna mais coerente com a historicidade da pessoa a quem se está prestando tal auxílio. Cada situação exigirá algo que pode ser um abraço, um sorriso, algumas palavras, uma caminhada no bosque, uma música, entre tantas outras coisas. Para tanto, vale lembrar que se deve considerar a maneira de ser do outro, sua representação de mundo e sua história, para que não haja afrontamentos e feridas ainda maiores.
Lidar com gente pressupõe, no mínimo, isso, essa cautela, esse cuidado. Ora, máquinas podem ser quebradas, consertadas; pedras podem ser chutadas, batidas; mas trabalhar com o ser humano é algo muito mais complexo que julgamos ser. Ajudar, sim, mas com paz de espírito para que a situação não perpetue a dor de nosso semelhante. Os resultados às vezes demoram, outras vezes nem vem, outras vezes ocorre algo que não imaginávamos... Saber disso é indispensável. Aprender com isso é sinal de sabedoria.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Eu entendo...

A seguir um artigo que escrevi e encontrei em meus arquivos.

Cada pessoa possui uma representação do mundo em que vive e uma forma única de vivenciar o que se lhe apresenta. Isso já observava o filósofo alemão Schopenhauer (1778-1860). Em decorrência disso resulta que cada pessoa possui uma forma de ser no mundo, sendo que tal é infinitamente única, singular, inigualável. É este um dos princípios que estruturam a Filosofia Clínica. Nesta abordagem terapêutica, sintetizada pelo filósofo gaúcho Lúcio Packter, a pessoa é vista de acordo com a estruturação que ela possui e a terapia se estabelece a partir daí. Portanto, desaparecem os rótulos, os estereótipos, os pré-julgamentos, as patologias. Ao invés disso, o que será levado em conta é a forma como a pessoa representa as coisas em seu mundo existencial. Desta forma trabalha-se do indivíduo à terapia, não de teorias prontas ao indivíduo.
Lições como estas, quando levadas à cabo no dia-a-dia, auxiliam no entendimento de várias situações com as quais nos deparamos. Se tivermos em mente que cada pessoa possui uma forma única de ser e que esta forma encontra motivos em alguns fatores que condigam à representação de mundo dela, provavelmente passaremos da atitude do julgamento para uma outra mais humilde e mais humanitária, a saber, da compreensão.
Vou dar um exemplo do que pode acontecer em clínica e algumas implicações. Um homem procura o terapeuta dizendo que quer melhorar sua auto-estima, que quer gostar mais de si mesmo para poder gostar dos outros (um dos milhares de jargões filosóficos atuais). Bem, o costumeiro é trabalhar para restituir a auto-estima da pessoa, afinal é isso que a trouxe à terapia. Pois veja só o que pode acontecer se isso for feito aleatoriamente, sem considerar a estrutura da pessoa e desprezando sua historicidade e os contextos aos quais esta queixa está submetida: ela passa a gostar mais de si mesma, só que seu casamento, a relação com os filhos e com os colegas de trabalho viram um caos, pois agora o tal homem do exemplo pensa ser o centro das atenções. Ele deixou de trocar carícias com a esposa; ele não tem mais tempo para brincar com as crianças; ele não conversa mais com o pessoal da empresa; isso e muito mais porque está muito ocupado com sua auto-estima.
Viram o que ocorreu? Aparentemente conseguimos auxiliar a pessoa que veio ao consultório. Aparentemente, pois o que resultou disso é mais prejudicial ao tal homem do que ele continuar sendo uma pessoa sem auto-estima. Aliás, o que tem de mais em ser alguém que não tem a mínima auto-estima? Em Filosofia Clínica isso não é certo, não é errado, não é feio, não é bonito, não é antiético, não é patologia. É, acima de tudo, a forma da pessoa ser no mundo.
Por questões semelhantes, na clínica filosófica a queixa inicial do partilhante não é, necessariamente, o que será trabalhado com ele, pois esta queixa pode ser apenas algo sintomático, vindo de alguma outra monta e sem ser determinante em sua malha intelectiva. Além disso, precisamos saber um mínimo da história da pessoa para sabermos, por aproximação, a forma que ela se comporta no mundo, sua forma de ser. Fazemos isso para não incorrer em equívocos e para saber o que e como trabalhar com a pessoa de forma producente para ela.
Ter conosco estas considerações gerais pode ser muito útil para vermos algumas coisas por uma ótica diferente, na qual o entendimento e a compreensão do mundo do outro e das circunstâncias envolvidas em determinada situação surge como mais relevante que o juízo antecipado, que o preconceito, que a discriminação, que as tipologias.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Imparcialidade ou imparidade?

Consultando meu dicionário observo o seguinte:
Imparcialidade = neutralidade; justiça.
Imparidade = desigualdade.
São duas palavras bem próximas no dicionário, na mesma página, porém, com significados opostos.
Bem, na noite que passou assisti um jogo na tv. O time para o qual eu torcia perdeu por 2x1. Até aí, tudo bem, pois num jogo de futebol são somente três as possibilidades: ou o time pelo qual estou torcendo ganha, ou empata, ou perde. A compreensão disso auxilia a gostar de futebol sem aquela doença por um time. Claro que tenho minhas inclinações pelo Colorado, Internacional, também conhecido como Campeão de Tudo, mas quando ele perde, como na noite que passou, não fico chutando tudo o que vejo pela frente e xingando quem se atrever a falar comigo (confesso que já fui assim, mas agora seguro só para mim, fico na minha, mesmo não gostando nada de perder e ficando um pouco irritado).
Mas tem uma coisa que me deixa mais puto da vida do que ver o time que torço ser derrotado: a forma que os narradores e comentaristas do centro do país se dirigem aos times gaúchos e do Sul do Brasil em geral. Quem nunca ouviu na hora do gol do Inter ou do Grêmio um narrador soltar um grito de gol bem mixuruca, desanimado? Mas quando o adversário balança as redes das equipes do Sul eles abrem e peito e soltam a voz num goooooooooool que chega a dar eco no retorno da tv. E os critérios para comentar as faltas, então? Um jogador da equipe do Sul esbarra no adversário e lá vem o comentarista dizendo que houve agrassão, que a falta foi desleal, que houve uso excessivo de força, que é para cartão amarelo, ou vermelho e bla, bla, bla. Aí quando o adversário dá um carrinho sem bola em alguém aqui da parte de baixo do mapa brasileiro, chegando com os dois pés levantados e propositadamente, o comentarista alega que houve simulação e tal e coisa e coisa e tal. Além disso tem impedimentos inventados quando os times do Sul atacam, ou então impedimentos não vistos quando tais equipes se defendem, e por aí vai. E o pior é que não é só uma emissora que faz isso, tem vários canais que é sempre a mesma coisa.
Ora, cadê a imparcialidade que tanto se diz que os profissionais devem ter? Sei, da mesma forma que tenho inclinação pelo Inter, os caras da tv podem ter por algum time, ou por times de determinada região. Mas escancarar isso em rede nacional é dose de aguentar.
Mídia bairrista que vá para o quinto dos infernos!
E mais, imparcialidade o caralho! O que se vê é o justo-oposto: imparidade, desigualdade, puxação de saco...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Sim, as contradições fazem parte da dialética da vida.

Aham, eu percebi o equívoco.
Digamos que foi proposital.
Mas se foi proposital deixa de ser equívoco, não?
Um blog com nome 'Eu Na Madruga' ter sua primeira postagem durante uma tarde ensolarada é dose, né!?
Deixa pra lá! Pense o que quiser.
Criei este blog para externalizar algumas coisas que trago comigo e compartilhar algumas idéias com quem passar por aqui fazer uma visita.
Nele haverá um pouco de tudo (e, também, de nada), dependendo da minha disponibilidade e estado de espírito no momento em que sentar minha bunda para ouvir o 'tlec-tlec' das teclas e descarregar algo sobre o computador. Afinal, ele aceita tudo, não é?
Bem, boas vindas para mim! Boas vindas aos visitantes também.
Aproveitem ao máximo a passagem pelo 'Na madruga'. Se é que se aproveita algo do que deixo escrito aqui.
Abraço.